Claret Contigo

Claret Contigo – 26 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

26 de agosto de 2020

Graça Eucarística

“No dia 26 de agosto de 1861, achando-me em oração na igreja do Rosário, em “La Granja”, às 7 da tarde, o Senhor me concedeu a grande graça da conservação das espécies sacramentais e ter sempre, dia e noite, o Santíssimo Sacramento em meu peito; por isso, eu devo estar sempre muito recolhido e devoto interiormente; e ainda devo orar e enfrentar todos os males da Espanha, assim como me disse o Senhor” (Aut 694).

“GRANDE GRAÇA”

A Eucaristia é uma “grande graça”. Nós nos acostumamos com ela. Desde pequenos fizemos a primeira Comunhão e continuamos comungando e, como acontece com a comida, pode tornar-se rotina e sem sabor. Claret nos recorda hoje que a Eucaristia é algo mais. Narra-nos uma experiência vivida já em idade avançada, quando a atividade apostólica começava a decair e as perseguições a aumentarem.

A Eucaristia é muito mais que ir à Missa, mais que receber a Comunhão. Claret nos fala de uma experiência mística que somente se concede depois de uma vida de entrega, a quem foi vivendo em profundidade a Eucaristia ao longo da sua vida. Uma experiência de grande graça que concede o Senhor. Não é qualquer coisa; por isso Claret se lembra até do dia e da hora. Mas, em que consiste? É algo profundo, interno, que enche e compromete a pessoa inteiramente.

A “grande graça” é como o ápice de uma vida em que se viveu longamente o sentido da Eucaristia. Jesus, ao concluir a missão recebida do Pai, se converte em Eucaristia: “Isto é o meu corpo entregue por vós” (Lc 22, 19). Claret, quando já empregou toda sua energia e provou todos os meios para evangelizar, recebe a “grande graça” de converter-se em Eucaristia, de ser sacrário. Não há melhor maneira de orar e de enfrentar todos os males.

A “grande graça” consiste em viver a Eucaristia até o mais profundo, até fundir-se com ela. Assim nos ensinam tantos mártires. Assim nos deixou escrito, com suas palavras e seu testemunho, Santo Inácio de Antioquia. Jesus é pão partido e repartido para dar vida plena.

Aquele que ‘despedaçou’ sua vida pelos outros está em sintonia com a Eucaristia, porque cumpriu o mandato do Senhor: “Fazei isto em minha memória”.

O que é para mim a Eucaristia? Como a vivo? Que ensinamentos me vai deixando?

Concedei-me, Senhor, viver a Eucaristia como uma “grande graça”. Concedei-me entender vossa entrega por amor e seguir-vos com uma entrega semelhante: convertendo-me em Eucaristia.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 25 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

25 de agosto de 2020

“Fiz uma escola para a Educação das meninas e comprei uma casa para as Irmãs, que me custou aproximadamente doze mil duros”. (Aut 561).

EVANGELIZAR EDUCANDO

Nesta seção da Autobiografia, Claret oferece um resumo do que foi seu grande trabalho apostólico e social como Arcebispo de Santiago de Cuba. Muito pouco tempo depois da sua chegada à sua Diocese, informou-se sobre a educação das crianças. Sobre Santiago, escreveu: “o ensino para as meninas talvez seja o que está melhor montado na cidade; há dois Colégios, eu os visitei” (EC I, p. 557). Não encontrou tão bem atendida a educação dos meninos, por isso solicitou ao governo de Madri licença para que viessem Vicentinos e Jesuítas para os colégios (EC I, p. 652).

Mas apareceu uma oferta para intensificar a atenção às meninas: a Venerável Madre Antônia Paris desejava fundar em Santiago um convento de clausura dedicado ao ensino, como era frequente na época, sob a orientação e autoridade de Claret, a quem havia conhecido em Tarragona em 1850. Em 1852 se transladou a Cuba com quatro companheiras e se puseram a trabalhar. Os trâmites tiveram sua duração e empecilhos, como tudo naquela época. Finalmente, no dia 25 de agosto de 1855, pode Claret deixar oficialmente estabelecido o convento com o colégio para as meninas. Nascia a Congregação das Missionárias Claretianas.

Claret deu grande importância à educação. Quando fazia as visitas pastorais, “visitava em todas as localidades as escolas dos meninos e das meninas” (Aut 560). Um ano antes de morrer, dizia a seus Missionários que havia conhecido em Roma uma Congregação de Irmãos educadores e que lhe parecia que “atualmente são os que fazem um bem enorme à Igreja” (EC II, p.1406); por isso lhes recomendava assumirem também este ministério.

O fato que hoje comemoramos mostra-nos a atenção do Arcebispo Claret para com seus deveres como pastor: cuidar das diversas frentes de evangelização e dar pistas para novos carismas ou formas de espiritualidade e apostolado na Igreja.

Somos nós construtores de Igreja, abertos à pluralidade e complementariedade de serviços?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 24 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

24 de agosto de 2020

“Frequentai os santos sacramentos, privai-vos de alguma coisa em obséquio seu, rezai a Maria todos os dias o santo Rosário com devoção e fervor e vereis como Maria Santíssima será vossa mãe, vossa advogada, vossa medianeira, vossa mestra, vosso tudo depois de Jesus. Se sois devotos verdadeiros de Maria, sereis felizes agora e depois o sereis por toda a eternidade no céu” (Origem do triságio. Barcelona, 1863, p. 46)

CONTEMPLANDO MARIA

Para conhecer Maria, invocá-la e falar dela nada melhor que seguir os passos da Bíblia e da longa experiência do povo de Deus. Nomes que encontramos no antigo Testamento habilitaram a Igreja, por exemplo, a designar Maria como Mãe dos viventes, assim como Eva (cf Gn 3,20), ou como Glória de Jerusalém, honra da nossa raça, à maneira de Judite (cf Jt 15,9). O primeiro capítulo do Evangelho de Lucas nos oferece sugestões mais precisas deste tipo nos títulos que ali são dados à jovem Virgem de Nazaré. E os Santos Padres nos ensinaram que, falando assim de Maria, damos a estas denominações um sentido novo e mais pleno, capaz de fundamentar nossa oração mariana e nossa confiança.
E que dizer da tradição secular da Igreja, incansável nesta forma de aproximação de Maria? Nisto influenciaram muito a experiência espiritual dos santos como a devoção popular, por exemplo, no uso da ladainha lauretana. Tudo leva a saborear, como faz Claret, o vínculo de amor e de intervenções maternas com que Maria nos mantém unidos a seu Filho Jesus, em todas as encruzilhadas da vida.
Para quem vive em comunhão com Maria está muito claro que, em sintonia com seu coração, deve colocar sua atenção em Jesus. Daí a importância da vida sacramental, da oração, da meditação da Palavra, sobretudo, do Evangelho. A oração do Rosário o ajudará como a Claret a manter a mente na vida de Jesus.
Certamente que nas diversas vicissitudes da sua experiência espiritual foram brotando em você nomes e títulos que lhe facilitaram a compreensão da missão e da mensagem de Maria. Não lhe será difícil verificar que sua companhia o tenha animado no seguimento do seu caminho vocacional ao lado de Jesus: com mais generosidade, com serena alegria e com o compromisso solidário com que o mesmo Senhor fez seu itinerário salvador entre nós.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 23 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

23 de agosto de 2020

“Vic, 23 de agosto de 1865. – Não sabendo o que fazer quanto ao voltar para a corte ou não, disse ao Superior Geral da Congregação do Imaculado Coração de Maria e deixou o assunto aos quatro consultores da mesma Congregação, a fim de que todos encomendem a Deus enquanto não chega o dia da reunião. Com efeito, no dia marcado fizemos a reunião e os cinco votos foram três para que não voltasse e dois para que voltasse; por isso, aderindo-me à maioria de votos, resolvi não ir; enquanto isso ocupar-me-ei nesta cidade à pregação de exercícios espirituais e em outras coisas semelhantes” (Aut 852).

DISCERNIR COM DISPONIBILIDADE

Neste último parágrafo da sua Autobiografia, o Padre Claret nos mostra o miolo da sua espiritualidade: conhecer a vontade de Deus e cumpri-la com a maior perfeição possível. Ao sair da corte por causa do reconhecimento do reino da Itália por parte da Rainha Isabel II, ele queria saber se tinha que continuar em seu cargo de confessor real ou renunciar a ele. Enquanto ele não tinha claro, nem os superiores, que decisão tomar em conjuntura tão desconcertante, seu único recurso foi a oração, para discernir e conhecer a vontade de Deus.

O Padre Claret se serviu deste tipo de oração em muitos momentos cruciais da sua vida: teve que decidir se permanecer na paróquia de Sallent ou sair para as missões (1839); se continuar ajudando na paróquia de Viladrau ou ser missionário apostólico itinerante (1841); se continuar vivendo com seus companheiros missionários da Congregação recém-fundada ou aceitar o cargo de Arcebispo de Santiago de Cuba (1849); sobre voltar à sua Congregação ou regressar ao serviço encomendado (1865). No caso de Sallent, pediu a ajuda da oração à sua irmã Maria, que vivia com ele; no caso de Arcebispado de Santiago de Cuba, os sacerdotes mais prestigiosos de Vic o ajudaram a discernir a vontade de Deus; no último caso, seus missionários o assessoraram com respeito à decisão a tomar.

Em vez de apresentar uma lista de pedidos, o objetivo da oração é discernir para saber o Deus quer e orientar a vida segundo seu projeto. Segundo Jesus, obedecer a vontade de seu Pai é o único caminho para crescer na relação fraterna com ele. A oração de discernimento do Padre Claret é a busca do conhecimento da vontade de Deus e o aprofundamento no desejo de entregar-se a ela. A frase de Maria “fazei o que Ele vos disser” (Jo 2,5) é a norma básica para viver o milagre de abundância em nossas talhas vazias.

Depois de apresentar suas necessidades na oração de súplica, costuma acrescentar: “Senhor, não se faça minha vontade, mas a vossa?”

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 22 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

22 de agosto de 2020 – Nossa Senhora Rainha

“Maria foi como o centro de todas as graças e belezas que Deus havia distribuído aos anjos e santos e a todas as criaturas. Maria devia ser a Rainha e Senhora dos anjos e santos e por isso mesmo devia ter mais graças que todos eles, já no primeiro instante do seu ser” (Carta a um devoto do Coração de Maria, em EC II, p. 1499).

MARIA CHEIA DE GRAÇA

Acontece a Claret não encontrar palavras para elogiar a que é “seu tudo, depois de Jesus” (Aut 5). Por isso recorre a estas comparações que tentam olhar para horizontes quase infinitos. Mais graça que todos os santos e anjos juntos. A afirmação não é nova; no fundo coincide com a observação de Orígenes (século III) de que a saudação do Anjo “cheia de graça” jamais fez referência a um ser humano e não se encontra em nenhuma outra parte da Sagrada Escritura. Dizem os especialistas que a expressão “cheia de graça” pode ser traduzida por “amada por Deus”. E é um título expresso em voz passiva, mas uma ‘passividade’ que implica seu livre consentimento e se faz plenamente ativa ao manifestar Maria sua disponibilidade sem condições.

Uma explicação curiosa oferece Claret sobre o porquê da graça torrencial que o Pai derrama sobre a eleita para Mãe do Verbo. Digo para mim curiosa: “Se tinha que ser a Rainha dos anjos e santos, tinha que ter mais graça que todos eles”.

Mas o que agora interessa ressaltar é que é Rainha não só porque tem mais graça que todos juntos, mas também porque exerce sua autoridade para o bem de seus filhos. Confirmarei isto com as revelações de uma mística do século XVII, a Venerável Maria de Jesus de Ágreda. Em sua obra, muito lida por Claret, Mística Cidade de Deus, livro 7º, cap. 10, descreve detalhadamente a atenção e o cuidado com que, como mãe, vivia durante as primeiras saídas dos discípulos do seu Filho a anunciarem a Boa Nova: “A grande Senhora, desde a atalaia da sua altíssima sabedoria, alcançava todas as partes e como vigilantíssima sentinela descobria as ciladas de Lúcifer e socorria a seus filhos. E quando, por estarem ausentes os apóstolos, não lhes podia falar, enviava seus santos anjos que assistiam os aflitos, para que os consolassem e animassem, e os preparassem contra os ataques dos demônios que os perseguiam”. É Rainha não para brilhar, mas para oferecer sua proteção.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 21 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

21 de agosto de 2020

“Jesus serviu-se de um jegue quando quis entrar triunfante em Jerusalém. Eu também me ofereço com prazer a Jesus, se quiser servir-se de mim para entrar triunfante dos inimigos; contanto que as honras e louvores que tributarem sejam, não para mim, o burro, mas para Jesus, cuja dignidade, embora indigno, carrego” (Aut 669)

MINHA PEQUENEZ

Quero agradecer-vos hoje, Senhor, porque haveis contado comigo. Claret sempre se sentiu indigno da sua vocação-missão, algo grandioso para ele. Sempre agradeceu a Deus, como o melhor dos presentes recebidos, o ter sido chamado, ter contado sempre com ele.
Hoje não é fácil encontrar um jegue por perto. Este animal de grandes orelhas e de grandes lombos para suportar cargas foi recolhido nos zoológicos. “Não seja burro”, ouvi frequentemente em minha infância, quando alguém queria convencer-me da minha cabeça dura ou da minha burrice. Por isso hoje me surpreende mais ver Claret fixando-se no jegue que levou Jesus na entrada triunfante de Jerusalém. O que pôde perceber Claret naquele insignificante asno?
Se Jesus se serviu dele, como não se servirá de mim? É tarefa de cada dia oferecer-me com prazer ao Senhor, se Ele quiser servir-se de mim, para entrar triunfante dos inimigos na minha família, em meu lugar de trabalho, na sociedade. E o fato de ter trabalhado na vinha do Senhor será para mim a melhor recompensa: fico dignificado. Não posso apropriar-me das honras e louvores, não podem encher-me de orgulho. Servir a Jesus é o que me engrandece.
Claret coloca seus olhos no asno e vê nele um exemplo de humildade, de serviço calado e generoso. Jesus contou com Claret e o fez seu missionário, de orelhas grandes para escutar e de fortes ombros para suportar o peso da vida apostólica.
Jesus quer servir-se de mim para que eu seja seu mensageiro. A mensagem que levo, o Evangelho que anuncio, me dignifica. Participo da missão de Jesus.
Permito que Jesus se sirva de mim? Como o sirvo? Reconheço a graça recebida no Batismo: a dignidade de ser filho de Deus?
Senhor, não sou digno de que entreis em minha casa e me chameis. Obrigado por contar comigo. Vós me dignificais. Proclama minha alma vossa grandeza, porque contastes com mina pequenez.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 20 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

20 de agosto de 2020

“Ao ver a disposição do povo, a fome da divina palavra, etc., não posso conter-me: por isso estou pregando todos os dias. No dia 16 em Burgos fiz onze sermões: um de meia hora, outro de meia hora ao povo na catedral e nove de 45 minutos; e no dia seguinte fiz seis e não foi possível fazer mais porque no meio da tarde tive que sair com SS. MM. e AA.” (Carta ao Pe. J. Xifré, 20 de agosto de 1861; em EC II, p. 350).

PAIXÃO INCONTROLÁVEL

Quando o visitante do templo claretiano de Vic entra na cripta em que se encontra o sepulcro de Claret, encontra imediatamente esta inscrição: “Enamorem-se de Jesus Cristo e das almas e compreenderão tudo e farão muito mais que eu”.
Esta frase não se encontra nos escritos de Claret, mas na tradição que encontramos motivos mais que suficientes para fazer crível uma frase como esta. Foi pronunciada provavelmente em Barcelona, em setembro de 1860. Acompanhava os reis em sua viagem de volta de Baleares e nos dias reservados para descansarem e visitarem a cidade, Claret dedicou-se à pregação com tal intensidade que chamou a atenção de um grupo de universitários; estes tiveram a curiosidade de segui-lo durante alguns dias e tomar nota da sua incrível atividade apostólica: algum dia mais de dez pregações. Um deles se atreveu a dizer-lhe algumas palavras de admiração e a resposta de Claret se limitou a dizer a frase que acabamos de recordar.
Na carta sobre o que hoje refletimos, escrita no dia 20 de agosto, Claret diz mais coisas: que a grande tentação que tem é fugir de Madri, pois pouco come, e às vezes “foge de ir à mesa de S. M. para ter mais tempo para pregar”, pois esta é “minha comida mais saborosa”. 30 anos antes, ao entrar no noviciado jesuíta, tinha escrito sobre sua afeição a “exortar o povo”: “nestes exercícios sou incansável”.
Claret se deixou a pele em sua atividade evangelizadora; suas pregações são simplesmente incontáveis. Mas ele teve uma sorte que o missionário de hoje não tem: “a disposição do povo, a fome da divina palavra”. Hoje em muitos ambientes predomina a indiferença ou a insensibilidade, quando não a aberta oposição.
Que faria Claret hoje para chegar a essa gente distante? Uma ideia é fazer com que os leigos se introduzam, com seu testemunho, em ambientes não acessíveis ao sacerdote. Peçamos que nos ilumine e inspire métodos e caminhos.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 19 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

19 de agosto de 2020

“Desde que Deus determinou fazer-se homem, fixou o olhar em Maria Santíssima e desde então dispôs todos os preparativos necessários: a fez nascer dos patriarcas, profetas, sacerdotes e reis e todas as graças destes as reuniu em Maria, querendo que fosse a flor nata de todos eles. Ainda a prendou com bênçãos e doçura e colocou sobre sua cabeça uma coroa de pedras preciosas, isto é, de graças e belezas, mas muito mais enriqueceu seu coração” (Carta a um devoto do Coração de Maria, em EC II, p. 1499).

MARIA CHEIA DE GRAÇA

Ao ler as afirmações entusiastas de Claret, reconhecemos que em seu coração se vê, escreve um teólogo, “o impacto que a memória de Maria produziu em milhares de crentes no decorrer da história. E isto não aconteceu às margens da Providência de Deus! A acolhida de Maria no Povo de Deus, agraciado com sentido da fé, nos revela esta verdade”. Um conhecido biblista brasileiro faz cair na conta de que o entusiasmo do povo pode esconder aspectos básicos da devoção a Maria: “a imagem de Nossa Senhora é pequena, coberta com um mando ricamente adornado… O povo gosta de adornar e enriquecer o que ama… O que aconteceu com a imagem aconteceu com Maria também. Glorificada pelo povo e pela Igreja como Mãe de Deus, recebeu um manto de glória. Mas este acabou escondendo grande parte da semelhança que Ela tem conosco”.
No Concílio aconteceram algumas controvérsias entre os que enalteciam Maria até quase a desumanizá-la e quem apenas reconheciam sua singular dignidade. Fruto do diálogo entre ambos os grupos foi esta sábia exortação: “o Concílio exorta os teólogos e pregadores que se abstenham cuidadosamente tanto de todo falso exagero, como de uma excessiva mesquinhez de alma ao tratar a singular dignidade da Mãe de Deus” (LG 67). Poucos anos depois, em 1974, Paulo VI explicitava o conteúdo do texto conciliar em sua bela Exortação Apostólica “Marialis Cultus”.
A base da grandeza de Maria está radicada em ter sido escolhida para ser mãe do Verbo. Assim o expressou Bento XVI em sua alocução de 31 de dezembro de 2006: “o Verbo é de Deus e de Maria. Por isso a Mãe de Jesus pode e deve ser chamada Mãe de Deus”. Abre-se ao mundo um horizonte para o qual somos convidados a caminhar.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 18 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

“A mim devem desde setembro e a vocês desde abril deste ano. Eu sinto fazer esta queixa à Sua Majestade, e estou certo de que terá um desgosto e, por outro lado, perderão o lugar alguns empregados distraídos (…). Eu estou prestando um serviço mais importante e mais exposto, como já sabe, no dia 22 do mês passado não me degolaram por um milagre, por sorte estava ao lado da Sua Majestade” (Carta a Manuel José Miura, 23 julho 1866, em EC II, p. 1030).

ARRISCANDO A VIDA

Claret mostra nesta passagem um grande realismo e fina sensibilidade social, juntamente com a consciência de sua missão e o desejo de ser fiel à mesma. Efetivamente, por uma parte, está com os pés no chão, está consciente de certas injustiças: ao senhor Miura, grande colaborador seu em Santiago de Cuba, não lhe pagaram o que lhe correspondia. Mas, em sua perspicácia, prevê que, se denuncia o fato, fica evidente a falha de alguns funcionários, que por sua vez podem ser despedidos. Sua conhecida compaixão o leva, ainda, a evitar um desgosto para a Rainha Isabel II, pois Claret sabe a seriedade com que ela toma os assuntos que atingem a ele ou à Igreja.

Claret prefere sofrer a injustiça: uma vez mais nos mostra sua grandeza de coração. E nos fala da sua fidelidade a algo superior: a sua missão de confessor da Rainha, embora corra risco de morte. Uma verdadeira hierarquia de valores que poderíamos citar nesta ordem, perfeitamente válida também hoje, ordem que não anula nenhum dos valores em questão: a fidelidade à missão apostólica recebida, a justiça social e a delicadeza para não ferir as pessoas.

Na alma de Claret a perspectiva do martírio esteve sempre presente em seus anos de Madri; mas não era nada novo, pois já a cultivava em Cuba e, antes, em sua Catalunha natal: “muitíssimas vezes corria a voz de que me haviam assassinado e as boas almas já me aplicavam sufrágios” (Aut 464); uma vida acompanhada sempre pela cruz: a cruz do trabalho, a cruz do seu dever como missionário, a cruz íntima da sua configuração com Jesus crucificado para espiar os pecados do mundo.

Sinto os problemas da sociedade em que me encontro? Eu os vivo em fidelidade à missão que Deus me tem confiado, sejam eles quais forem?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 17 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

17 de agosto de 2020

“Não aspire dignidades e benefícios eclesiásticos, se Deus não o chama a isso, como Aarão; mas, se a divina Providência o coloca nesta situação, considere com muita frequência o grande peso que está sobre seus ombros, tanto com respeito a você mesmo como diante dos demais que são seus súditos” (Avisos a um sacerdote que acaba de fazer os exercícios de Santo Inácio. Vic 1844; p. 5)

OCUPAR O ÚLTIMO LUGAR

“Mas vocês não façam assim” (Lc 22, 26). Jesus o disse a seus discípulos depois de observar de perto como o povo do seu tempo disputava o poder, os privilégios e a posição social. Ele os exorta carinhosamente a não caírem diante de semelhante tentação. Recorda-lhes que a meta da sua vocação é a afabilidade no serviço mútuo. A autoridade (o poder) e os privilégios não são coisas más em si mesmas; mas, quando se convertem em um valor absoluto e se utilizam para oprimir os demais, ficam intrinsecamente pervertidas.

Os animadores da vida cristã surgem do povo de Deus para estarem a serviço deste mesmo povo. Para prestarem este serviço devem colocar-se em sintonia com Deus e não pensar como os humanos. Para isso, os que recebem o chamado para serem os animadores da fé dos demais jamais devem utilizar o poder e o privilégio da sua posição para obter honras, títulos ou vantagens econômicas, para si mesmos ou para seus amigos. Sua vocação os obriga a uma atitude de serviço e com amor abundante.

Quando Claret, em sua Autobiografia, faz a lista do grupo fundacional da sua Congregação de Missionários, conclui assim: “Antônio Claret, eu, o menor de todos; e realmente todos eram mais instruídos e mais virtuosos que eu e eu era muito feliz ao considerar-me criado de todos eles” (Aut 489).

Estará você disposto a assumir alegremente o serviço eclesial que lhe for confiado e fazer frutificar a semente que em você for plantada, sem reparar no maior ou menor brilho que este serviço possa oferecer? Se lhe for confiado um serviço de direção ou de governo, saberá evitar a procura de proveito pessoal e optará por viver amorosamente pelas pessoas a você confiadas?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf