Claret Contigo

Claret Contigo – 16 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

16 de agosto de 2020

“Jesus Cristo, diante das tenebrosas maquinações do maligno colocou o sol da fé católica, o Santíssimo Sacramento, que por excelência se chama mistério da fé, em que está real e verdadeiramente Jesus Cristo, luz verdadeira que ilumina todo homem de boa vontade para levantar-se mais alto que as vãs ideias do mundo e fazer progressos no conhecimento e no amor do supremo Bem” (Carta ascética… ao presidente de um dos coros da Academia de São Miguel. Barcelona. 1862, p. 26).

VERDADEIRA LUZ DO MUNDO

Cada manhã louvamos, bendizemos e agradecemos a Deus pelo sol que nos ilumina até o seu ocaso, na vida espiritual, nos diz Claret com palavras cheias de simplicidade e transparência, o sol que mais e melhor ilumina é a Eucaristia, onde Jesus está como “sol da fé católica”, como “luz verdadeira que ilumina todo homem de boa vontade” e nos conduz ao amor verdadeiro, que nunca morre; este é o pão vivo que nos vivifica e nos vai levando, lentamente, à plenitude da vida, à união íntima com Deus e com tudo o que gira ao redor d’Ele: a Igreja, a família, os irmãos próximos de longe e os mais pobres e necessitados.

Faça um esforço para encher-se deste pão que é fonte de vida temporal e eterna. A Eucaristia é gozo e paz, alegria e esperança, é comunhão com Deus e com os irmãos. Se este sol bate sobre seu coração, tudo será límpido e puro em sua vida cotidiana. Não temerá as trevas do pecado, da injustiça, do desespero.

Entenda bem estas palavras de São Paulo: “Se Deus está conosco, quem estará contra nós?” (Rm 8,31); “Quem nos separará do amor de Cristo? a tribulação, a injustiça, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada?” (Rm 8,35); “Estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas presentes ou futuras, nem as potestades, nem as alturas, nem a profundidade, nem outra criatura alguma poderá apartar-nos do amor de Deus em Cristo Jesus, Senhor nosso” (Rm 8,38-39).

Claret, em sua fé, seu indomável espírito apostólico e sua intrepidez diante do mal se faz imitador de Paulo de Tarso.

Tem você uma fé parecida com a deles?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 15 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

15 de agosto de 2020 (na festa da Assunção)

“Devemos amar Maria Santíssima porque Deus o quer. Amar é querer o bem para o amado, é fazer-lhe bem, é fazer-lhe participante de seus bens. Pois bem, o mesmo Deus nos dá exemplo e nos convida a amar Maria. O Eterno Pai a escolheu por Filha sua muito amada. O Filho a tomou como Mãe e o Espírito Santo por esposa. Toda a Santíssima Trindade a coroou como Rainha e Imperatriz do céu e da terra e a constituiu como dispensadora de todas as graças” (Carta a um devoto do Coração de Maria, em EC II, p. 1498).

AMOR A MARIA

A santidade consiste em discernir a vontade de Deus sobre minha vida e cumpri-la; Jesus Cristo é o primeiro da fila: Aqui estou para fazer vossa vontade! E todos os santos, sem exceção, firmes e dispostos. Claret se sentia engaiolado em Madri, mas aguentava porque sabia que era a vontade divina. A primeira pergunta que devo fazer-me é se rezo e peço para saber o que é que Deus quer da minha vida. Com certeza de encontrar assim a plenitude. Lembrando o poeta A. Machado: “Caminhante, já há caminho…”.

Às vezes não se vê o caminho. Mas, se quiser seguir a vontade do Pai, firma em branco e diga-lhe: “Aqui está o filho da vossa Escrava, como Ela vos digo com toda minha alma: Faça-se em mim, segundo vossa Palavra”.

E um segundo ponto no texto que comentamos é: ‘Entrego-me’. A Trindade Beatíssima demonstrou seu amor à jovem nazarena enchendo-a de sua graça, de privilégios e virtudes. Mas, eu, que posso fazer para demonstrar-lhe meu amor?

Vem à minha memória um texto de Frei Luís de León que deliciosamente descreve uma criança nos braços de sua mãe e, com suas mãozinhas, lhe acaricia o rosto. E comenta o poeta que é tão grande a alegria que produz a carícia que, creio eu, não só a criança paga tudo, mas a mãe ainda lhe fica devendo. Isto é o que quer Maria: que lhe demonstremos que confiamos plenamente em seu amor e em seu exemplo. Esta é a carícia que busca, como o fez com o humilde João Diego no Tepeyac, quando, angustiado por não poder chegar em tempo para assistir seu tio enfermo, dá uma volta para não encontrar-se com a bela Senhora. Mas Ela lhe sai ao encontro: não dê a volta ao monte, você não sabe que sou sua Mãe?

Termino esta reflexão com uma súplica: “Saí, ó minha Mãe, ao meu encontro quando tentar dar volta ao monte. Não me deixeis escapar do vosso olhar e amor, e fazei que acaricie vosso rosto com ternura de criança. Somente isso posso fazer em minha pequenez”.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 14 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

14 de agosto de 2020

“É coisa boa e louvável sofrer adversidades nesta vida, sejam elas quais forem, de maneira que não se manifeste exteriormente nenhuma agitação de ânimo, nem se aflija demasiadamente quem as sofre, nem se queixe aos outros de quem o faz sofrer, nem pretenda vingar-se do malfeitor. Mas é melhor padecer os males não só com mansidão exterior, mas também sem queixar-se nem murmurar do opressor, sem indignar-se nem perturbar-se interiormente. É, finalmente, melhor sofrer os males não só sem perturbação de ânimo, mas com alegria e com desejo de padecer mais, para poder assim oferecer em obséquio ao Senhor aquele sofrimento e para poder segui-lo mais de perto com a cruz” (O amante de Jesus Cristo. Barcelona, 1848, p.108).

GLORIAR-SE NA CRUZ DE CRISTO

A partir de 1859, estando Claret em Madri, desatou-se uma tempestade de perseguições contra ele. Pouco depois, Claret começou a orientar sua imitação de Cristo para o sofrimento, por amor e em união com Cristo, pelo que padeceu por ele: “tudo o que me provocar dor eu sofrerei por amor de Jesus, unindo-me ao que Ele sofreu por mim” (Propósitos de 1861, em AEC p. 695). Esta é a razão pela qual escreve na Definição do Missionário: “goza nas privações, compraz-se nas calúnias e se alegra nos tormentos” (Aut 494). São expressões que alguns não acabam de compreender, mas que têm como chave de explicação o processo de configuração com Cristo paciente que Claret estava vivendo, exatamente nesta etapa madrilena de confessor real. Poucos conhecem seu livrinho Consolo de uma alma caluniada (pode ser visto em EE. Pp. 219-236), onde se encontram também as chaves de leitura deste processo.

Escreve Claret na Autobiografia: “Contemplava Jesus Cristo e via quão longe estava ainda de sofrer o que Jesus Cristo sofreu por mim e assim me tranquilizava. Neste mesmo ano escrevi o livrinho Consolo de uma alma caluniada” (Aut 798). Trata-se de uma ficção literária na qual ele se vê refletido e na qual dedica dois capítulos às perseguições e calúnias que sofreu Jesus e às palavras consoladoras que deixou ditas.

Nós poderíamos também fazer este exercício de purificação. Ir lendo os passos em que o sofrimento é o protagonista da vida de Jesus e compará-los com os nossos. Aprender a sofrer é uma das tarefas pendentes do cristão. Claret escolheu a contemplação do sofrimento de Jesus. Nós poderíamos fazer o mesmo. Possivelmente muitos dos maus momentos da nossa vida os superaríamos e estes momentos poderiam converter-se em uma grande fonte de consolo.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 13 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

13 de agosto de 2020 – Mártires de Barbastro

“Demos graças a Deus: o Senhor e sua Santíssima Mãe já se dignaram aceitar as primícias dos mártires. Eu desejava muitíssimo ser o primeiro mártir da Congregação, mas não fui digno, outro me precedeu. Parabenizo o mártir e santo Crusats e felicito o Sr. Reixach pela sorte de ter sido ferido e também parabenizo todos os da Congregação” (Carta ao Pe. José Xifré, 7 de outubro de 1868, em EC II, pp. 1297-1298).

GLÓRIA DO MARTÍRIO

Disse o Senhor: “quem perder sua vida por mim, encontra-la-á” (Mt 10,39; 16,25). Todo discípulo de Cristo, portanto, tem que contar com a possibilidade do martírio e apreciá-lo muito. De fato, a comunidade de Jesus, desde seus inícios até hoje, viveu e vive a realidade do martírio em não poucos de seus membros. E se prevê que será assim no futuro. Basta pensar na quantidade de mártires que deram a vida por Cristo sob o nazismo e o comunismo no século passado e as dificuldades e inclusive o martírio, em nossos dias, por obra de regimes intolerantes ou bandos de perseguidores fanáticos integralistas.

Claret sonhava terminar seus dias derramando seu sangue por Cristo. Deus não lhe concedeu isto. No fim, morreu de enfermidade no exílio (que já é uma espécie de martírio); mas, ao longo da sua vida sofreu pelo menos uma dúzia de atentados e em um deles, que teve lugar na cidade de Holguín (Cuba), foi ferido gravemente e, portanto, derramou efusivamente seu sangue por Cristo; na Autobiografia descreve com detalhe a alegria que tal experiência lhe proporcionou. Por isso Claret teve santa inveja do Pe. Francisco Crusats, quem em 1868 morreu mártir em La Selva del Camp (Espanha).

Ao longo da história, a Congregação Claretiana tem tido centenas de mártires; na guerra civil espanhola (1936-1939) foi a instituição religiosa com maior número de mártires: 271; entre eles, os beatos mártires de Barbastro (51), cuja festa hoje celebramos. Antes, o beato Padre André Solá, no México (1927) e depois o Padre Rhoel Gallardo, nas Filipinas (2000), sem contar os que sofreram cárceres, torturas, exílios. Um grande estímulo que deve animar nossa fidelidade, a de todo o povo cristão.

“Portanto, também nós, tendo ao nosso redor uma nuvem tão grande de testemunhas, corramos com constância o trecho que nos é proposto, tendo fixos os olhos em Jesus, iniciador e consumador da fé” (Hb 12, 1-4; cf. 11).

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 12 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

12 de agosto de 2020

“Ao chegar ao golfo de Damas (em viagem para Cuba), eu comecei a missão sobre a nave. Todos assistiam e todos se confessaram e comungaram no dia da comunhão geral, tanto os viajantes como a tripulação, desde o capitão até o último marinheiro e ficamos sempre muito amigos, de modo que cada viagem que faziam, vinham nos visitar” (Aut 509).

OPORTUNA E INOPORTUNAMENTE

As circunstâncias que fazem surgir uma amizade são muito variadas. A consistência desta amizade variará também de acordo com a profundidade da relação que a fez nascer. Santo Antônio Maria Claret nos narra, neste texto, como nasceu uma amizade durante a viagem que, juntamente com um grupo de colaboradores, fez da Espanha para Cuba, para ser o arcebispo missionário de Santiago. Foi uma amizade que perdurou no tempo e é normal, pois, todos se confessaram, isto é, Claret, com sua proximidade e afabilidade, conseguiu que lhe abrissem seus corações; assim se criou uma sintonia, uma amizade que foi tudo, menos superficial ou meramente formal.

A missão que aconteceu a bordo daquela nave foi uma resposta às inquietações que levavam em seus corações os que faziam a mesma viagem; e para Claret lhe deu oportunidade para sua inquietação evangelizadora. Não havia outros interesses nem outros objetivos. Por isso, tocou o coração das pessoas e pode gerar uma relação que todos sentiram desejos de continuar. As visitas que os marinheiros, durante os anos sucessivos, fizeram ao Arcebispo de Cuba, quando faziam novas viagens à ilha nos comprovam.

O desejo de Claret de que seus companheiros de viagem encontrassem alguma resposta a suas perguntas e inquietudes o levou a partilhar com eles o melhor que ele mesmo tinha: sua experiência de fé, aquele tesouro que enchia de harmonia e serenidade sua própria vida.

Por que nos é difícil, muitas vezes, abrir nosso coração e partilhar com outros esta experiência de fé que enche de sentido e esperança nossa própria vida? Se soubermos escutar e partilhar com simplicidade e humildade, nascerão daí amizades que perdurarão e que serão verdadeiramente significativas para todos.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 11 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

11 de agosto de 2020 – Nomeação Episcopal de Santo Antônio Maria Claret

“… meu digníssimo prelado D. Luciano Casadevall me chamou à parte e me entregou a carta de Vossa Excelência e a nomeação do Sr. Ministro para o Arcebispado de Cuba. Não pode Vossa Excelência ter uma ideia da dor que partiu meu coração semelhante nomeação; por duas razões, a primeira porque não gosto de dignidades, nem tenho preparação para elas e a segunda porque me lança por terra todos os meus projetos apostólicos…” (Carta ao Núncio Apostólico, 12 de agosto de 1849; EC I, p. 304s).

SIMPLICIDADE EVANGÉLICA

O parágrafo é da carta dirigida por Claret ao Núncio depois de receber, no dia 11 de agosto de 1849, sua inesperada nomeação para Arcebispado de Santiago de Cuba. É um belo testemunho sobre três virtudes: simplicidade, manifestada na aversão a desempenhar cargos de importância ou luzir distinções e dignidades; humildade, ao reconhecer com simplicidade que não está capacitado para carregar tal responsabilidade; e disponibilidade missionária, pois, prefere trabalhar enviado por outros, inclusive a Cuba, por algum tempo e com companheiros.

Claret teme que tal nomeação frustre seus planos de missionário itinerante. Naqueles dias, como nestes, muitos sacerdotes ou responsáveis pela pastoral desejam ‘promoção’, a uma paróquia melhor, a uma posição mais brilhante, causando às vezes divisões em dioceses e paróquias, invejas, manipulações… Com quanta frequência, talvez mais em tempos passados, se procura o ‘benefício’ mais que o serviço ou ‘ofício’.

Quando um missionário ou agente de pastoral entende sua função como uma posição de poder, deixa de servir ao povo ao qual foi enviado e, portanto, também a Jesus que o envia. É preciso manter viva a consciência de ser servidor que oferece inteiramente sua vida como um sacrifício a favor do povo de Deus. Quem assim pensa mantém a atitude de servo humilde.

Hoje em dia somente quem serve os outros em espírito de amor, humildade e sacrifício são dignos de crédito; somente eles ganham o coração do povo e não quem se agarra a uma atividade com a possibilidade de exercer poder. A itinerância, que Claret prefere à estabilidade, é outro meio de atrair o povo: é a atitude de quem sai ao encontro do outro, com ele gasta seu tempo, o acolhe e o aceita. Bela transparência das atitudes de Jesus! Claret as faz hoje especialmente presentes no meio de nós.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 10 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

10 de agosto de 2020

“Com a roupa do meu uso pessoal levaram também a Bíblia que trazia comigo; eu pedi e me disseram: ‘bem’, mas a Bíblia nunca a vi até o momento em que tive que sair por causa da enfermidade, então me devolveram” (Aut 151).

UMA PROVA ÚNICA

Por que tiraram de Claret sua Bíblia no noviciado dos Jesuítas em Roma? Entrou no noviciado sendo já sacerdote e levava consigo sua Bíblia pessoal, de tamanho reduzido e letra pequena, que ele lia todos os dias. Mas os jovens noviços não tinham Bíblia pessoal. Seria notório o apreço de Claret pela sua Bíblia e o superior ou o formador lhe tiraram esta ‘singularidade’. Submetiam os noviços a provas de obediência, vida comum e desprendimento pessoal. E conta Claret que lhe doeu encontrar em sua cela ‘todos os livros de que precisava, menos a Bíblia’.

Esta privação da Bíblia deixou profunda marca em Claret, pois continua recordando o fato depois de 23 anos, quando redigia a Autobiografia. Talvez com isso Claret venha a ensinar algo mais que seu amor pela Palavra de Deus: o despojamento a que se submeteu enquanto procurava seu lugar na igreja. Certamente a ele aconteceu como a certos santos a quem, o mesmo Deus, de vez em quando, se ocultava, conduzindo-os pela secura do deserto a uma maior purificação interior.

Jesus de Nazaré não era escriba ou doutor da Lei, mas conhecia tão bem a Bíblia que até seus inimigos o reconheciam como Mestre. Na escola e no culto da sinagoga foi iniciado desde pequeno nas Escrituras. Diz o evangelho de Lucas que, cumpridos os doze anos, no templo de Jerusalém, deixou maravilhados os doutores por suas perguntas sobre temas religiosos (cf. Lc 2,46-47), e que, ao começar sua pregação na sinagoga de Nazaré, Jesus fez a leitura do profeta Isaías e assombrou os seus conhecidos com sua interpretação da passagem escolhida (cf. Lc 4,14-30).

Para nós, a pessoa e a causa de Jesus, Cristo e Senhor, é o coração de toda a Bíblia. Claret, em sua leitura da Bíblia, buscava apaixonadamente Jesus, os profetas que o anunciaram e os Apóstolos que o seguiram.

Que conhecimento temos nós da Bíblia e o que procuramos e encontramos nela?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 09 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

09 de agosto de 2020

“Eu, muito contente, comecei a viagem e um pouco antes de chegar a Barcelona veio uma chuva tão forte que nos assustava. Por causa dos pesados estudos naquele ano tinha o peito um tanto delicado. E para fugir da chuva que caia torrencialmente começamos a correr e assim pelo cansaço e pelo calor que subia da terra seca e quente, veio-me um sufoco muito grande e pensei que Deus não queria que fosse à Cartuxa. Certo é que não cheguei lá e fui para Vic” (Aut 89).

PROCURANDO O CAMINHO DE DEUS

Assim terminou Claret sua primeira etapa no caminho da sua vocação de Missionário Apostólico. Teve que fazer voltas e rodeios: aos vinte anos se sentiu “desenganado, incomodado e aborrecido com o mundo: pensei em deixar tudo e fugir para a solidão, para a cartuxa”. Alimentou o desejo de fazer-se cartuxo durante um ano, estudando no Seminário Diocesano de Vic e quando se dirigia à cartuxa de Montealegre para entrar, uma repentina tempestade o fez sentir-se mal e duvidar: “E se Deus não quer que vá à cartuxa?” Alarmou-se e voltou ao Seminário de Vic. Quatorze anos mais tardou ainda Claret para colocar seus pés e sua voz, já livres de ataduras, em sua definitiva vocação de Missionário Apostólico.

Ao contar-nos o começo desta busca, Claret nos oferece luzes para que cada um ilumine seu próprio caminho na busca da própria vocação pessoal, a serviço do mundo e da Igreja e desde dentro dela.

O estado de vida e a dedicação em que cada um melhor se realiza a serviço dos demais é a “vocação” à qual Deus o chama. É preciso procurá-la para encontrá-la e segui-la. O caminho pode ser curto ou muito longo e com etapas ou mudanças de direção e rodeios. É importante não equivocar-se; é preciso perseverar até conseguir viver a própria vocação, porque nisto se joga a própria felicidade.

Nesta procura não podemos sentir-nos autossuficientes. Claret procurou o conselho de pessoas experimentadas, teve seus diretores espirituais; e isto não somente no começo da sua caminhada, mas durante toda sua vida, pois a opção vocacional precisa ser sempre atualizada.

Em que momento ou etapa da sua procura vital você se encontra? Você conseguiu já descobrir ou alcançar e viver sua vocação?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 08 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

08 de agosto de 2020

“…tive também pais muito bons, que de acordo com os professores trabalhavam em formar meu entendimento com o ensinamento da verdade e cultivavam meu coração com a prática da Religião e de todas as virtudes” (Aut 25)

GRATOS

Como Claret sabe expressar bem o trabalho conjunto de seus pais e professores na formação de toda sua pessoa! Hoje chamaríamos “formação integral”.

Com efeito o Padre Claret se refere à formação intelectual, afetiva e especialmente religiosa, que tanta importância teve em sua vida e tem na vida de cada um de nós, como experiência unificadora de todas as outras dimensões.

É de importância decisiva para a pessoa a formação oferecida pela família, sobretudo, pelos pais e pela escola, nos primeiros anos da vida. O Padre Claret está consciente disso e dá graças a Deus por todo o bem recebido desde sua tenra infância.

É admirável aquela figura do professor do interior que permanecia durante várias gerações transmitindo valores intelectuais, morais e sociais. Em nossa sociedade urbana de hoje, com a mobilidade que às vezes requer a industrialização, não é possível manter alguma daquelas fórmulas. Infelizmente, em muitos casos, não apareceram as fórmulas que possam substituir ou melhorar aquela formação integral. E também, as rápidas mudanças levaram a sociedade a privar-se de educadores e inclusive dos mesmos pais.

Devemos fazer o possível para apoiar a família e a escola em sua importante missão. Nestes âmbitos se produzem e educam as experiências que marcarão toda a vida.

Assim foi no Padre Claret e foi em cada um de nós. Estou consciente do bem recebido de meus pais e professores?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 07 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

07 de agosto de 2020

Maria “é lua cheia que ilumina os pecadores na noite do pedado, para que não caiam no inferno. É aurora para os recém-convertidos, pois, com seu auxílio vão se distanciando das trevas do pecado e das suas ocasiões e vão crescendo de virtude em virtude como a luz da madrugada. É Maria sol para os perfeitos a quem ilumina com sua especial graça e os afervoriza com sua ardentíssima caridade” (Regras dos Clérigos Seculares que vivem em comunidade. Barcelona, 1864, p. 3).

PRESENÇA DE MARIA NA VIDA CRISTÃ

Maria soube muito bem o que era viver somente da fé, confiando em uma promessa. Seu Filho Jesus não teve uma vida extraordinária: viveu com ela uns 30 anos, não se casou, nem lhe deu netos. Depois abandonou Nazaré e foi de povoado em povoado anunciando o Reino de Deus. Jesus não tinha casa própria nem trabalho fixo. Maria não entendia nada… Onde estavam as promessas da Anunciação? E, depois, recordando as palavras do Anjo, o que experimentaria ela ao ver seu filho morrendo na cruz? Que dor e solidão sentiria!

Como mulher crente, confiava, em meio às incertezas e à dor. Continuava dizendo a Deus “faça-se”. E, como mãe, guardava em seu coração cada fragmento da vida de Jesus, cada uma das suas palavras. E tudo se fez luz com a Ressurreição. Desde a Anunciação até a Páscoa a vida de Maria foi entrega e abandono total em Deus, com alegre esperança, com valentia e compromisso. Por isso é chamada “lua cheia”, “aurora”, “sol”.

Quando nos sentimos perdidos, sozinhos, temerosos, quando nos invade o medo de tal maneira que não nos deixa ver nada mais, quando a insegurança e a dúvida se apoderam de nós, então é quando a presença de nossa Mãe nos reconforta.

Maria vem com sua luz para que vejamos com maior clareza, para dar colorido à nossa vida, para que saibamos assumir com serenidade qualquer situação ou problema. Ela sabe o que é esperança, ela tem coração de mãe e se comove ao ver-nos sofrer e também se alegra com nossas alegrias. Somente nos pede uma coisa: “Fazei o que Ele vos disser”.

Invoco Maria em momentos de dificuldade? Que atitude de Maria me ajuda a viver melhor minha própria experiência de fé?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf