Claret Contigo

Claret Contigo – 05 de setembro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

05 de setembro de 2020

“Não basta para quem comunga habitualmente ter as disposições necessárias para comungar; é, além disso, indispensável, para que a sagrada comunhão produza nele aquelas grandes graças, que sempre que se aproximar da sagrada mesa se apresente cada vez com mais atenção e cuidado, com mais humildade, com mais vivos desejos, com mais fome e, como um cervo sedento, com mais sede, com mais amor. Feliz a alma que comunga com frequência e cada vez com nova disposição!” (Carta Ascética… ao presidente de um dos coros da Academia de São Miguel. Barcelona, 1862, p. 33s).

COMIDA QUE CONFORTA

A realidade do fato de comer a Carne de Cristo e beber seu Sangue se apresenta cada vez mais sugestiva e dinâmica para a nossa espiritualidade. Partamos do fato de que a repetição da santa Ceia, com seus diferentes ritos, não é uma simples comemoração do que fez Jesus com seus discípulos. É um almoço ou uma ceia, que, sob sua necessária carga de simbolismo, pão e vinho, suscita uma presença especial de Cristo Ressuscitado, também com sua carga de realismo. É o que verdadeiramente expressamos em sua realidade de sacramento, sinal ou símbolo, por excelência.

O sinal se faz eficaz quando nos aproximamos da comunhão com a fome de saciarmo-nos totalmente de Cristo, o alimento que nos nutre e nos fortalece para toda boa obra. Devemos assumir o que significa Cristo em nossa vida, reproduzir sua atitude de ser para os demais. A correta disposição pessoal se manifesta na atitude generosa de sair de si mesmo, com sentido de oferenda, de disponibilidade para estar a serviço de quem mais precisa da nossa presença reconfortante. Fortalecermo-nos com o corpo de Cristo, que sacia esta fome, oferecendo meu próprio ser aos demais, é a melhor propriedade do sacramento como comida. A fome de que Cristo venha a nós deve corresponder à nossa atitude de sairmos de nós mesmos e dirigirmo-nos aos demais, especialmente dos carentes de todo apoio, necessitados de serem reconfortados.

Cristo é o alimento que nos reconforta na caminhada da vida, em meio a nossos afazeres de cada dia, rumo à realização de nossas mais entranháveis aspirações de realização humana, somente possível com o calor da fraternidade.

O que falta na minha vida para que a Eucaristia seja expressão de minha fraternidade sem reservas para com todos meus irmãos?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf.

Claret Contigo – 04 de setembro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

04 de setembro de 2020

“A caridade me obriga, me impele, me faz correr de um povoado a outro, me obriga a gritar: Filho meu, pecador, olha que vai cair no inferno!” (Aut 212)

A CARIDADE ME IMPELE

A frase “Caritas Christi urget me”, tomada de São Paulo (cf. 2Cor 5,14), foi o lema que Claret imprimiu no seu escudo episcopal. Não era para ele uma simples frase, por mais bela que seja, somente para fazer bonito. Foi o motor da sua vida que o lançava a trabalhar continuamente e a entregar-se à missão apostólica de fazer alguma coisa pelo bem do próximo. Condensava em si mesma o segredo mais profundo que fervia em sua alma.

O que sentia Claret ao pronunciar estas palavras que levava gravadas a fogo na própria alma? Teríamos que ter uma sensibilidade especial, que somente concede o Espírito Santo, para chegar a saborear esta experiência. O Padre Claret, ao falar do mais profundo da sua alma, usava sempre palavras ardentes e com frequência somente interjeições. A frase que comentamos não foi para ele simples teoria. Recolhia o agudo impulso interior que o levava a correr sem descanso de uma parte a outra para ajudar seu próximo a evitar a frustração irreversível e fatal. E tudo, por amor.

O amor de Cristo nunca o deixa distanciar-se dos irmãos. O amor de Cristo nunca tranquiliza e acomoda. O amor de Cristo é inimigo declarado de toda instalação. O amor de Cristo responsabiliza os demais, (por isso Claret chama ‘filho meu’ o seu próximo, e nunca significou em sua conduta uma expressão paternalista).

O amor de Cristo faz sair de si, eliminando o egoísmo. O amor de Cristo procura o bem real dos demais, acima de tudo. O amor de Cristo sabe por onde vai o caminho que verdadeiramente leva a felicidade e orienta os demais.

O leitor destas linhas se atreverá pedir a Deus o amor de Cristo? Bastará ter vontade de fazê-lo ou se atreverá a amar o próximo sem vontade?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 03 de setembro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

“Nas contrariedades, procure estar em paz. O justo vive da fé e Deus prova aquele que ama. Esta vida é o tempo da guerra, da tribulação e do pranto; por sua vez, verá a feliz e tranquila imortalidade. Então quem tiver padecido mais pela justiça, maior será o consolo que receberá da bondade do Senhor e sua luz resplandecerá muito mais na eternidade dos séculos” (Avisos a um sacerdote que acaba de fazer os exercícios de Santo Inácio. Vic 1844, p. 8).

A PAZ QUE DÁ O SENHOR

O seguimento de Jesus Cristo não é um compromisso sem dificuldades, sem desafios. A adversidade é um elemento fundamental em toda situação da vida e mais ainda quando, de maneira livre e voluntária, se assume a vocação como um dom e uma bênção de Deus. Viver na interioridade a presença criadora de Deus, como fundamento da nossa vida e nossa missão, é o que pode manter o ânimo e sustentar o compromisso que exige a Vida do Reino para estar em paz.

Confrontar a paz interior vinda de Deus com nossos interesses pessoais humanos nos ajuda a encontrar o verdadeiro sentido da vida. Viver da fé é colocar no centro Deus como autor do que somos, realizamos e projetamos. O encontro da humanidade com a divindade é algo que nos questiona, nos cria, e nos transforma.

O processo de transfiguração, de transformação, é obra de Deus que nos cria e nos leva a “revestir-nos de Cristo Jesus, o Homem Novo” (cf. Rm 13,14; Cl 3,10). Isto não é algo fácil ou sem problemas; supõe muitas provas. Neste processo os santos experimentaram, em alguns casos, até certo abandono de Deus, ou aquilo que os mestres de espírito chamavam de aridez, secura, etc. Sabe-se que é um elemento peculiar da pedagogia divina para que tenhamos claro que somos criaturas e não criadores. Estas provas, acolhidas na fé, levam à saborosa experiência de que “tudo coopera para o bem dos que amam a Deus” (Rm 8,28). Tendo este olhar de fé, é normal a adversidade ser vivida “com o ânimo em paz”.

Nos momentos difíceis, eu coloco minha vida e meu trabalho nas mãos de Deus? Vivi algumas situações adversas que tenham feito cambalear minha fé e minha paz?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 02 de setembro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

02 de setembro de 2020

“Eu digo a mim mesmo: um Filho do Imaculado Coração de Maria é um homem que arde em caridade e que abrasa por onde passa; que deseja eficazmente e procura por todos os meios inflamar todo o mundo no fogo do divino amor” (Aut 494)

O CRISTÃO, HOMEM DE FOGO

Quando o Padre Claret define seus missionários como pessoas que “ardem” em caridade e que ‘abrasam’ por onde passam, os define como gente “inflamada”, “apaixonada”, movida por uma grande força interior.

Em outro lugar, Claret usa a comparação do fogo na locomotiva, cuja força tudo arrasta sem o menor esforço; e também faz alusão em outro lugar ao papel que desempenha o fogo no fuzil, que lança a bala com grande força. “O amor faz em quem prega a divina palavra o mesmo que o fogo no fuzil. Se um homem atirasse uma bala com as mãos, bem pouco mal faria; mas, se esta mesma bala for impelida pelo fogo da pólvora, mata” (Aut 439). E aplica a comparação a quem prega animado pelo fogo da caridade.

Daí a importância de manter vivo este fogo através da oração, da eucaristia, da devoção ao Coração amoroso de Maria. Se não for assim, os missionários, ou qualquer cristão, se converteriam em meros “funcionários” do setor religioso. Seriam pessoas movidas pela simples inércia, pela rotina, pelas formalidades. E assim não se pode viver o evangelho, nem transmiti-lo de forma eficaz e convencida.

O fogo do amor nos faz criativos e esforçados na busca de todos os meios para contagiá-lo. Também nos dá uma enorme força para suportar as dificuldades.

Nós nos sentimos realmente apaixonados por Deus e pelo nosso próximo, movidos pelo amor? Apagou-se o nosso fogo e nos movemos por inércia e por rotina?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 01 de setembro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

01 de setembro de 2020

“Estou com a mesma ideia que já disse a Vocês na noite de nossa partida de Prades, de ir a Roma. Eu não lhes posso ser útil a Vocês, nem Vocês a mim; pelo contrário, creio que mutuamente nos prejudicamos, sem querer é claro. Eu sou um ente misterioso, sou como um fugitivo, como um que se esconde da justiça e não sabemos quanto tempo durará”. (Carta ao Pe. José Xifré, 15.8.70, em EC II, p. 1484s).

CLARET, UM “FUGITIVO”

Claret está a pouco mais de um mês da sua morte. Não o sabe, mas pressente. Sua saúde está minada, alquebrada. Viveu uma vida intensa, plena e entregue, viveu e se desviveu para que outros tivessem vida.

Claret foi um homem entregue à sua vocação: ser ‘Missionário Apostólico’. No dia 9 de julho de 1841, a Santa Sé lhe havia concedido este título. Embora fosse considerado um título honorífico, Claret o interpretou como uma definição da sua identidade, como na Bíblia a imposição de um nome novo significava um novo desígnio vocacional. Claret se sente enviado e coloca sua vida a serviço do Evangelho ao estilo dos Apóstolos, em vida fraterna, pobreza, disponibilidade e itinerância.

Madre Maria Antônia Paris, por experiência interior, sem conhecer ainda Claret, já lhe havia dado este título: “Estando uma noite em oração, me disse Nosso Senhor apontando-me com o dedo Padre Claret como se eu o visse ali, entre Nosso Senhor e eu: ‘Este é, filha minha, aquele homem apostólico que com tantas lágrimas, por tantos anos seguidos você me pediu’” (Autob. M. París, nº19).

Agora Claret, desterrado e perseguido, sozinho, enfermo e procurado, vendo-se como um fugitivo da justiça por motivos que não têm nada a ver com ele, não quer prejudicar seus Missionários. Mostra uma vez mais toda sua grandeza de espírito: prefere distanciar-se para que, se prendem alguém, seja somente ele.

Já em carta a Madre Maria Antônia Paris, de 21 de julho de 1869, a 15 meses da sua morte, em plenos trabalhos do Concílio Vaticano I, lhe diz: “Podemos dizer que já se cumpriram sobre mim os desígnios que tinha o Senhor. Bendito seja Deus, oxalá, o que tenha feito, tenha sido do agrado de Deus” (EC II, p. 1411).

Poderei dizer eu no final da minha vida, como o fez Claret, que cumpri o sonho de Deus sobre mim? Por onde teria que começar para que isto seja uma realidade?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 31 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

31 de agosto de 2020

“Em todos os acontecimentos desagradáveis, dolorosos e humilhantes, sempre penso que vêm assim de Deus, para o meu bem e assim procuro, no momento que caio na conta, dirigir-me a Deus em silêncio e com resignação à sua santíssima vontade, porque me lembro de que o Senhor disse que nem um cabelo da cabeça cairá sem a vontade do Pai celeste, que tanto me ama” (Aut 420).

CONFIANÇA MESMO NO MEIO DAS CONTRARIEDADES

Um psicólogo notável, contemplando um retrato do Padre Claret em sua época de confessor real (1857-1868), percebe nos seus lábios sinais de profundo sofrimento. Claret confessa que “a divina Providência sempre velou sobre mim de um modo particular” (Aut 7), mas realmente, vista exteriormente, a vida de Claret é uma cadeia ininterrupta de fracassos. De jovem, em Barcelona, um amigo o trai e uma mulher tenta seduzi-lo (Aut 72-73). Sendo pároco da sua cidade natal (1835-1839), alguns conterrâneos tentaram fazer sua vida impossível, molestando inclusive seu pai (EC I, pp. 76 y 80). Quando vive a grande satisfação de ver em andamento a Congregação de Missionários, lançam sobre seus ombros o arcebispado de Santiago de Cuba (Aut 491), cuja etapa final é especialmente dura: problemas com as autoridades, e um grande atentado em Holguín. As propriedades rurais que o acolhem são incendiadas. (EC I, p. 1185).

A época de Madri é um martírio quase contínuo; durante os primeiros meses vive na dúvida constante com respeito à continuidade: “com algum pretexto me mandarão passear” (EC I, p. 1344). No entanto, a restauração material e institucional do Escorial, experimenta a oposição de um setor dos políticos (cf. EC II, pp. 257 y 415) e intrigas internas por ciúmes entre seus colaboradores. Claret confessa que “O Escorial é o potro para atormentar os que deverão cuidar dele” (EC II, p. 1290).

Na época de sadia laicização e da teologia das realidades terrenas, não fazemos Deus responsável dos males, mas continuamos acreditando que nada escapa ao seu projeto salvífico (=providência). E Claret continua nos ensinando como enfrentar as situações adversas.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 30 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

30 de agosto de 2020

“Ao ver que Deus Nosso Senhor, sem nenhum mérito meu, mas unicamente por seu beneplácito, chamava-me a enfrentar a torrente de corrupção e me escolhia para curar as doenças do corpo meio morto e corrompido da sociedade; pensei então que devia dedicar-me a estudar e conhecer bem as enfermidades deste corpo social” (Aut 357).

CONHECER O QUE QUEREMOS CURAR

Através do nosso encontro com outras pessoas e conosco mesmos, com o cosmos e com Deus vamos descobrindo nossa identidade. A resposta à pergunta sobre nossas relações prioritárias, tanto de comunhão como de conflito, nos revela quem somos. Estas relações que nos identificam são fruto de uma opção, consequência do exercício lúcido e amoroso da nossa liberdade? Que opções fundamentais estão na base dos nossos encontros e desencontros?

Deus nos chama para estabelecer relações novas e transformantes com nosso meio. Deus inscreveu seu projeto de plenitude de vida em comunhão como desejo profundo e intenso; mas nossas histórias pessoais e relacionais, nossas debilidades e limitações podem deformá-lo, ocultá-lo, ou inclusive apagá-lo. O Evangelho já nos diz: “Onde estiver seu tesouro estará seu coração”. Qual é o tesouro que protegemos ou desejamos intensamente? Qual é o desejo profundo que nos leva a arriscar inclusive a vida?

Nossos sentidos exteriores e interiores são as portas que nos permitem entrar na realidade. O que vemos e ouvimos, o que cheiramos e saboreamos, o que tocamos e abraçamos, desperta em nós uma gama de sentimentos que habitam em nós e que estão condicionados por nossa história pessoal, nosso lugar social, nossos marcos teóricos e por nossa experiência de Deus. Nosso contexto nos bombardeia, com a possibilidade de suscitar emoções muito variadas; devemos ser atentos com elas.

Os sentimentos e as reflexões que têm sua origem em Deus nos levam a vincularmo-nos ao seu projeto de que o homem viva. Mas para isso requer uma vontade firme. A seleção discernida de nossas percepções significa escolher e supõe renunciar. Toda opção, já o sabemos, implica renúncia.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 29 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

29 de agosto de 2020

“Comecei as missões no ano de 1840, quando estávamos em guerra civil entre Realistas e Constitucionalistas, andando com muito cuidado para não dizer alguma palavra sobre política, a favor ou contra um dos dois partidos” (Aut 291).

PRUDENTES COMO SERPENTES

O ser humano é social por natureza, tende a formar grupo sob as formas mais variadas. É natural que se formem grupos por afinidade política, cultural, religiosa. Inclusive um dos elementos que mais tem ajudado o crescimento da humanidade é a existência da diversidade de tendências e orientações nas comunidades humanas.

O problema surge quando as opções se divergem e chegam a todo tipo de confronto. Se olharmos com atenção, percebemos que toda a história da humanidade tem estado caracterizada por guerras e enfrentamentos de toda índole. Muitas guerras foram civis: entre os membros de uma mesma nação.

O texto do Padre Claret que hoje comentamos narra justamente as dificuldades que surgiam na hora de anunciar a Boa Nova de Jesus, em meio a uma guerra entre concidadãos. Sua preocupação fundamental era que a Palavra de Deus chegasse a todos, para isso era indispensável que ele não se manifestasse partidário de nenhum dos grupos contendentes. Este era seu cuidado; sua segurança pessoal não o preocupava sobremaneira.

Para que, em uma situação assim, o conteúdo não se perdesse, era necessário uma especial habilidade por parte do pregador, que sem dar a impressão de estar a favor de uns e contra outros, não podia mostrar-se indiferente diante do sofrimento de todos. Nossa mensagem, sem ser ingênua ou fora da realidade, deve estar a favor dos mais fracos (cf. Mt 25, 31-46), mas sem exacerbar divisões que não conduzem a nada.

Talvez poucas vezes nos toque estar em meio a uma guerra, mas frequentemente devemos transitar entre conflitos, enfrentamentos e divisões. Será preciso não esquecer nossa missão de anunciar um Evangelho de reconciliação e de paz e favorecer toda iniciativa de diálogo.

A mim me tocou abordar alguma situação especialmente conflitiva? Que meios me foram mais eficazes para conseguir uma conciliação entre os contendentes?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 28 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

28 de agosto de 2020

“O exagero, a calúnia e o anonimato são armas que fazem parte do arsenal da debilidade e são os enfeites que adornam a maldade. O melhor modo de vencê-los é não fazer caso” (Propósitos do ano 1855, em AEC p. 678).

O BEM É MAIS FORTE

“Veio João Batista, que não comia pão nem bebia vinho e dizeis: ‘tem o Demônio’. Vem o Filho do Homem, que come e bebe e dizeis: ‘aí tendes um comilão e um beberão, amigo dos publicanos e pecadores’” (Lc 7,33-34). Os evangelhos nos dão testemunho das críticas malévolas a que Jesus esteve submetido. E o mesmo Jesus nos adverte que se Ele foi criticado e maltratado, muito mais poderão sê-lo seus discípulos (cf. Mt 10,25).

Nestas situações, a atuação correta pode ser uma explicação simples e clara do nosso modo de proceder; sempre, claro está, que a parte interessada esteja disposta a escutar, aberta à verdade. Outras vezes, como diz aqui Claret, o mais sensato é não fazer caso, para evitar o risco de cair em um diálogo de surdos e em um desgaste inútil das próprias forças. O que não se deve fazer é pagar com a mesma moeda. Estaríamos incorrendo no mesmo defeito de quem nos critica ou nos calunia. O apóstolo Paulo nos oferece uma orientação simples e clara, válida para muitíssimas ocasiões: “Não se deixe vencer pelo mal; antes, vença o mal com o bem” (Rm 12,21). Este estilo de comportamento não se consegue sem mais nem menos; nossa vida deve ser alimentada constantemente por toda sorte de motivações e virtudes positivas. Trata-se, finalmente, de que o bem que está em nós seja mais forte que o mal com que pretendem atacar-nos.

Em um mundo em que o insulto, a ironia, a gozação ou a desqualificação do outro estão na ordem do dia, especialmente nos meios de comunicação, somos convidados a dar um testemunho da fé que ponha firmeza neste terreno escorregadio.

Qual é minha reação diante destes ambientes e situações hostis? Estou plenamente convencido da força do bem?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 27 de agosto

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

27 de agosto de 2020

“Terei para com Deus coração de filho e de esposa; para comigo, coração de juiz; e para com o próximo, coração de mãe” (Propósitos do ano 1865; em AEC p. 711).

CORAÇÃO MULTIDIMENSIONAL

Claret fala do seu coração polivalente: um coração obediente e esponsal para com Deus, severo consigo mesmo, carinhoso e compassivo para com o próximo. Ele não se fez o centro do seu coração, mas ali colocou Deus e o próximo. Isto me relembra uma pobre mãe que vi, enquanto esperava o trem, que cozinhou o pouco arroz que tinha e repartiu entre seu marido e seu filho enquanto ela se contentava com a água.

O amor sacrifical é o único que pode dar firmeza a uma vida; se não houvesse no mundo mães que se sacrificam, o mundo não poderia manter-se. Claret, o missionário, teve o coração amoroso de uma mãe, possível reflexo da mãe Igreja. Todo ser humano tem desde o nascimento capacidade de ternura e compaixão maternais, mas estas muito frequentemente não se desenvolvem.

Um coração materno está aberto totalmente, mas quando o ego se situa no centro do cenário, a pessoa se fecha em si mesma e se faz agressiva diante dos demais. O culto do ego foi a principal raiz do ódio, da violência e de tantas guerras no mundo. Se fôssemos capazes de desenvolver nossa capacidade de ternura e compaixão para com os outros, como o fez Claret, haveria mais paz, mais justiça e igualdade no mundo. Todos devemos saber que temos um coração para colocar dentro dele Deus e o próximo. Ter Deus no centro do coração é crucial para experimentar seu amor. Quem tem o coração cheio e amaciado pelo amor divino é como alguém que será capaz de olhar o outro com amorosa compaixão. É uma graça que deveríamos pedir constantemente, assim como Claret desejou o dom do amor e o recebeu como uma graça (cf. Aut 447).

Santa Teresa de Calcutá disse uma vez: “O que importa não é o que você faz, mas o amor com que você faz”. Se o amor não empapar nossas atividades, que diferença fazemos para o resto do mundo?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf