Claret Contigo

Claret Contigo – 07 de maio

Canonização de Santo Antônio Maria Claret (07/05/1950)

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

07 de maio de 2020

“A perfeição cristã consiste em amar a Deus e ao próximo, em fazer e praticar tudo que Cristo prescreveu, desprendendo-se de todas as coisas e apegos terrenos. Deus é caridade e quem permanecer na caridade, em Deus permanecerá e Deus nele. A caridade é o vínculo da perfeição” (L’egoismo vinto. Roma 1869, p. 57. Traduzido ao castelhano em EE p. 415).

À SANTIDADE PELO AMOR

“Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36). O evangelista Lucas transmite estas palavras de Jesus aos seus discípulos e a todos os que o escutavam. Mais tarde, no quadro da última ceia, ao despedir-se dos seus, lhes abriu seu coração e lhes confiou o mandamento novo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13, 34). E, através do gesto do lava-pés (cf. Jo 13, 1ss), quis indicar-lhes em que consiste a lei do amor que deverá governar suas vidas a partir daquele momento.

A perfeição cristã consiste em amar a Deus e ao próximo e em deixar-se guiar por este amor. Um excelente comentário sobre este texto do livrinho “L’Egoismo vinto” o mesmo Claret faz em sua Autobiografia. Ali nos fala do seu desejo irresistível de que Deus seja conhecido, amado e servido. “Oh! meu Deus e meu Pai, fazei que vos conheça e vos faça conhecido; que vos ame e vos faça amado; que vos sirva e faça com que vos sirvam; que vos louve e vos faça louvado por todas as criaturas” (Aut 233). E a este desejo acrescenta a paixão que sente pelo homem e por sua felicidade: “Oh! meu Próximo, eu o amo, eu lhe quero bem por mil razões. Amo-o porque Deus assim o quer… Amo-o porque Deus o ama. Amo-o porque você foi criado por Deus à sua imagem e para o céu. Amo-o porque você foi redimido pelo sangue de Jesus Cristo. Amo-o por tudo o que Jesus Cristo fez e sofreu por você e, em prova do amor que tenho por você, farei e sofrerei por você todas as penas e trabalhos, até à morte, se for necessário…” (Aut 448). Num dia como hoje, no ano de 1950, Claret era proclamado santo, era canonizado; assim se deixava constância de que estes desejos e afetos que dele recordamos não foram sentimentos estéreis, mas a energia profunda que regeu sua vida.

Deus é amor e quem permanece no amor permanece em Deus. Quem se deixa guiar pelo amor nunca se perde. Este é o grande ensinamento de Jesus. Este é o caminho que satisfaz os desejos mais profundos do coração humano.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 06 de maio

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

06 de maio de 2020

“A leitura mais piedosa que podemos fazer é a do santo Evangelho. Devemos meditar sobre ele e conformar nossa conduta com a regra de moralidade que nele nos oferece Jesus Cristo; ali está a verdade isenta de todo erro” (Carta Ascética… ao presidente de um dos coros da Academia de São Miguel. Barcelona, 1862, p. 45s).

PALAVRA DE VERDADE E VIDA

Diante da imagem, que se fez onipresente na vida moderna até produzir a cultura do audiovisual, a palavra perdeu muito terreno, pois se diz que “o vento a leva embora”, “aborrece” e é “pesada”. No entanto, a palavra é essencial para o homem: é ponte de contato, diálogo, entre as pessoas. Por isso a palavra adquire relevância especial no diálogo entre Deus e a humanidade.
A Palavra alimenta uma relação pessoal com Deus vivo, que quer salvar e santificar todas as pessoas. Quatro atitudes devemos tomar diante da Palavra. É necessário, em primeiro lugar, escutar a Palavra em sua revelação ao mundo. A primeira atitude do apóstolo é a de “ouvinte da Palavra”, de escuta do que Deus mesmo, em cada momento, lhe está comunicando. Logo, é preciso contemplar a Cristo, o rosto desta Palavra encarnada e manifestada. Contemplar o rosto de Cristo, para tê-lo impresso na própria vida como membro da Igreja. Nesta Igreja, comunidade dos reunidos no nome de Jesus, a Palavra se faz presente: em cada pessoa, em cada situação e em cada acontecimento. É preciso que a vida do apóstolo se deixe configurar pela Palavra. Finalmente, o apóstolo deve estar sempre em atitude de percorrer os caminhos da Palavra como expressão viva da sua vocação específica na Igreja. Deve colocar pés na Palavra, para que possa ir em todas as direções, dirigir-se a todos os povos, sem conhecer fronteiras territoriais, nem limites afetivos. A Palavra de Deus, que é eficaz, deve ser proclamada desde todos os rincões e por todos os meios, pois “a sociedade está desfalecida e faminta, desde quando não recebe mais o pão cotidiano da Palavra de Deus” (Aut 450).

Que poderíamos fazer em nosso grupo apostólico para a difusão mais eficaz de livros e opúsculos a fim de formar integralmente os que acreditam?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 05 de maio

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

05 de maio de 2020

“Oh! Meu Deus e meu Pai, fazei que vos conheça e vos faça conhecido; que vos ame e vos faça amado; que vos sirva e faça com que vos sirvam; que vos louve e faça com que todas as criaturas vos louvem” (Aut 233).

ORAÇÃO APOSTÓLICA

Esta oração é conhecida universalmente como a “oração apostólica” do Padre Claret. Possivelmente seja uma das mais famosas e populares orações saídas de sua pena. Nela recolhe um duplo movimento: para Deus e para os demais.
• “Deus” e “Pai” aparecem unidos na oração claretiana. Esta união é muito fecunda. Une duas experiências: a transcendência divina e seu amor misericordioso. Por isso, recitar esta oração desperta no orante uma purificação da imagem de Deus, fazendo-a evangélica. Quem a reza com atenção e fé expressa e alimenta eficazmente sua condição de criatura e de filho.
• Toda a oração está imbuída de gratuidade. Nela não há nenhum traço de prometeísmo. Por esta razão, justamente atrás da invocação inicial, acrescenta o verbo “fazei que”. Iniciar a súplica desta forma implica sentido de alteridade e, ainda, sentido de gratuidade. O que se pede se receberá como dom que se deve agradecer.
• As quatro petições duplas se apresentam com quatro verbos. Unidos assinalam um programa de crescimento espiritual e, ao mesmo tempo, um programa pastoral: “Conhecer, amar, servir e louvar”. E, hoje como sempre ou talvez como nunca, precisamos conhecer e fazer Deus conhecido porque Ele é o grande desconhecido e ignorado. Logo depois se diz que é imprescindível amar e fazer com que amem a Deus, porque ele, mais que amado, costuma ser temido e olhado com receio. Ainda devemos servi-lo e fazer com seja servido, porque com frequência muitos tendem a manipulá-lo e utilizá-lo. Finalmente, o louvor coral a Deus é o ápice de toda ação pastoral e de todo caminho de crescimento espiritual: o louvor divino, na liturgia, é o cume e a meta da vida cristã.


A proposta para você, que medita estas linhas, é clara: Reze lentamente a oração apostólica. Detenha-se em cada uma das quatro petições. Quem sabe você as aprenderá de cor? ou poderá levar uma cópia da oração no bolso e rezá-la com frequência.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 04 de maio

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

04 de maio de 2020

“Minha residência, embora nela permanecesse bem pouco, era Vich, e desde esta cidade saia com uma lista de povoados aonde ia pregar” (Aut 193).

ITINERANTE COMO OS APÓSTOLOS

Vic é uma cidade abençoada. Salvando distâncias, matizes e circunstâncias, o que “Cafarnaum” foi para Jesus e sua primeira comunidade de discípulos, Vic o foi para o Padre Claret e seus primeiros companheiros. Em Vic Claret viveu, sofreu, sonhou,… ali recebeu sua formação; ali foi chamado pela Igreja ao ministério; no seminário da cidade fundou a Congregação de seus missionários: desde aí também, e embora não durasse muito, estabeleceu seu quartel general de operações missionárias. A antiga Osona, Catalunha profunda, foi centro estratégico desde onde Claret plasmou seus ideais evangelizadores. Ali ficaram para sempre seus restos mortais, testemunhas de amores e aventuras.
Vic foi um trampolim. Jamais uma jaula de ouro. Foi lançadeira muito mais que banco. Se ainda não pode, amigo leitor, encarecidamente sugiro que vá a Vic. Lá sempre se vai de passagem. Visite seus rincões e praças, deixe-se acariciar pelo vento que derrama o altíssimo Montseny, sentinela da cidade; deixe-se modelar pelos úmidos frios de seus invernos intermináveis ou pelos sufocantes calores de seus verões. E, com ouvido atento, deixe que falem as pedras de suas ruas e caminhos, escute em silêncio a mensagem de suas capelas e templos, de seus pátios e rincões… detenha-se no lugar onde repousam, em sagrado silêncio, os restos do Padre Claret, para derramar a própria alma diante deles. Que lhe seja permitido, como abençoado presente, aí em Vic, sentir o que aí mesmo sentiu em sua alma limpa e grande o Padre Claret… há já muitos anos. Ouvi uma vez de um sábio missionário que “Vic dá arrepios”. É verdade. Não deixa ninguém igual.

Leitor amigo, não é verdade que há lugares que acendem em nós uma luz especial? Não é verdade que existem lugares que nos tornam melhores como uma bênção? Não é verdade que Vic não está tão longe?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 03 de maio

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

03 de maio de 2020

“Antes de tudo, pedir a Deus o que Santo Agostinho pedia: Noverim te, noverim me: fazei, Senhor, que eu conheça quem sois Vós e quem sou eu. Embora infinitamente inferior a Deus, o homem, feito à semelhança sua, é sua imagem. Deus e somente Deus pode ser e é o objetivo apropriado das tendências do homem; Deus e somente Deus pode ser e é o centro do homem e somente n’Ele o seu coração pode, por conseguinte, encontrar descanso” (O Trem. Barcelona 1857, p. 23).

CONHECER-ME EM DEUS

O conhecimento do que somos nos dá uma consciência mais clara de quem é Deus para nós; assim poderemos ver-nos como um conjunto de dons recebidos gratuitamente d’Ele; porque o típico de Deus é “dar”. Para Claret este conhecimento o faz viver em uma total confiança e dependência filial do Pai, em disponibilidade para o que o Pai quiser dele. E esta atitude não tem para Claret nada de servil, mas é fonte de alegria e de uma vida realizada.
Aprofundar em nosso conhecimento nos ilumina a realidade de Deus; e caminhar no conhecimento de Deus nos ajuda a perceber mais profundamente quem somos nós. Este duplo conhecimento é como a primeira pedra do nosso próprio edifício. É um tomar mais consciência da nossa verdade mais profunda. Experimentamos assim que somos criaturas amadas pelo Criador, isto é um dom que devemos desejar e pedir.
Descobrir, de forma experimental e não teórica, nosso ser de criaturas nos revela que nossa existência não se apoia em nós mesmos, mas que a recebemos e constantemente a recebemos. Não somos a origem de nós mesmos, mas existe um ser fundamental e fundante, original e originante, do qual recebemos o ser; Ele é quem nos dá consistência.
Mas, reconhecendo esta fonte primordial e originante, também nos é revelado que nossa existência é um projeto de humanização, pois quanto mais humanos, mais divinos. A encarnação do Filho, o homem perfeito, nos ilumina ainda mais este projeto. Esta é a grande realidade de sermos imagem e semelhança de Deus. Seremos seres “mais humanos” quanto mais habite em nós o Espírito de Jesus. A força do Espírito humaniza; e humanizar-nos é uma grande tarefa.


Em que medida eu me conheço a mim mesmo, minhas possibilidades, minhas limitações?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 02 de maio

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

02 de maio de 2020

“Pedirei a Maria Santíssima uma caridade abrasadora e uma união perfeita com Deus, humildade profundíssima e desejos de desprezos” (Aut 749.1).

ORAR A MARIA

“Pedirei…” Claret ora. Mas, o que é orar? Dizia Teresa de Jesus: “orar é falar de amizade, estando muitas vezes sozinha com Quem sabemos que nos ama”. A oração é a expressão da fé, seu estímulo e seu alimento. Quando oramos, o Espírito do Senhor nos anima sobre o que devemos fazer e nos ajuda a abrirmos os olhos para a realidade e a deixarmo-nos interpelar por ela segundo o coração de Deus.
Orar é escuta atenta e contemplativa do que está acontecendo em nossa vida, no que nos rodeia, no mundo, para descobrirmos, animados perlo Espírito, o que devemos fazer. E isto pode ser feito de diversos modos:
• Orar com a Palavra de Deus, espada de dois gumes, que nos penetra e descobre nossa verdade profunda, nos interpela, nos guia e orienta, nos consola, nos anima…
• Dar graças e louvar ao Senhor pelo que faz em nossa vida, pelos sinais de amor que derrama sobre nós e que constantemente percebemos se estamos atentos…
• Pedir humilde e simplesmente o que precisamos, com a confiança de que o Senhor sabe o que nos convém e acolhê-lo com o coração aberto.
• Interceder por nossos irmãos, sobretudo, pelos que sofrem por causa da injustiça, da violência, da pobreza e tantas formas de violação da dignidade humana.
• A meta de nossa oração: “uma caridade abrasada e uma união perfeita com Deus”.

Somente esta “caridade abrasada” fará do nosso mundo uma grande família no amor de Deus e dos irmãos. Somente a “união perfeita” fará eficazes nossos esforços: “Se não estais unidos a mim não podeis fazer nada…” (Jo 15,5). O segundo pedido de Claret, depois do amor, é a unidade. É o testemunho “para que o mundo creia” (Jo 17,21).

Concedei-me, Senhor, um amor entranhável para com todas as pessoas com quem convivo, com quem trabalho, com quem, cada dia, me encontro! E concedei-me estar sempre unido a Vós, como os ramos à videira, pois somente assim poderei dar fruto.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 01 de maio

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

01 de maio de 2020

“Toda ambição de uma alma que ama a Deus deve ser: estar na frente dos outros na humildade. Aquele que ama a Deus faz a vontade de Deus. A vontade de Deus se conhece por meio da obediência, da necessidade e da caridade” (Propósitos do ano 1860; em AEC p. 691- 692)

PROCURAR A VONTADE DE DEUS

Você já sabe o que significou Maria na vida de Claret. Foi Ela que o formou, como formou Jesus, na frágua do seu coração. Claret olha Maria e dela aprende a ser humilde. Um coração que ama a Deus sobressai na humildade, lhe é natural. Maria, a humilde, é toda de Deus e forma em seu coração Jesus, o “manso e humilde de coração” (Mt 11, 29). Também São Paulo convidava aos demais a aspirarem ao melhor dos dons, o amor; e observava que o amor não é invejoso, nem orgulhoso (cf. 1Cor 12,31; 13,4).
É característica do amigo, de quem ama, estar pendente da vontade do amado; conhecendo-a, poderá fazê-lo feliz. Mas, como conhecer a vontade do amado? Como saber o que Deus quer? Claret nos indica três caminhos, três atitudes certeiras:

  • a obediência. Começa pela escuta e desemboca no seguimento. A escuta acontece principalmente na oração. O agir segundo o querer de Deus é a prova de ter orado. Maria, a orante, exclama: “Que se cumpra em mim a tua vontade” (Lc 1, 38).
  • a necessidade. Certamente Claret a entende como carência do que é necessário para viver. Quem ama a Deus procura sua vontade, alimenta-se dela (cf. Jo 4,34). E experimenta satisfação, como Santa Teresa, que diz: “Quem tem Deus, nada lhe falta; só Deus basta”.
  • a caridade. É a que impelia Paulo e Claret, a que os enviava à missão, a fazer a vontade do Pai e ensinar a outros a fazê-la. Quem ama conhece a Deus e sintoniza-se com sua vontade, porque Deus é amor (cf. 1Jo 4, 7-8). Para Claret um filho do Coração de Maria, começando por Jesus que veio fazer a vontade do Pai, arde em caridade, abrasa por onde passa e inflama a todos no fogo do divino amor (cf. Aut 494).

Escuto eu a Palavra até fazê-la vida, até fazer-me discípulo? Que necessidades vitais eu sinto? Onde as sacio? Ardo em caridade até abrasar e inflamar a outros?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 30 de abril

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

30 de abril de 2020

“O sacerdote que trabalha sem mansidão serve ao diabo e não a Jesus Cristo” (Aut 376)

OS MANSOS “CONQUISTAM”

Na primeira carta de São Pedro se pede aos presbíteros da Igreja que ajam “não como verdugos, mas convertendo-se em modelos para o rebanho” (1Pd 5, 3). Sem dúvida, já nas origens da Igreja, houve pastores que, levados por um zelo exagerado pelas coisas de Deus, tal como eles as entendiam, estiveram privados de delicadeza e carinho para com aqueles a quem queriam servir. Com quanta facilidade o serviço se converte em poder e despotismo! Foi bem distinto o caso de Paulo em Tessalônica, onde, ao entregar a mensagem evangélica aos pagãos, convidando-os a que “abandonassem os ídolos e se convertessem ao Deus vivo e verdadeiro” (1Ts 1, 9), lhes mostrou uma ternura tal que puderam perceber sua disposição a “entregar-lhes, junto com o Evangelho, a própria vida” (1Ts 2, 8).

Claret se encontrou em sua vida missionária, principalmente em Canárias (1848-1849), com muita gente em “situação irregular”, com relação às normas da Igreja, sem uma consciência pacificada e sem poder aceder aos sacramentos, devido à formação jansenista-rigorista daquele clero. Este já não era representante do amor e da ternura de Deus. “Por isso, com estas doutrinas, já não absolviam as pessoas dos seus pecados” (EC, I, p. 279). Este modo de afugentar os fiéis Claret traduz com a expressão “servir ao diabo”. Ele, pelo contrário, preferiu o estilo generoso de Jesus, acolheu seu convite a imitá-lo na mansidão e, assim, “encontrou o descanso para sua alma” (Mt 11, 29). Recordava ainda a segunda bem-aventurança (Mt 5, 4), da qual dá uma interpretação original: os mansos possuirão a terra, isto é, “não só a terra prometida e a terra dos vivos, mas também os corações terrenos dos homens” (Aut 372). Era a sua própria experiência no apostolado missionário: as multidões lhe abriam o coração.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 29 de abril

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

29 de abril de 2020

“Sempre a leitura de bons livros foi considerada de grande utilidade; mas hoje em dia é uma necessidade, porque há um delírio por leituras e se o povo não tiver livros bons, lerá os maus. Os livros são a comida da alma…” (Aut 311).

ALIMENTAR O ESPÍRITO

Evidentemente, em nossa época a leitura entrou em colisão com o auge da imagem em todas as suas formas. Até parece que a leitura e os livros vão desaparecer diante do impacto da era digital e todas as formas de imagens que pululam aos olhos de todos nós e, sobretudo, das gerações mais jovens. Umberto Eco se refere a esta problemática em sua obra “Apocalíticos e integrados”.
É provável que a imagem, a leitura e a escritura coexistam, já que expressam e refletem dimensões profundas e ricas da linguagem humana. Quando Claret escreveu o texto que hoje refletimos, a escritura chegava ao auge depois de séculos de cultura artística onde a imagem se fazia acessível ao povo em templos e lugares públicos, enquanto que os escritos eram acessíveis a poucos.
Neste momento histórico, novas linguagens pegam voo e relevo; mas não excluem as anteriores, somos convidados a fazer uma rica síntese. Para o anúncio da Palavra de Deus e a chegada aos corações de tantas pessoas famintas e sedentas da mensagem salvadora se apresenta o desafio e a tarefa de empregar todos os meios e, hoje especialmente, estes meios de comunicação de massa.

Toda a rede de comunicação que veicula na internet se converte em um “novo continente” ao qual já chegamos e no qual devemos aprofundar, explorar e traçar rotas, sem impor, mas com a certeza de possibilitar fontes de acesso a mananciais de vida.

Como você se situa diante destas novas possibilidades da comunicação e transmissão da fé? Em que medida elas afetam a sua própria vida?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 28 de abril

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

28 de abril de 2020

“Todas as coisas, até as menores, estão anunciando o poder de Deus, sua sabedoria, sua bondade e outros atributos. Ao contemplar todas estas maravilhas e obras de Deus, vocês não podem senão exclamar com Santo Agostinho: “Senhor, o céu, a terra e todas as coisas me dizem que devo amar-Vos, meu Deus!” (Carta Ascética… ao presidente de um dos coros da Academia de São Miguel. Barcelona, 1862, p.7s).

OLHOS PENETRANTES

Na Espanha dos anos 60 e 70 do século passado se fez muito popular uma canção que dizia: “Não nos importa toda esta gente que olha a terra e não vê outra coisa senão terra” (Rafael). Uma lenda conta que Francisco de Assis passeava pelos campos tocando as ervas e as flores com um bastãozinho e dizendo-lhes que cantassem mais suavemente.
É possível ter variados tipos de olhares para o que está ao nosso redor, ao planeta que habitamos. Existe o olhar utilitarista, o científico, o poético e o teológico. Podem ser compatíveis entre si e enriquecer-se mutuamente, mas só o último nos permite chegar no fundo da realidade: Também da criação pode se dizer que “em Deus vivemos, nos movemos e existimos” (cf. At 17,28). Segundo o pensamento bíblico, o universo vem de Deus, para quem tudo era bom (cf Gn 1,31), e se dirige a Deus, a participar da sua glória; está gemendo por isso (cf. Rm 8,22). Caminha para o ponto ômega, dirá mais recentemente Teilhard de Chardin.
São João da Cruz contemplava nas criaturas a beleza de Deus: “indo e olhando / somente em sua figura / vestidas as deixou com sua formosura” (Cântico Espiritual); e filósofos crentes viram nelas o mesmo Deus. O panteísmo se considera um desvio, pois a criação é limitada e Deus não pode sê-lo; por isso se disse que “o panteísmo é o erro mais perto da verdade”. Creio que se atribui a Pascal a aguda expressão: “em uma gota de água há muito mais de Deus que de água, embora a gota de água não seja Deus”.
Nos últimos tempos vem sendo sublinhado um dever do homem diante da criação: o respeito e a responsabilidade. A sã ecologia é uma atitude crente e ética. Não podemos fazer qualquer coisa com o mundo, pois pertence à geração seguinte e devemos entregá-lo sadio e formoso.

Percebo no universo um reflexo da beleza de Deus? Ou vivo quiçá algum espiritualismo desencarnado? Em que se nota minha responsabilidade ecológica?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf