Claret Contigo – Meditação Diária
Todos os dias uma meditação sobre o nosso Padre Fundador
31 de outubro de 2019
Em cada lugar onde pregava, até a metade da missão era muito perseguido e caluniado. Mas do meio em diante, todos se convertiam e passavam a me elogiar; e então começavam as perseguições por parte das autoridades, do governo e demais dirigentes.
Aut 457
LOUVADO E PERSEGUIDO
As palavras de Jesus sobre “o Reino de Deus que padece violência e os violentos o arrebatam” (Mt 11,12) são um tanto enigmáticas. Mas há algo discutível: as forças do mal estão presentes na história, há interesses opostos ao plano divino, que fazem a guerra ao que representa seu triunfo. O Apocalipse chama os mártires “aqueles que morreram por causa da Palavra de Deus e do testemunho que deram” (Ap 6,9). Claret teve que meditar muito estes textos, pois em sua vida missionária a perseguição esteve sempre presente. Seu nome chegou a ser sinal de infâmia, a ponto de um sobrinho seu, pequeno industrial, mudar de sobrenome para salvar o negócio.
Certamente a época de Claret foi politicamente muito instável. O texto sobre o qual refletimos se refere ao seu tempo de missionário pela Catalunha (1840-1850), sempre em guerra civil, às vezes ardente, às vezes latente; toda reunião era suspeita. O grande missionário foi sempre fiel ao compromisso, embora muitos o negaram, e inclusive hoje há quem não acredite: não meter-se nunca em política. Bancou o equilibrista para que em meio àquele povo dividido não se manifestasse nem carlista, nem liberal, em sua pregação, para não ofender a ninguém. Ninguém pode confundir seus sermões com comícios políticos.
O anúncio evangélico leva sempre consigo uma carga moral e, por isso mesmo, uma crítica social. Mas esta deve basear-se no mesmo Evangelho e não em opiniões politicas, todas discutíveis. Jesus não desqualificou, nem louvou o poder romano de ocupação, nem a luta dos zelotes pela independência da Palestina. O ideal evangélico é tão superior aos programas políticos que o cristão, ao votar em um partido, não faz senão “optar pelo menos ruim”.
Claret Contigo – Meditação Diária
Todos os dias uma meditação sobre o nosso Padre Fundador
30 de outubro de 2019
O mundo sempre tem procurado impedir-me e perseguir-me; mas Deus nosso Senhor tem cuidado de mim e destruiu todos os planos de iniquidade. Aut 477
PERSEGUIDO E PROTEGIDO
Claret escrevia estas linhas em 1862, quando ainda lhe restavam oito anos de vida e de sofrimento: atentados, tentativas de envenenamento, difamações em livros, revistas e pasquins; até em caixas de fósforo se publicavam caricaturas provocantes e versos satíricos. Talvez tenha sido o personagem mais perseguido da história da Igreja.
A pergunta que surge é: o que fazia Claret para suscitar tantas iras ao redor da sua pessoa? Não foi um personagem qualquer; entregou-se à pregação popular e reuniu multidões ao redor de si, o que, em tempo de guerra civil, era suspeitoso. Mais de uma vez sua pregação sobre a moral evangélica converteu algumas pessoas já comprometidas em liderar uma revolução, e com isto a mesma se frustrou. Em Cuba alguns sacerdotes de vida desordenada não puderam suportar sua exigência de fidelidade aos compromissos morais, espirituais e pastorais adquiridos; os fazendeiros e escravistas viram nele uma ameaça para seus negócios; e os governantes não toleraram que se colocasse acima das leis racistas no referente ao matrimônio.
O Papa Bento XVI, ao comentar as tentações de Jesus, fala de uma constante tentação do homem: “colocar ordem no nosso mundo sozinhos, sem Deus. Reconhecer como verdadeiras somente as realidades políticas e materiais e deixar a Deus de lado como algo ilusório” (p. 52 Jesus de Nazaré). Claret, arauto do Deus presente e atuante, denunciou o ateísmo prático incipiente em seu tempo, por isso foi rejeitado: o ‘mundo’ tinha que oferecer resistência a tal anúncio. Mas Jesus já afirmou profeticamente: “o príncipe deste mundo é lançado para fora” (Jo 12, 31). Claret colaborou com isto.
Claret Contigo – Meditação Diária
Todos os dias uma meditação sobre o nosso Padre Fundador
29 de outubro de 2019
Vendo que Deus nosso Senhor, sem nenhum mérito meu, mas unicamente por seu beneplácito, me chamava para fazer frente à torrente de corrupção e me escolhia para curar as enfermidades do corpo meio morto e corrompido da sociedade, pensei que devia dedicar-me a estudar e conhecer bem as enfermidades deste corpo social. Aut 357
CURAR AS ENFERMIDADES
Não há resposta sem uma pergunta bem feita. Não há medicina eficaz sem um correto diagnóstico da doença. Claret está consciente de que não pode evangelizar com acerto se não “estuda as enfermidades deste corpo social”; isto é, dito com outras palavras de hoje, se não se faz uma “análise da realidade”.
Talvez um dos grandes defeitos da evangelização de hoje seja pretender oferecer a boa notícia sem ter explorado a fundo as perguntas e necessidades que os homens e mulheres de hoje têm. A primeira pergunta que Jesus formula aos que querem segui-lo é muito simples: “O que procurais?” (Jo 1,38). E aos discípulos de Emaús que andam desorientados e aflitos, lhes pregunta: “Que conversais vós pelo caminho” (Lc 24,17). Jesus pode ser Caminho para os que se perguntam aonde querem ir. Jesus pode ser Verdade para quem, em meio às mentiras que nos rodeiam, procuram luz e orientação. Jesus pode ser Vida para quem toma consciência da cultura de morte que nos rodeia.
O bom evangelizador, seguindo o método de Claret, antes de propor precipitadamente o Evangelho, deverá perguntar-se: o que está acontecendo conosco? Por que muitos batizados no ocidente fogem da vida eclesial? Por que a espiritualidade está de moda, tanto nos países de tradição cristã, como nas longínquas China e Índia? Por que é tão alto o número de suicídios em alguns países desenvolvidos? Que significa o consumismo? De onde procede a atual crise econômica mundial? Como se gerou o abismo entre ricos e pobres? Como construir um mundo mais justo? Somente depois de conviver com estas perguntas e de partilhar com outras pessoas que procuram sentido para suas vidas, poderemos oferecer humildemente a luz que dimana de Jesus, o “contemporâneo de todo ser humano”.
Claret Contigo – Meditação Diária
Todos os dias uma meditação sobre nosso Padre Fundador
28 de outubro de 2019
O Amor a Deus não consiste unicamente em língua e palavras, mas também e principalmente, em obra e em verdade, isto é, em fazer e sofrer.
“Carta ao missionário Teófilo”, em Sermões de Missão. Barcelona 1858, vol. I, p. 8
A AUTENTICIDADE DO AMOR
No Novo Testamento se distinguem diversos tipos de amor: de amizade, de entrega, de paixão cega; sobretudo, se distingue o autêntico do não autêntico: “Filhinhos meus, amemos não só com palavras e com a boca, mas com obras e em verdade” (1Jo 3,18), e se estabelece uma equivalência prática entre o amor a Deus e ao irmão, ou melhor, se entende este como a demonstração daquele: “Se alguém diz que ama a Deus, mas maltrata a seu irmão, é um mentiroso” (1Jo 4,20). E o mesmo escrito ensina que este amor ao irmão deve fazer-se visível: “se alguém tendo bens na terra e vê a seu irmão em necessidade e lhe fecha seu coração, como vai estar nele o amor de Deus?” (1Jo 3,17).
Se o amor é por aquela pessoa de quem é vítima, é amor heroico, este é mais autêntico e não é frio, nem irracional ou incontrolável. Claret confessa mais de uma vez que o amor a Deus, seu pai, o inflama interiormente, mas é um fogo vivificador: o leva a trabalhar sem trégua para que o Pai seja amado, conhecido e servido. É amor que inflama seu coração e chega a organizar sua vida de acordo com este amor.
Ao imaginário missionário Teófilo Claret fala da própria experiência. A vida de Claret tem sido de trabalho sem trégua para que o povo conhecesse o Pai e vivesse segundo seu projeto e vontade. Mas esta difícil tarefa tem sido vista por alguns como um ataque aos próprios interesses, opostos aos do Reino de Deus. Daí a perseguição e o consequente sofrimento: “fazer e sofrer”. Quando Claret missionava pela Catalunha, foi considerado politicamente perigoso e às vezes teve que esconder-se ou fugir. Em Cuba o assunto foi mais longe: tentaram tirar-lhe a vida. Mas ele reagiu dizendo que a teria dado com gosto, porque a causa enchia seu coração.
Claret Contigo – Meditação Diária
Todos os dias uma meditação sobre nosso Padre Fundador
27 de outubro de 2019
Na oração se exercitam a humildade, a fé, a esperança, a caridade, a religião e outras virtudes.
Diálogos sobre a oração, em T. DE VILLACASTÍN, Manual de Exercícios Espirituais. Barcelona 1864; p. 13
DIGNIDADE DA ORAÇÃO
Claret fez várias reflexões sobe a oração, a modo de diálogo. Este texto pertence a uma reflexão que apareceu em 1864. É obra de um missionário maduro, a quem a vida e o Espírito foram curtindo, que aprendeu magistralmente a distinguir o principal do secundário, o substancial do conjuntural.
Não se trata de uma coisa qualquer. Esta capacidade de distinguir o que é realmente relevante do que tem muito menos importância é crucial. Adquiri-la abre a porta da paz e da felicidade. Quantos momentos de paz e bom humor perdemos por não dar a cada dimensão da vida o verdadeiro valor que tem! Quantas famílias e amizades se quebram por ninharias! Quantos caminhos de crescimento cristão se arruínam por algo que é secundário! Lembremo-nos da sabedoria do primeiro concílio: “o Espírito Santo e nós decidimos não colocar sobre nós mais cargas que as imprescindíveis” (At 15,28). Cada dia tem sua faina; cada realidade tem sua relevância.
E para Claret a hierarquia está muito clara. Poucas linhas adiante escreve ele, citando São Boaventura: “de nada se deve gostar tanto como estar e tratar com Deus, e é isto o que se faz na oração”. E uma oração, segundo suas palavras, à qual não estão convidados somente os clérigos, mas todos os fiéis, homens e mulheres. O diálogo é belo; na oração se cultiva tudo: a humildade, a fé, a esperança, a caridade. Aos batizados, escreve, está aberto o caminho do céu e a chave para entrar está na contínua oração.
Como entende você a oração? Que relevância tem em sua vida de cada dia? Cuida dos momentos em que você pode estar com Deus e falar de amizade com Ele?
Claret Contigo – Meditação Diária
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Todos os dias uma meditação sobre nosso Padre Fundador
26 de outubro de 2019
Outra camada da sociedade que me chamava a atenção era a dos clérigos. Se todos os que seguem a carreira eclesiástica fossem homens com verdadeira vocação, virtude e aplicação ao estudo, que bons sacerdotes seriam todos. Quantas almas se converteriam!
Aut 326
MEDIADORES EFICAZES
A preocupação de Claret pela formação dos sacerdotes o acompanhou ao longo de toda sua vida. Em seus anos de Vic conheceu um clero numeroso e, talvez por isso, com frequência ocioso ou entregue ao jogo e à caça. Em Canárias se encontrou com sacerdotes deficientemente formados e pouco entregues ao seu ministério. Em Cuba a deficiente formação intelectual ia às vezes acompanhada com a miséria econômica e degradação moral. E naturalmente percebeu o escândalo que este tipo de sacerdote causava às vezes no povo fiel.
Claret conhecia por experiência o impacto negativo que produz um sacerdote quando reduz sua vocação de pastor a uma mera profissão ou se deixa vencer pelo “carreirismo”. Mas ele, antes de abandonar-se a críticas ineficazes, concentra sua atenção no procurar uma boa seleção dos candidatos ao ministério e no assegurar sua formação. Em Santiago de Cuba revitalizou o estéril seminário existente e, durante seus anos de Madri, estabeleceu no Escorial um seminário modelo tanto no intelectual como no espiritual e pastoral. Para este seminário compôs a obra “O Colegial Instruído”, excelente manual educativo para os que se preparam ao sacerdócio. Nele, além de explicar as qualidades que se requerem, insiste naquilo que o bom sacerdote deve cultivar, caminhando com os dois pés: a virtude e a ciência. Ou dito com outras palavras: deve voar com as asas da oração e do estudo.
Claret estava muito consciente de que a virtude faz com que o sacerdote purifique suas motivações e viva os valores humanos e evangélicos próprios da vocação recebida: honradez, transparência, autocontrole, capacidade de entrega, oração, castidade, pobreza, obediência, etc. E a ciência prepara o pastor para este permanente diálogo entre a fé e a cultura, sem o qual não há evangelização possível.
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Fonte: Claret.org