Claret Contigo

Claret Contigo – 27 de abril

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

27 de abril de 2020

“Ao não estar tão divulgada a notícia de que eu pregaria nestas missões, me aconselharam a não pregar, porque diziam, e eu acredito, que estaria em perigo minha vida; mas eu, com prazer, estou disposto a dar a vida por amor de Jesus Cristo e para a salvação das almas” (Carta à V. M. Antônia París, 12.3.65, em EC II, p. 868).

TUDO POSSO NAQUELE QUE ME CONFORTA (Fl 4,13)

A vocação de Claret foi pregar o Evangelho. Sentiu-se identificado com Cristo evangelizador que percorria povoados e aldeias em companhia da comunidade de discípulos. “O que mais me moveu foi contemplar Jesus Cristo indo de um povoado a outro, pregando por todas as partes…” (Aut 221).
É impossível contemplar Jesus Cristo evangelizador sem perceber que foi perseguido. Não só se tentou neutralizar sua palavra, mas alguns se propuseram eliminá-lo (cf. Lc 13,31; Jn 11,50). Claret se expressa assim: “Quantas perseguições! Foi considerado sinal de contradição, foi perseguido em sua doutrina, em sus obras e em sua pessoa, até tirarem-lhe a vida…” (Aut 222).
Como é possível ir tranquilamente a pregar, quando se sabe que a própria vida corre risco? Ou, o que pode superar o medo? Quando Padre Claret nos conta que seu modelo evangelizador era o próprio Jesus, os Apóstolos e Profetas que falaram em nome de Deus e os Santos e Santas que mais se dedicaram à propagação da Palavra, conclui dizendo: “inflama-se em mim um fogo tão ardente que não me deixava estar quieto. Tinha que andar e correr de uma parte a outra, pregando continuamente…” (Aut 227). Este fogo era mais forte que as ameaças e riscos.
Sentiu-se tão identificado com a experiência do evangelizador Paulo que adoptou como lema episcopal sua conhecida expressão: “O amor de Cristo me impele” (2 Cor 5,14). E também com a de Jeremias, para quem “a Palavra de Deus era fogo em meu coração, e queima meus ossos” (Jr 20,9). Isto o fez vencer todas as resistências.

As dificuldades que encontro na vivência ou no testemunho da fé, me levam ao desânimo ou são ocasião privilegiada de crescimento na paixão evangelizadora? Onde encontro forças para superar os temores?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 26 de abril

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

26 de abril de 2020

“Aprecie o decoro da casa do Senhor, os ornamentos e as alfaias; sobretudo a seriedade nos divinos ofícios, na administração dos Sacramentos, da divina palavra, etc., fazendo tudo com reverência a fim de avivar a fé e fomentar a piedade no povo” (Avisos a um sacerdote que acaba de fazer os exercícios de Santo Inácio. Vich 1844, p.9).

SENSIBILIDADE ESPIRITUAL

O sentido do Sagrado que nossos antepassados tiveram se perdeu em muitas regiões do planeta, sobretudo, no secularizado mundo ocidental. Claret tinha percebido algo disto no seu tempo e advertiu os sacerdotes para que recuperassem algo tão belo como o “estremecimento” diante do divino. Inclusive nas celebrações da adoração eucarística, percebe-se certo clima de indiferença ou insensibilidade.
A participação em celebrações litúrgicas pode converter-se em uso social, perdendo aquela sua dimensão de encontro com Deus. Não percebe que uma das razões da decadência da fé é esta perda do sentido do sagrado?
Para recuperá-lo, a Igreja precisa de pessoas com profunda experiência de Deus. Não é difícil esta experiência quando temos o dom da Eucaristia, na qual usufruímos desta presença qualificada do Senhor no meio de nós. Ele está no centro da Igreja, no meio dos seus. Se tivermos consciência disto, desta proximidade “estremecedora”, seremos capazes, sem dúvida, de permanecer ali em profundo silêncio e veneração.
A experiência do “sagrado”, no templo, nos infundirá o sentido do “sagrado interior”, em nós mesmos, da nossa dimensão transcendente, inclusive do nosso próprio corpo como templo do Espírito Santo (cf. 1Cor 6,19), no qual se encontra outra forma de presença eucarística.

Daí, progressivamente, passaremos a perceber o sagrado dos demais, a respeitá-los como um lugar de encontro com Deus. Finalmente, o mesmo mundo se converterá em lugar de manifestação do divino. Quem encontra Deus em si mesmo, nos outros, no mundo, poderá experimentá-lo de forma mais intensa na celebração cultual.

Você conserva e testemunha o sentido sagrado dos outros, da vida humana, da criação, da história? Que meios adota para recuperá-lo ou enriquecê-lo?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 25 de abril

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

25 de abril de 2020

“Se as criaturas lhe fazem falta, se a tentação o ameaça, se a tribulação o aflige e as dores de morte o cercam, por nenhuma destas coisas você deve perturbar-se, nem demonstrar-se covarde, pois ao meu Filho Santíssimo e a mim desagrada tanto que você impeça sua poderosa graça para defender-se” (Apontamentos de exercícios espirituais de 1854; em AEC p 675).

INTEGRIDADE NA ADVERSIDADE

Este texto Claret tomou da M. Ágreda em um momento pessoal de difícil discernimento. Anos mais tarde, em 1866, tendo sofrido perseguições e calúnias em seu serviço apostólico, publicou um opúsculo “Templo e palácio de Deus Nosso Senhor” (Barcelona 1866; 69 pp), em que partilha com seu público as lições de vida que das perseguições tirou. Amigo de comparações e metáforas, já no prólogo sintetiza em uma imagem a atitude do cristão na hora da perturbação: Todo cristão deve fazer como um compasso que das duas pontas fixa uma no centro e com a outra se coloca em movimento para descrever o círculo perfeito.
Fixar bem o centro é colocar o coração em Deus, nunca perdê-lo de vista. É a dimensão contemplativa que deve expressar toda vida cristã, como ensinava já Santo Tomás de Aquino. Somos templo de Deus e seu Espírito habita em nós, dizia São Paulo (cf. 1Cor, 3,16). E esta presença de Deus em nós vai sendo construída se o amamos e guardamos sua palavra; Jesus nos garante: viremos a ele e faremos nele nossa morada (Jo 14,23). O círculo perfeito não é outra coisa que ir realizando continuamente os deveres do próprio estado, segundo o traçado da mesma Palavra de Deus. Implica uma atitude positiva no pensar, no amar e no servir, seguindo em tudo os passos de Jesus.
Quando organizamos assim nossa vida, vamos consolidando uma paz profunda que afasta qualquer forma de perturbação que possa nos afetar: possíveis carências, dores físicas ou espirituais, fantasias enganadoras ou frustrações. Os mestres espirituais ensinavam que a perturbação resultante destes elementos dispersivos nunca é boa conselheira.

Devemos pensar na forma que tem a pessoa de Jesus em nossa vida: a de uma ideia abstrata? A de alguém que o tira sempre dos apuros? A de um centro unificador desde onde todo o nosso ser se ilumina e se mobiliza com harmonia e com paz?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 24 de abril

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

24 de abril de 2020

“Uma comunidade, uma religião, se não tiver espírito não subsiste. Quem não tiver o espírito de Cristo não poderá ser de Cristo (Rm 8,9). O espírito se perde na inobservância de coisas que parecem pequenas, mas que são de grande transcendência. Deus ama muito a fidelidade do homem em coisas pequenas” (Notas sobre o Concílio Vaticano I, em AEC, pp 578-579).

DA CONVIVÊNCIA À FRATERNIDADE

Existe diferença entre viver juntos e viver em comunidade. É a diferença que existe entre a proximidade de coisas materialmente justapostas e a de pessoas que se sentem convocadas e sustentadas por um vínculo, um projeto comum. As pessoas humanas, todas, têm necessidade de vínculos. Nós nos sentimos realizados na pertença a uma comunidade. É nossa vocação de humanidade, seja qual for o caminho ou estado de vida. E aí se joga a nossa felicidade.
Quando Claret fala de espírito faz referência ao vínculo que surge da nossa condição de cristãos. É um vínculo de fraternidade, porque todos nos sentimos filhos amados de Deus, graças à obra de Jesus. Quer dizer que são muitas as coisas que podemos partilhar, muitas as experiências a que estamos chamados a viver juntos e que redundam em nosso crescimento e nossa felicidade.
Ninguém ignora que o crescer e o ser feliz provêm do viver cotidiano. São as coisas pequenas de que fala Claret, as que mais contam nisto. Muito mais que o ser donos de uma grande inteligência, de uma profissão prestigiosa, de uma boa posição econômica. O que mais nos plenifica e nos faz crescer em Cristo são os pequenos gestos cotidianos de atenção a quem está ao nosso lado: o cultivo do diálogo, o partilhar os serviços, o sair ao encontro de suas necessidades e dores, o conceder espaço no coração, no mútuo carinho. Traduzindo o sentido conventual da palavra “inobservância”, entendemos que ela censura o descuido destes elementos que consolidam no cotidiano os vínculos de uma convivência de sabor evangélico. Porque somos seus filhos, Deus ama a quem é fiel em construir diariamente esta fraternidade.
Talvez tenhamos que tomar consciência dos vínculos que tecem nossos contatos e perguntar-nos se personalizamos este relacionamento com nosso próximo, se contamos com o respeito pelo outro, o apreço por seus valores, por sua dignidade de imagem de Deus. Aflora em nosso viver cotidiano, em nossas pequenas coisas, a fraternidade evangélica?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 23 de abril

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

23 de abril de 2020

“Jesus Cristo foi condenado à morte e levou a cruz. E nos ensinou como devemos estar crucificados para o mundo e o mundo para nós” (Relógio da paixão, em EE p. 199).

CRUCIFICADOS PARA O MUNDO

Até o seu encontro com o Senhor, Paulo era um fiel fariseu, cumpridor da lei judaica, confiante de que ela daria a salvação. Mas seu conhecimento de Cristo (cf. Fl 3,8) o levou à experiência da autêntica liberdade, paradoxalmente identificada com estar “crucificado com Cristo” (Gl 2, 20), em comunhão crescente com Ele: “já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim”. É uma criatura nova (2Cor 5,17), pelo poder de Cristo e não por observar a lei. E quem pertence a Cristo é um crucificado, pois “os que são de Cristo crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências” (Gl, 5,24).
Claret, desde sua união com Cristo, viveu como um crucificado para o mundo. Um crucificado é um morto; e Claret estava morto para o dinheiro, o prestígio ou a vida fácil. Viu estes “valores” durante sua juventude em Barcelona (Aut 66-67). Mas um dia a Palavra de Deus o “feriu como uma seta” (Aut 68), e lhe mostrou a vaidade de tudo aquilo, e que ainda o punha em perigo de perder-se.
A Palavra de Deus (Aut 111-120) e o acompanhamento espiritual (Aut 69) levaram Claret a estar cravado na cruz do Ressuscitado em vez de estar na cruz do mundo. A voz do Mestre o obrigou a discernir a vontade de Deus, o caminho da sua autêntica realização. É a voz de Jesus que se encarnou na voz de muitos diretores espirituais: eles o orientaram em seu caminho para o sacerdócio, para a missão, a fundar sua Congregação de Missionários, a aceitar o arcebispado de Cuba.
Cada pessoa tem um caminho para sua realização e uma necessária busca. Deve ouvir as vozes interiores e exteriores e ser fiel. A autossuficiência pode levá-lo a enganar-se a si mesmo.

Você teve a experiência de desprender-se de alguma cruz escravizante para cravar-se na de Cristo? Serviu-se para isso da ajuda de algum diretor espiritual? Que facilidade você tem de abrir seu coração a alguém e de deixar-se avaliar e orientar?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 22 de abril

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

22 de abril de 2020

“Sinto-me chamado a escolher o mais pobre, o mais humilde, o mais doloroso entre duas coisas que deem igual glória de Deus” (Aut 699).

LIBERDADE SUPREMA

Saber escolher, poder tomar decisões é um grande prêmio para o ser humano. E um desafio. Não posso deixar de tomar decisões. Minha liberdade, minha maioridade, e também minha maturidade cristã se traduzem na capacidade de escolher e decidir.


Claret nos convida hoje a fazer bem a escolha do caminho e da meta. Muitos se conformam com não fazer o mal, que já é algo. Mas seguir Jesus vai mais além do escolher entre o bem e o mal. Na vida cristã você se encontrará com a tarefa de ter que discernir entre duas coisas boas. Sobretudo, no caminho vocacional: Como saber qual é o caminho que me indica o Senhor? Onde posso servir mais e melhor?


A vida de Claret esteve cheia de encruzilhadas, que o obrigaram a explicitar seu critério em opções concretas. Que critérios usaríamos nós para escolher de um modo acertado? Claret lhe oferece alguns. Serão coisas do passado? Vejamos:
• Ele escolheu o mais pobre. O mensageiro vai sem nada para o caminho, com pouca bagagem, somente com o envio e com a Boa Notícia por vestido; ela é seu tesouro. O que é mais pobre não distrai, não entretém, não atrapalha; e dá agilidade para o anúncio.
• Claret escolhe o mais humilde. Teria ele poucos candidatos para desempenhar esta tarefa. É preciso estar muito convencido por dentro, dispor de um plus de liberdade. Como Maria, Claret sente que Deus se compraz na pequenez. E se examinará muitos anos sobre a humildade.
• Sente-se ainda chamado a escolher o mais doloroso: a cruz, entregar a vida, morrer para si mesmo. Meu discernimento será acertado se me levar a amar mais do que amei até agora, a maior entrega, finalmente, a caminhar com mais cruz.


Senhor, concedei-me ser vosso discípulo; que seja capaz de deixar tantas coisas que me atam, carregar a cruz e seguir-vos (cf. Mc 8, 34).

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 21 de abril

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

21 de abril de 2020

“Oh! meu Deus, que paciência tão grande Vós tivestes comigo!” (Aut 65).

ESTRANHO CALENDÁRIO DE DEUS

Dizemos que a paciência é a capacidade de sofrer as adversidades com valor. E é também a capacidade de esperar com perseverança e tranquilidade uma coisa que tarda. Deixe falar seu coração e olhe com sabedoria qual foi sua história até o dia de hoje. Esta é também “historia salutis”, história de salvação. E, com inteligência e sabedoria, contemple e agradeça a capacidade que Deus lhe deu para padecer, suportar e sofrer, sem deixar de manter sua bondade, sua promessa, seu projeto de salvação para a história e o mundo.
A paciência divina significa também sua capacidade de saber esperar em você porque o quer pelo que você é, seu filho, e porque deseja muito aquilo a que você está chamado a ser e a fazer. Mantenha seu olhar de crente fixo na paciência do Pai da parábola da misericórdia que, como sabe, cada dia, à porta da casa, olhava de longe em direção do caminho, esperando pela chegada do filho pródigo. Sua paciência tem sabor de amor eterno e o brilho de amor fiel porque, aconteça o que acontecer, continuará apostando fielmente em você, porque, embora seu pai e sua mãe se esqueçam de você, continua sendo gravado na palma da mão de Deus e o leva na menina dos olhos. O poeta exclamou à sua maneira, sempre bela e verdadeira, quando escreveu “que tenho eu que minha amizade procuras / que interesse te persegue, meu Jesus / pois, à minha porta, coberto de orvalho, passas as noites do inverno no escuro?”.

Apesar das entranhas duras e dos estranhos desvios, seu amor paciente continua sempre crescendo à porta da sua vida. E continuará esperando, paciente, à porta da sua casa, chamando, até que você o escute e lhe abra e o faça sentar à sua mesa e partilhe com ele o pão e o vinho. Diz um refrão que a paciência é a árvore de raiz amarga, mas de frutos muito doces. De tal modo que, para Deus, a paciência e o tempo fizeram e fazem mais que a força e a violência. Você se conserva inteiro, forte e paciente em meio às dificuldades, aos problemas?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 20 de abril

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

20 de abril de 2020

“Ali aprendi quanto convém tratar a todos com afabilidade e agrado, mesmo os mais rudes; e como é verdade que melhor partido se tira tratando os outros com doçura que com aspereza e grosseria” (Aut 34).

EFICÁCIA DA AFABILIDADE

No pensamento e na literatura destes últimos anos é frequente a expressão “inteligência emocional”. Certamente você tenha ouvido falar dela; talvez tenha lido algo a esse respeito. A inteligência não é uma realidade unitária nem estreita. A afabilidade, o agrado, a doçura supõem a preocupação pelo outro, seja quem for, e o respeito solidário com ele. É, como costumamos chamá-lo agora com outra palavra, a empatia. E esta é a maneira de conectar com o outro, a um nível mais profundo, mais além do superficial e tangencial e de tratar de responder ao que necessita.
É esta atitude positiva, benevolente (que quer bem) e benfeitora (que faz bem) aos familiares, aos vizinhos e às pessoas desconhecidas com as quais podemos nos encontrar somente alguma vez ou de vez em quando. Com esta inteligência emocional se reafirmam e aperfeiçoam outros valores: a generosidade e o serviço no colocar à disposição dos demais o tão precioso tempo e outros não menos preciosos recursos pessoais; a simplicidade com a qual não se faz distinção entre as pessoas por sua condição; a solidariedade ao tomar nas próprias mãos os problemas alheios fazendo-os próprios; a compreensão, pela qual, ao colocar-nos no lugar de outros, descobrimos o valor da ajuda desinteressada e gratuita.

Talvez tenhamos que levar em consideração, entre outras coisas, nossos bloqueios afetivos e emocionais com determinadas pessoas, em algumas circunstâncias. Estes bloqueios que se concretizam e visibilizam de mil maneiras diferentes, em azedumes, arrebatamentos, asperezas, durezas, nervosismos, rigidez, silêncios. Certamente, antes e agora, no passado e no presente, você reconhece e agradece aquelas pessoas que o estimaram, que foram afetuosas, de maneira gratuita, desinteressadamente, isto é, sem outra intenção ou interesse que você mesmo. E você, por exemplo, que entende por cordialidade? Lembra-se de alguma experiência positiva de alguém que tenha sido ou esteja sendo cordial com você?

Traduzido por: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 19 de abril

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

19 de abril de 2020

“Com respeito à fundação de Jaca não sei o que dizer-lhe, sempre dou com certo medo conselhos em coisas que me pede sobre a Congregação, porque me lembro sempre da cautela com que procedia Santo Inácio com respeito à Companhia, quanto ao não meter-se com os que governam. Não duvido de que senhor terá falado com os senhores Consultores. Rogarei a Deus e à Santíssima Virgem para que acerte” (Carta ao Pe. José Xifré, 11 de julho de 1867, em EC II, p. 1172).

A CADA QUAL SUA RESPONSABILIDADE

Jaca é uma cidade espanhola, da Província aragonesa de Huesca. Enquanto a Congregação de Missionários de Claret ia crescendo, muitos bispos pediam ao Superior Geral que estabelecesse uma comunidade em sua diocese. Mas alguns preferiam acudir diretamente a Claret; em tal caso, ele desviava o pedido para o Geral, Pe. José Xifré. No presente caso, como em outros, é o próprio Xifré quem consulta Claret sobre um pedido recebido. Mas Claret, embora fosse o fundador, com certa discrição, prefere não interferir em decisões de governo, não toca a ele.
Uma das experiências que com frequência fazemos na vida é “quando alguém se mete onde não é chamado”, ou quando uma autoridade invade o campo de outra. No caso que comentamos, Claret deixa que seja a autoridade competente a que decida. Uma coisa é dar um conselho, quando de alguma maneira é pedido, e outra é intrometer-se.
Às vezes acontece também nas famílias, como, por exemplo, quando os pais querem mandar na vida dos filhos adultos. Não é fácil para alguns pais aceitar a maioria de idade de seus filhos, esquecendo-se que também eles quando jovens não teriam gostado da intromissão de seus pais. Pedir conselho é algo sempre positivo e mais ainda quando se trata dos próprios pais; e é óbvio que o pai ou a mãe deem o melhor conselho que acreditem oportuno. Coisa muito diferente seria pretender “governar”, embora com a melhor das intenções, os filhos maiores de idade.

Em minha vida ordinária, ofereço com gosto e respeito meus conselhos, que julgo oportunos, prudentes, fruto da própria experiência, proveitosos a quem me pede? Sou talvez um intrometido que pretenda governar a casa alheia? Ou peco talvez de indiferença diante de quem passa por situações de perplexidade ou desorientação?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 18 de abril

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

18 de abril de 2020

“A verdadeira paz do coração não se acha no retiro ou na fuga das ocupações em que Deus quer empregar os seus servos… Quando as ocupações chegam por meio da obediência ou do dever, não se deve temer; elas mesmas nos conduzem a Deus” (Carta Ascética que escreveu ao presidente de um dos coros da Academia de São Miguel. Barcelona 1862, p. 20).

PAZ NO TRABALHO COTIDIANO

O Padre Claret admite a possibilidade de um vínculo entre trabalho e paz interior mostrando o motivo pelo qual se trabalha. Entre trabalho e paz interior não há incompatibilidade, mas complementariedade. Reconhecendo a importância do silêncio e retiro para a paz interior, sabe muito bem que o trabalho não tem motivo para impedi-la. O trabalho realizado em atitude de obediência nunca prejudicará a sensibilidade espiritual de quem o realiza.

A obediência é fruto do amor (cf. Jo 15,14); é a forma mais autêntica de expressá-lo. Claret afirma que “o fazer e o sofrer são as grandes provas do amor” (Aut 424). Esta experiência se vive já no âmbito familiar, onde os pais trabalham pelo bem dos seus filhos, simplesmente porque os amam; sua própria vocação de pais os leva a aceitar os sofrimentos que o trabalho possa trazer consigo; o que conta é a motivação! O trabalho obrigado, que não responde a uma vocação, mas a uma mera necessidade, pode dar origem a tensões interiores e não ser fonte de paz.

Nem é preciso dizer que este foi o caso de Claret; ele estava enamorado do que fazia. Estava no seu. Por isso se diz que ele foi um “contemplativo na ação”, ou, como o formulou acertadamente o Papa Pio XII ao canonizá-lo, Claret andava “sempre na presença de Deus mesmo em meio à sua prodigiosa atividade exterior”.

Nosso trabalho, vivido desde a vocação cristã para transformar o mundo ou desde as necessidades evangelizadoras da Igreja, deve trazer-nos paz interior; se não for assim, devemos questionar nossa compreensão do trabalho e do descanso. E é preciso fugir do trabalho viciado, do ativismo que é tradução da fuga de si mesmo e de Deus, procurando o silêncio e a paz em que pode fazer ouvir sua voz.

Como vivo minha condição de trabalhador? Manifesto minha vocação de pai ou mãe de família e de membro da família de Jesus?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf