Claret Contigo

Claret Contigo – 25 de setembro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

25 de setembro de 2020

“Verificou-se o que havia predito tantas vezes, há algum tempo atrás o que está acontecendo na Espanha. Eu me ofereci como vítima e o Senhor se dignou aceitar minha oferta, pois sobre mim vieram toda espécie de calúnias, infâmias, perseguições, etc. Não tinha outra coisa que o testemunho da minha boa consciência; e assim sempre fiquei tranquilo e em silêncio; não pensava senão em Jesus” (Carta à V. M. Antônia Paris, 21 de julho de 1869, em EC II, p. 1410).

SOFRER COM ESTILO

“Um filho de Deus é frequentemente chamado a sofrer porque não há nada que possa convencer melhor que o sofrimento em força da verdade da religião a quem o vê, quando a dor se suporta com integridade cristã”, disse F.B. Meyer.

Todos nós sabemos que o Padre Claret é o santo mais caluniado que existiu. Ficamos admirados ao ver o silêncio com que suportou todas as calúnias. O sofrimento havia sido um aspecto constante em sua vida e assim aprendeu a manejá-lo com proveito. A fibra de um homem se prova com o modo como enfrenta as adversidades e desafios. Claret sofreu solidão naqueles momentos hostis, somente com a companhia de sua boa consciência. Com Jesus na capela do seu coração e na silenciosa presença enfrentava a perseguição. Ele nos ensina que a integridade da pessoa está radicada na consciência limpa diante de Deus.

A fé cristã e o martírio são quase inseparáveis. O seguidor de Jesus deve carregar a cruz de cada dia (cf. Lc 9,23). Apesar dos sucessos tecnológicos, hoje sabemos que o mundo está sofrendo mais. Especialmente os pobres e os marginalizados padecem carências e são explorados nas mãos dos poderosos. Jesus deu o rosto com valentia por nós na cruz e nos conseguiu a vitória sobre todo sofrimento. Por isso, quando um cristão sofre, participa do sofrimento martirial de Jesus e com Ele sai vitorioso. A alegria cristã é dor convertida em gozo (cf. Jo 16,20).

Claret se ofereceu a Deus como vítima no altar do sofrimento, unindo-se a Cristo paciente. Quando nós suportamos o sofrimento, resistimos valentemente ao mal que o causa e o enfraquecemos e quando o fazemos unidos a Jesus no profundo do nosso coração, se transforma em dor salvadora.

Qual é sua atitude diante do sofrimento? A geração presente, buscadora de conforto a todo custo, se derrete diante do sofrimento. Você e eu, felizes discípulos de Cristo, com nossa paciência, daremos a volta por cima e encontraremos o rosto do Crucificado.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 24 de setembro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

24 de setembro de 2020

“No dia 24 de setembro (…), o Senhor me fez entender aquilo que diz o Apocalipse (10, 1): Vi também outro anjo valoroso baixando do céu, revestido de uma nuvem …); ele tinha em sua mão um livro aberto e colocou seu pé direito sobre o mar e o esquerdo sobre a terra (primeiro em sua diocese na Ilha de Cuba e depois nas demais dioceses). E deu um grande grito, à maneira de um leão quando ruge. E depois de ter gritado, sete trovões articularam suas vozes. Aqui vêm os filhos da Congregação do Imaculado Coração de Maria…” (Aut 686).

ENTENDER A PALAVRA

Há fatos impactantes que gravamos até os detalhes. Claret relembra a data, pois naquele dia entendeu umas palavras misteriosas que o rondavam, uma visão do Apocalipse que lhe vinha tirando o sono. Entender a Palavra é um dos passos para que a Bíblia chegue a ser Palavra de Vida. Claret não se conforma com ler a Escritura, já o faz e muito, desde pequeno. Dá voltas, rumina, como Maria, até que se ‘encarna’ também nele.

E foi o Senhor quem o fez entender a passagem do Apocalipse. Não deixa de viver a graça de ser discípulo: está na escuta; e o Senhor, como aos discípulos de Emaús, lhe abre os olhos do coração para que entenda as Escrituras. Mas, o que o Senhor lhe quer dizer? Claret compreende que o Senhor lhe fala e o compromete; o envia ao mundo inteiro. Na visão do Anjo vê e entende a Congregação de Missionários que fundou. Ele e ela devem ser mensageiros de Deus, Anjos, que devem armar-se de valentia e de agilidade.

Tem em suas mãos um livro aberto: a Palavra que ilumina a história para que seja transformada no Reino de Deus. Os pés do mensageiro apontam o espírito universal que devem ter quantos participem do carisma de Claret: abranger mar e terra; o lugar onde se está e o impulso missionário de ir por todo o mundo.

Os Filhos do Imaculado Coração de Maria são: missionários, itinerantes, disponíveis, com sentido de universalidade. E sua palavra deve ressoar com a força do rugido do leão e de sete trovões. Faz-se ouvir, não passa inadvertida a palavra; inquieta e desperta a quem a ouvem. Quantos participam da espiritualidade claretiana são servidores da Palavra, que, como a chuva, fecunda a terra, dá fruto, transforma, revitaliza. Claret alimenta seu ser missionário escutando a Palavra. Entendê-la é deixar-se modelar por ela, colocar-se no querer de Deus.

Como leio eu a Palavra? Posso dizer que o Senhor me faz entendê-la? Em que chaves interpreto a Palavra? Chega a fazer-se vida em mim?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 23 de setembro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

23 de setembro de 2020

“Jesus Cristo foi colocado em um sepulcro novo de pedra. E nos ensinou como gostaria de ser colocado em nosso coração por meio da comunhão, coração que deve ser novo pela confissão, de pedra pela constância e com aromas de virtudes” (Relógio da paixão, em EE p. 200).

APOSENTO PARA JESUS

O Senhor nos deixou um sacramento expressamente para que experimentemos seu perdão. É um meio de conversão e reconciliação com Deus e com os demais. É também uma preparação para a correta celebração da Eucaristia. Ao receber a comunhão, nosso interior se converte em morada de Jesus (cf. Jo 6,58). Sua presença divina merece grande cuidado para oferecermos a Ele um aposento limpo e bem decorado.

A Eucaristia, que culmina com a recepção do pão consagrado, começa com um “ato penitencial”, que prepara para a escuta da Palavra, a consagração e a comunhão sacramental: somos indignos, pobres, mas o Senhor quer fazer de nós sua casa. Se sentirmos a presença viva de Jesus na Eucaristia, reconheceremos a dignificação de todo o nosso ser por sua presença e também a necessidade de que esta morada que se digna habitar seja o menos indigna possível (cf Mt 5,8). Isto exige de nós procurarmos sempre a limpeza de coração. Já São Paulo se lamentava que alguns celebravam a Eucaristia de uma maneira indigna (cf. 1Cor 11, 27-29). Talvez precisemos, sobretudo, evitar a rotina, frivolidade ou frieza.

Por mais que Jesus frequentasse a companhia de “impuros” e pecadores, o interior de quem se encontrava com Ele ficava transformada; em nosso caso também deveria ser assim. Quando acolhemos em casa uma pessoa que nos é muito querida ou importante, nós nos preocupamos em ter o nosso ambiente limpo e bem arrumado, para que a estadia entre nós fique agradável. Pois é, Jesus supera todas estas pessoas amigas ou importantes; tudo o que fizermos para oferecer-Lhe uma morada acolhedora nos parecerá pouco.

Com que frequência e com que atitude vivo eu minhas Eucaristias? São sempre compenetradas, sérias, ou se apodera delas o costume, o hábito? Tenho capacidade de silêncio, recolhimento ou sou impedido pelos hábitos de ruído e distração?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 22 de setembro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

22 de setembro de 2020

“Antes de comer direi: Senhor, como para ter forças e servir-vos melhor. Antes de deitar: Senhor, durmo para restaurar as forças gastas e servir-vos melhor; faço-o porque Vós assim haveis ordenado. Se estudo, eu o faço para mais conhecer-vos, amar-vos e servir-vos e para mais servir e ajudar meu próximo” (Propósitos do ano 1861; em AEC p. 696).

TUDO DEVE TER SENTIDO

Em Claret tudo tem a forma do missionário. Pouco a pouco Deus o vai configurando e tudo na sua vida adquire sentido para a missão. Hoje nos lembra o sentido de três tarefas diárias muito simples, que, justamente por isso, podemos relegar ao âmbito da inconsciência. Recordo aqui um companheiro que me precedeu na fé e na missão. Seu lema era: “Fazer o bem e fazê-lo bem”. Sem dúvida não faltam pessoas e instituições que fazem o bem e o fazem bem. Mas nunca é demais uma chamada para dignificar quanto temos nas mãos.

Com Claret lhe sugiro hoje parar e perguntar a você mesmo qual é o objetivo pelo qual faz as atividades cotidianas, até as mais insignificantes.

* Pare um pouco antes de comer. Que sentido dou eu ao alimento? Comer, me dirá, é uma necessidade básica, para não adoecer, para continuar vivendo. Claret, no entanto, sugere algo mais; até o comer tem para ele um sentido missionário: poder servir mais e melhor.

* E o descanso? Durante o dia nos cansamos. É preciso repor as forças, relaxar nossos nervos. Mas Claret aponta mais alto: as forças são refeitas para responder melhor à missão, para fortalecer nosso serviço apostólico. É muito mais que um momento prazeroso. Ore brevemente antes de entregar-se ao sono e dê nobreza ao seu descanso.

*Claret nos relembra também o sentido do estudo ou de qualquer outro serviço do dia. O que fazer para que o estudo e o trabalho não acabem sendo uma pesada carga ou o façamos rotineiramente? Você me dirá que o faz como realização, para obter um título ou um salário. Claret também o convida a olhar mais para cima: estudar para conhecer, amar e servir melhor a Deus e ao próximo. Trabalhar para aliviar o serviço de outros. Antes de colocar-se a estudar ou trabalhar faça um breve silêncio e recupere o melhor sentido destas ocupações.

Abençoai, Senhor, este dia. E fazei que, quer comamos, quer trabalhemos ou descansemos, o façamos em vosso nome e possamos servir-vos melhor nos demais.

Tradução: Pe. Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 21 de setembro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

21 de setembro de 2020

“O cachorro é mais fiel que um filho, mais obediente que um criado e mais dócil que uma criança. Olha a cara do seu dono para saber o que ele quer, a fim de cumprir sua vontade sem esperar uma ordem, e o faz com prontidão e alegria. Eu devo praticar todas estas belas propriedades no serviço de Deus” (Aut 671).

A LEALDADE DO AMOR

O cão representa a vida cotidiana, o que temos em casa ou muito perto dela. É um animal de companhia de pobres e de ricos. Alguns desses chegaram à aberração de construir mausoléu para seu cão ou de deixar a herança, insensíveis ao mesmo tempo à miséria e ao sofrimento de tantos seres humanos.

Para Claret o cão lhe é familiar, mas de outra maneira. Olhando seu comportamento, convida-nos a irmos mais além da nossa vida cristã. O que podemos aprender do cão? Claret é capaz de ver em sua atitude uma chamada a sermos mais leais em nossa vida de filhos de Deus. A fidelidade não está de moda. Hoje tudo é passageiro. Coloca-se data de validade até para o mais sagrado. Tentemos nós captar este dia como uma oportunidade para irmos mais além em lealdade, em fidelidade, para sermos melhores filhos de Deus.

No cão, Claret percebe uma chamada a sermos mais obedientes, mais discípulos. A obediência do discípulo começa pela escuta. Hoje custa encontrar quem escute de verdade e quem obedeça. Este dia é uma oportunidade para irmos mais além como discípulo na obediência.

Na conduta do cão Claret percebe uma chamada a sermos mais dóceis, a estarmos mais disponíveis para aprendermos. Jesus nos diz que devemos fazer-nos dóceis como uma criança para entrar no Reino. Custa encontrar quem esteja disposto a deixar seu critério para aprender mais e servir melhor; existe muita autossuficiência. Hoje temos a oportunidade de irmos mais além na docilidade.

Fixando-se no cão, Claret o convida a ter levantado o olhar para Deus para perceber sua Palavra, sua vontade, e, sem esperar amanhã, acolhê-la já com a maior prontidão e alegria.

Pratico eu, em minha vida cotidiana, a lealdade, a obediência e a docilidade? Estou pendente da Palavra de Deus para deixar que ela dê forma à minha vida? Aqui estou, Senhor, dai-me a graça de conhecer e fazer vossa vontade com prontidão e alegria.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 20 de setembro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

20 de setembro de 2020

“Quando eu era pequeno me deram umas contas de rosário, o que agradeci muitíssimo, como se recebesse o maior tesouro…” (Aut 44).

O LUXO DE PODER REZAR

Você já teve em suas mãos um terço? Entre as orações da Igreja esta prática piedosa, a do terço (Rosário), teve uma especial popularidade. Seu uso, frequente em épocas passadas, caiu, pelo menos em algumas latitudes, no esquecimento. O rosário, dizem, vem do latim rosarium, plantação de rosas. É uma prática tradicional católica que comemora vinte mistérios da vida de Jesus Cristo e de Nossa Senhora; recita-se, depois de cada ‘mistério’, um Pai nosso, dez Ave-Marias e um Glória ao pai. Também se chama ‘rosário’ (terço) a corrente de 50 contas, divididas em 5 dezenas, que serve para a prática do terço (rosário). Algo parecido se usa na Índia para recitar os mantras, e no Islamismo.

Com a palavra ‘mistério’ costumamos fazer alusão a algo que nos é difícil entender ou descobrir, isto é, que nos é estranho e inexplicável, talvez impossível de descrever, pelo seu conteúdo oculto. Realmente, toda pessoa, a vida e a missão de Jesus de Nazaré tem esta dimensão de ‘mistério, é mais que o que seus contemporâneos puderam perceber.

Não nos é fácil, olhando superficialmente, descobrir quem é no fundo Jesus de Nazaré. Nem quem é o Pai ou o que seja o Reino. O Rosário é um exercício de oração para penetrar alguns mistérios ou, se prefere, o mistério de Jesus de Nazaré, alguns episódios especialmente importantes da sua pessoa e da sua vida e conduzidos por Maria, a mãe de Jesus, podermos penetrar e contemplar com um olhar de quem acredita, e contemplar a beleza, a bondade e a verdade da pessoa de Jesus.

O cristão sabe que tem que colocar o olhar fixo em Jesus de Nazaré, contemplá-lo, olhando-O límpida e profundamente, desde a fé. Se o discípulo aprende olhando o mestre, também nós poderemos aprender muito contemplando Jesus de Nazaré.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 19 de setembro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

19 de setembro de 2020

“Eu tenho muito carinho pelos sacerdotes que se dedicam às missões que lhes daria meu sangue e minha vida, lhes lavaria e beijaria mil vezes os pés (…). Não sei o que faria por eles. Quando vejo que eles trabalham para que Deus seja mais e mais conhecido e amado e para que as lamas se salvem e não se condenem, eu não sei o que sinto. Agora mesmo que estou escrevendo tive que deixar a pena para acudir os olhos” (Carta ao Pe. José Xifré, 20 de agosto de 1861, em EC II, p. 352).

CARINHO PELOS MISSIONÁRIOS

Esta carta de Santo Antônio Maria Claret ao Padre José Xifré, Superior Geral da Congregação de Missionários por ele fundada, é um dos textos mais entranháveis para os Claretianos e que melhor mostram a ‘febre’ apostólica de Claret e sua afeição humana por seus missionários; a dimensão espiritual e humana, perfeitamente harmonizadas, formando uma única realidade, experiência e vida. Claret diz que escreve a carta com lágrimas nos olhos. Juntamente com a carta lhes escrevia um “papelzinho” que continha o que nós conhecemos como a ‘definição do missionário’, que reflete perfeitamente sua alma de apóstolo e desejava que cada missionário copiasse e levasse sempre consigo. Dito texto, com ligeiras variantes, o incluiu um ano mais tarde em sua Autobiografia (n. 494).

Aí aparece claramente sua personalidade interior e a força apaixonada do seu zelo apostólico. Dada sua importância, verdadeira síntese do seu espírito, vamos copiar o texto: “Eu digo a mim mesmo: Um filho do Imaculado Coração de Maria é um homem que arde em caridade e abrasa por onde passa; deseja eficazmente e procura por todos os meios inflamar o mundo inteiro no fogo do divino amor. Nada o detém; alegra-se nas privações; abraça os trabalhos; aceita os sacrifícios; compraz-se nas calúnias e goza nos tormentos. Não pensa senão em seguir e imitar Jesus Cristo em trabalhar, sofrer e em procurar sempre e unicamente a maior glória de Deus e a salvação das almas”.

Todo cristão, segundo as características da sua vocação e suas possibilidades, deve viver este mesmo espírito, que não é mais que a vivência em plenitude do próprio batismo e confirmação. Em certo modo é a definição do espírito do mesmo Jesus. Razão de sobra para que os Missionários Claretianos e quantos participem da sua espiritualidade e missão conservem esta riquíssima herança que o Padre Claret lhes deixou.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 18 de setembro

Todos os dias uma meditação sobre as Palavras do nosso Padre Fundador

18 de setembro de 2020

“Convém muito aproveitar a ocasião para fazer missões, já que o Senhor nos concede estas tréguas, que não sei se durarão muito; somente lhe direi que do estrangeiro se procuram pretextos para brigar; acontece o mesmo que na fábula do cordeiro e do lobo” (Carta ao Pe. José Xifré, 4 agosto de 1866, em EC II, p. 1036).

APROVEITAR O MOMENTO

O zelo apostólico de Claret o fazia aproveitar qualquer momento, por breve que fosse, para pregar, aconselhar, escrever…. É a “pressa” evangélica de quem se sente inflamado pelo amor a Deus e aos irmãos. Há quem encontre sempre desculpas para não comprometer-se ou para atrasar sua entrega. Já havia dito o filósofo grego Platão: “Não há nunca vento favorável para quem não quer navegar”.

Mas Claret é dos que querem navegar sempre, aproveitando a mais fraca brisa que possa mover a vela. Em agosto de 1857, quase recém-chegado a Madri, escrevia a um amigo: “eu vejo chegar uma grande e horrorosa tempestade, que chegará antes de um ano. Eu vou aproveitando todas as ocasiões; você já deve ter visto as disposições que publicadas, por insistência minha, contra a blasfêmia, impureza, etc.” (EC II, p. 1396).

Hoje nos encontramos às vezes com cristãos, leigos, religiosos ou sacerdotes, que desistem de seus compromissos apostólicos porque: “… Não vale a pena…, a sociedade está demasiadamente secularizada… Somos muito poucos. Faltam-nos vocações. Tenho que cuidar de minha saúde. Falta-me preparação. Não sei como responder… Enfim, não serve para nada, é tempo perdido…”. E, efetivamente, se perde o tempo precioso. Realmente, o que existe é falta de zelo apostólico, de paixão missionária…

Sou capaz de arriscar minha vida pelo bem de outros? Vivo-a como um dom que Deus me deu para os irmãos? Não será que me deixo levar pela preguiça, porque há outras coisas que me impedem dar tudo o que eu poderia dar?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 17 de setembro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

17 de setembro de 2020

“Como nestes dias me encontro tão perseguido, pensarei que tudo vem de Deus e que Ele quer de mim este sacrifício: que sofra por seu divino amor toda espécie de penas na honra, no corpo e na alma” (Propósitos de 1864; AEC p. 707).

AMOR NO SOFRIMENTO

Assim como a mensagem evangélica é incisiva e tem a capacidade de sacudir as consciências, até incomodar pessoas ou grupos que vivem satisfeitos no erro, é normal que gere oposição, inclusive, violenta. Por isso as perseguições não são nada de novo no cristianismo; vendo sua história temos a impressão de que são inevitáveis a quem procura viver o evangelho radicalmente, como autênticas testemunhas do mesmo. As perseguições podem revestir caráter de ataque físico, inclusive em forma de atentados (parece que contra o Padre Claret se conhecem uns quatorze); outras vezes revestem formas mais sutis: privação da fama, da paz… até dos direitos mais básicos, chegando a “fazer a vida impossível” a alguém.

A resposta cristã não é a mera resignação passiva, mas a valentia e integridade, na convicção de que com sofrimentos seguimos mais visivelmente as pegadas de Jesus e de que a não-violência é a única capaz de oferecer um modelo diferente, verdadeiramente construtivo e humanizante, acabando com a tendência à vingança. Às vezes o fruto positivo tarda em fazer-se palpável, pois cresce lentamente.

Infelizmente, tanto no mundo das religiões como na sociedade civil, a história tem fracassado neste aprendizado. O cristianismo, seguidor de um inocente perseguido e assassinado, está chamado a oferecer à humanidade esta alternativa. A forma mais nobre de superar o sofrimento é sem dúvida a da compaixão cristã e a misericórdia para com os que o infligem; a pessoa fica dignificada e pode acabar, como o perseguido Jesus, oferecendo ao Pai seu ser transformado. “Em tuas mãos entrego meu espírito” (Lc 23, 46), foi a última e talvez a mais bela oração pessoal de Jesus perseguido ao Pai acolhedor.

Você está ameaçado e desanimado por perseguições ou armadilhas que encontra em sua vida cotidiana? Saberá responder com compaixão e caridade?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 16 de setembro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

16 de setembro de 2020

“Diante da degradante embriaguez dos prazeres da carne e do sangue Jesus colocou o delicioso banquete da sua carne e do seu sangue no Santíssimo Sacramento, que nos eleva até o manancial da vida divina” (Carta Ascética… ao presidente de um dos coros da Academia de São Miguel. Barcelona, 1862, p.26).

NA CANTINA INTERIOR…

Quais são os ideais de grande parte da nossa sociedade: de homens e mulheres, e, sobretudo, de jovens? Costumamos contar três: saúde, dinheiro e prazer. O que está em voga é o egoísmo. Buscar não o bom, o verdadeiro ou o belo, mas o que imediatamente agrada aos sentidos, o que provoca o bem-estar físico, embora traga remorso e mal-estar. Infelizmente, há pessoas e grupos que saltam por cima de todo tipo de moral, natural e sobrenatural; gente que violenta, que mente para conseguir o que quer, que aproveita do fraco, que passa por cima dos outros para garantir a crista da onda.

Não é este o caminho da consciência cristã, nem o que realmente conduz à felicidade. A direção correta é precisamente a contrária. A trilogia do crente honesto é: saúde espiritual, pobreza evangélica, amor gratuito a Deus e ao irmãos.

Se em lugar da embriaguez do prazer irracional e passageiro você escolher o caminho da abnegação e da cruz, chegará, cheio de alegria, ao banquete da carne e do sangue de Jesus Eucaristia, “que nos leva até o manancial da vida divina”, como diz Claret.

Se você for um cristão convencido, praticante e fiel, talvez lhe falte ainda o complemento do ‘fervor’, da chama ou da brasa, que poderá fazê-lo arder em caridade e abrasar por onde passe. Procure este fogo divino, que o inflame no novo ardor, na comunhão frequente e no aconchego do Senhor da glória diante do sacrário, em uma comunhão íntima com Aquele que “veio trazer fogo sobre a terra” (Lc 12,49), Aquele que nos ama e se serve de seus amigos para continuar sua missão redentora e santificadora neste mundo.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf