Claret Contigo

Claret Contigo – 27 de maio

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

27 de maio de 2020

“…..ontem quando ia (à igreja), vi os que estavam diante da igreja e quando estes me viram fugiram em vez de ouvirem a missa, falando palavrões e maldições contra a minha pessoa; mas nem todos se retiraram… receio que querendo imitar Jesus Cristo que expulsou do átrio do templo os não devotos, me aconteça alguma desgraça. O que comunico à vossa senhoria tem o objetivo de colocar remédio a tanta maldade. Senão me vejo obrigado a passar a outra paróquia por não ter que estar aqui continuamente lutando com estes e outros que a prudência me manda calar” (Carta ao Prefeito de Sallent, 2 de maio de 1836, em EC I, p.77).

O MISSIONÁRIO É PACIENTE

J. Hudson Taylor disse: “Existem três requisitos para os missionários: paciência, paciência e paciência”. Pensando no que escreve Claret nesta carta, certamente sentiu-se humilhado e ferido pela atitude de alguns de seus fiéis. Foi à sua cidade cheio de zelo e entusiasmo por trabalhar para que Deus fosse ali mais conhecido, amado e servido. Mas encontrou-se com tal oposição que chegou a pensar em pedir outra paróquia.

Ele disse: “a prudência me pede que esteja tranquilo”. Provavelmente foi o melhor que pude fazer naquele momento para evitar enfrentamentos posteriores. Claret tinha a suficiente paciência para controlar magistralmente seu desgosto e frustração. A paciência é uma qualidade importante para um missionário; no futuro experimentaria ainda mais vivamente a necessidade de exercitá-la.

Em nossos territórios de missão temos a experiência de que o povo não chega pontualmente para as atividades comuns, nem sempre coopera com o missionário, e inclusive às vezes age contra ele. Mas ele deve ter paciência com eles, segundo o exemplo de São João Maria Vianney, o “Cura d’Ars”. A paciência é fruto da humildade e da experiência da real presença de Jesus em nós. Depois de tudo, uma testemunha de Jesus nunca está sozinho: leva Cristo consigo, já que não está fazendo seu capricho pessoal, mas está participando da única missão de Cristo.

Quando um apóstolo, sacerdote ou leigo, toma consciência de que o Senhor o escolheu para que participe da sua missão, sente-se automaticamente humilde, portador de um dom que o supera. A missão que desempenha vem da presença de Cristo nele. E assim, a experiência de rejeição talvez o afete positivamente, ao ver-se mais identificado com Jesus. Levando tal sofrimento em sua companhia, a paciência lhe permitirá viver com elegância esta dura situação. Que a paciência nos faça testemunhas maduras do Evangelho.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 26 de maio

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

26 de maio de 2020

“Exercitar-me-ei nestas jaculatórias: Oh! Meu Jesus! Assim como a água se junto ao vinho no santo sacrifício da Missa, assim desejo eu juntar-me convosco e oferecer-me em sacrifício à Santíssima Trindade. Oh! Meu Jesus! Que quereis que eu faça por vosso amor? Não desejo outra coisa senão conhecer vossa vontade para cumpri-la, custe o que custar” (Propósitos do ano de 1857; em AEC p. 682)

ENTREGA TOTAL

Chamam-se jaculatórias aquelas formas breves de oração com as quais, desde há muito tempo, os crentes se dirigiam a Deus nas mais diversas circunstâncias. Muitos se beneficiaram com a proposta do célebre livro do Peregrino russo. Por sua vez, o Padre Claret considerava as jaculatórias como “os respiros da alma que ama a Deus” (cf EE p. 89). Era o significado da brevidade, da frequência, da vivência intensa de um momento, com a variedade de desejos, atitudes ou sentimentos com que podemos elevar o coração ao Senhor, quer desde nossas próprias vivências, quer desde as necessidades do próximo.
Sempre foram consideradas como formas de santificar a jornada, oferecendo ao Senhor as obras que vamos abordando, ou, as dificuldades que vamos encontrando. Claret fazia com que este seu oferecimento se unisse ao de Jesus no sacrifício eucarístico e se valia com frequência das muitas pequenas orações que encontramos nos evangelhos. São duas formas, através do sacramento e da palavra, de reiterar nossa comunhão orante com Jesus nosso Mestre.
Atualmente, com a abundância de informação que recebemos em tempo real, podemos recolher tudo em uma breve elevação de ação de graças ou de súplica que se volte sobre a realidade do nosso mundo: assim viveremos, desde nossa pequenez, em comunhão ecumênica e missionária com toda a humanidade em suas alegrias, esperanças e dores, mantendo vivo nosso amor por este mundo que “Deus ama tanto”. E desta forma, ao ser nossa oração diálogo com Deus, incorporamos nesta comunicação o clamor da criação inteira de que falava São Paulo (cf. Rom 8,22).

Talvez o corre-corre das próprias atividades diárias possa dar-lhe a impressão de dispersão interior. Não pensou nunca que, neste contexto, que suas pequenas súplicas ou louvores podem ajudá-lo a enriquecer sua unidade íntima com Deus e a dar nova qualidade ao seu relacionamento com o seu próprio mundo?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 25 de maio

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

25 de maio de 2020

“Quando o homem é fiel e responde com grande força de vontade, pode fazer grandes coisas. E, se é perseverante, sem deixar nem afrouxar no que iniciou, é inexplicável o que faz; sempre, no entanto, ajudado pela graça de Deus. Ditoso quem for fiel… quem não se orgulha de si mesmo, mas põe toda confiança em Deus, não atribui nada a si mesmo e tudo a Deus; quem não fala de si, nem para louvar-se, nem para desprezar-se, mas que cala; quem pensa no que faz, porque o faz de Deus, por Deus e para Deus” (Notas sobre o Concílio Vaticano I, em AEC, p 579).

QUE SIGNIFICA FIDELIDADE?

Todos nós temos um conhecimento experiencial do que é fidelidade. Na amizade, na vida conjugal, no âmbito do trabalho…

Ela expressa o modo como nos colocamos em nossas relações com quem está presente em nossa vida e significa algo para nós; alguém que, enquanto outro, ao mesmo tempo nos transcende e pode enriquecer-nos como pessoas. Fidelidade tem algo a ver com fé, elemento fundamental na convivência humana e que implica antes de tudo aceitação do outro como pessoa e, logo, da sua palavra e do seu testemunho cuja validez não se discute, gerando em nós um compromisso, uma conduta coerente.

Quando nós cristãos falamos de fé e fidelidade, fazemos referência, sobretudo, à nossa relação com este Alguém que é Deus, cujo rosto e cuja Palavra se manifestaram em Jesus, o Filho. Com sua presença, seus fatos e sua mensagem, Jesus é a testemunha fiel (cf. Ap 1,5). Ser discípulos de Jesus implica fidelidade á sua palavra e à sua proposta, manifestada em fatos: fidelidade que se constrói no tempo, com a perseverança de quem se reconhece discípulo em todas as etapas e encruzilhadas da vida.

A atitude fundamental do discípulo, consciente de que isto não foi uma conquista própria, mas graça e convite do Senhor, não pode ser outra senão a de humildade e de agradecimento. Tudo o que alguém consegue fazer, diz Claret, é fruto do amor de Deus, é obra da sua graça e tem como objetivo a manifestação da sua glória. Daí que os sentimentos e a linguagem do discípulo devem ser de louvor do Senhor, com esquecimento de si mesmo.

Vivida assim, a fidelidade passa do puro cumprimento de um dever à categoria de um ato de amor, uma vida de amor.

É muito importante que nos perguntemos se nossa vida se constrói somente sobre obrigações ou se está sustentada por opções inspiradas em um amor fiel, que pode enchê-la de alegria e convertê-la em boa nova para os demais.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 24 de maio

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

24 de maio de 2020

“Jesus Cristo pediu ao eterno Pai perdão para os que o crucificavam. E nos ensinou como devemos perdoar e amar nossos inimigos” (Relógio da paixão, em EE p. 199).

GRANDEZA DE CORAÇÃO

Não é fácil perdoar a quem nos tem ofendido; a tendência à vingança ou ao rancor parece inata em nós. Mas Jesus passou repartindo perdão gratuito e desde a cruz pediu perdão para seus verdugos. Seu coração era assim espaçoso que tinha lugar para perdoar até os inimigos (cf. Mt 5, 44). O amor aos inimigos era para Ele o caminho para chegar aos filhos de Deus, que se “parecem” com o Pai. Na oração ensinada a seus discípulos apresenta nossa opção pelo perdão aos ofensores como sinal da nossa acolhida do perdão do Pai (cf. Mt 6, 14; 18, 35), e só quem perdoou pode apresentar a Deus uma oferenda agradável (cf. Mt 5, 24). A prática do perdão só é possível para quem se vê perdoado. Quem experimentou a gratuidade a difunde (cf. Lc 7,47).

O Padre Claret viveu a fundo o exemplo do seu Mestre no perdão de seus perseguidores. Perdoou de todo coração o seu agressor em Holguín (Cuba, 1856; cf. Aut 583 y 585). Durante seus anos de intenso apostolado em Madri, padeceu todo tipo de calúnias, maledicências, sarcasmos e inclusive vários atentados; a todos perdoou encomendando-os a Deus e amando-os de coração (Aut 628).

Cada ser humano leva em seu interior o sentido de culpa. Não podemos escapar da experiência do remordimento e, por saúde mental, precisamos que alguém nos permita saborear o perdão. Desde esta experiência nos acostumamos a gostar do perdão de Deus. O Senhor nos manifesta seu amor através do seu perdão sem julgar; aos pecadores do evangelho nunca lhes exigiu uma confissão humilhante (cf. Jo 8,11). Colocar-se sob a ação vivificadora de Jesus é o começo da aceitação da sua compaixão, seu perdão generoso. E ele nos ensina a dar a vida pelos outros com esta mesma generosidade.

Sinto necessidade de perdão? Celebro o sacramento da reconciliação como experiência vivificante? Tenho a habilidade de dar vida a outros “ignorando” as faltas?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 23 de maio

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

23 de maio de 2020

“Oh! quanto convém hoje em dia fazer circular escritos bons a fim de contrariar a multidão de [escritos] maus!” (Aut 708).

VEÍCULOS PARA O BEM

Um dia meu avô me encontrou sentado diante do computador. Ao ver-me tão concentrado e depois de longo tempo, se aproximou para dizer-me: “Ouvi dizer que por meio deste aparelho estão recebendo e fazendo muito mal”. A seguir lhe respondi: “É a nova máquina de escrever. Ainda, através deste meio posso conseguir a informação que o senhor precisar” Não tardou o avô em pedir-me uma informação. Quando lhe passei a informação, se abriram seus olhos e me agradeceu. Mas me deixou pensando no que havia dito: talvez seja verdade que se transmita mais facilmente o mal que o bem.

Claret se sente chamado a ser um servidor da Palavra. No seu tempo os livros eram o último grito na comunicação, apesar da enorme porcentagem de analfabetos. Chegavam por todas as partes e ficavam em casa como uma oferta permanente. E não só livros, mas também revistas e panfletos, com palavras e gráficos. Mas via que abundavam os escritos maus.

Hoje sabemos para que servem as novas tecnologias da informação e da comunicação. Por meio da internet temos acesso a tudo o que é imaginável. E aqui devemos recordar o que Claret nos deixou: “Valham-se de todos os meios possíveis”. Convida-nos a fazer circular o bom por quantos meios estejam ao nosso alcance. A criatividade missionária nos obriga a entrarmos nos novos campos da técnica, que a Claret tanto o entusiasmavam. E isto supõe dedicar tempo e esforço e para alguns, nascer de novo.

Todos nós estamos conscientes do mal que se transmite através dos meios de comunicação e do imenso poder destes meios. Claret nos convida a reagirmos, a sermos missionários utilizando estas tecnologias para abrirmos espaços para o bem, para difundirmos o que é bom.

O que você está lendo? Com que estamos nos alimentando? Como estou usando estes meios de informação e comunicação? Estou produzindo algo de bom através das novas tecnologias?

Senhor, que saibamos enfrentar o mal com o bem através dos meios de informação e comunicação que hoje o engenho humano coloca ao nosso alcance.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 22 de maio

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

22 de maio de 2020

“Todo meu objetivo, todo meu esforço era a fabricação. Por mais que diga, não consigo dizer tudo, era um delírio o que eu tinha pela fabricação. E quem diria que esta afeição não era o meio de que Deus se valeu para arrancar-me do amor pela fabricação” (Aut 67).

DEUS ESCREVE RETO…

Você não sabe quais são os caminhos de Deus nem os meios pelos quais lhe vai oferecendo seu amor, seu chamado. A trama da sua vida você não a conhece de antemão em toda sua amplidão, profundidade, verdade. Aqui acontece, usando uma comparação, como nos bons filmes de suspense, pois, somente no final se desvela este suspense e a complexidade da trama. Este Deus continua sendo misterioso, como misteriosa é e será sempre a relação de amor que manteve e continuará mantendo com você.

Mesmo no meio das confusões da vida cotidiana, das idas e vindas, inclusive de esquecimentos e distrações, também de seus problemas e dificuldades, Deus continua conduzindo sua história pelos caminhos que somente Ele conhece e continua formando seu coração para que um dia, saindo ao seu encontro, o derrube do cavalo para sempre, o lance por terra e você se encontrará, sem cara feia, nem defesas, com Ele frente a frente.

Alguma coisa parecida aconteceu com o piedoso e religioso homem de Deus, judeu zeloso e fiel como poucos, Saulo de Tarso, no caminho de Damasco. Não costumamos dizer que “Deus escreve direito por linhas tortas”? Às vezes aquilo que nos parece estar fora de lugar, torto, está sendo o caminho correto, isto é, direito e reto, que Deus tem para alcançá-lo e para conduzi-lo ao seu encontro. Porque nós acreditamos em um Deus que está mais além da nossa imaginação, mais além do que o olho viu e o ouvido ouviu. Um Deus surpreendente e que nos surpreende a cada instante. Somente à medida que passa o tempo vamos descobrindo a trama misteriosa da vida, as perguntas vão tendo respostas, as dúvidas vão se dissipando, os fantasmas desaparecem.

Perguntemo-nos com linguagem inaciana: Não nos conviria ir fazendo-nos indiferentes diante de todas as coisas criadas, de tal modo que não queiramos mais saúde que enfermidade, riqueza que pobreza, honra que desonra, vida longa que curta, ir escolhendo somente o que melhor nos conduz para o fim para o qual fomos criados? Não será que você anda afobado e preocupado com tantas coisas, aquelas que você acredita e diz que são muito importantes e está perdendo de vista o essencial?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 21 de maio

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

21 de maio de 2020

“Desde muito pequeno me senti inclinado à piedade e à Religião” (Aut 36).

TODA GRANDE VIAGEM COMEÇA COM UM PRIMEIRO PASSO

Há palavras que saíram de moda entre nós. Praticamente ninguém as pronuncia mais. Nossa mentalidade pretende ser mais adulta, culta, utilitária, racionalista, técnica, fria, não sabe o que fazer ou como reagir diante de algumas palavras. Parece que a piedade tem algo a ver com afeto, emoção, sentimento. E parece que seria como aquela inclinação afetiva, com sentimento, para uma determinada realidade. Certamente, pelo menos em algum contexto e sentido, é sinônimo de devoção, isto é, de amor, reverência e respeito a uma realidade, seja qual for. É um termo perto da comiseração, empatia, simpatia, compaixão. E é que também Deus, seu nome e sua realidade, pode inspirar e, de fato inspira na pessoa crente devoção, amor, respeito, afeto, carinho reverente, ternura, veneração, culto, isto é, piedade.


A palavra “Pai”, Abbá, em lábios de Jesus de Nazaré, evoca com emoção aquela atitude e expressão que poderíamos traduzir como ‘papai’. E acontece que o amor a Deus inspira e move muitas atitudes, comportamentos, compromissos, emoções, sentimentos, mas, sobretudo, aquela atitude confiante e filial de admiração, agradecimento, devoção, respeito, veneração, isto é, piedade.


A última revelação de Deus, contida na Bíblia cristã, nos vem do discípulo amado e da sua comunidade: “Deus é amor”. Pode ser e certamente assim será, que entre outros fatores mais individuais e humanos, também o mesmo Deus vai educando e formando um coração de carne, isto é, um coração altruísta, compassivo, generoso, gratuito, humano, misericordioso, solidário. E vai fazendo isto desde a mais tenra idade, desde os primeiros anos de vida e desde as primeiras experiências que a criança vai tendo. É possível também que o coração se tenha endurecido até ficar como coração de pedra. Como vai seu amor filial para com Deus Pai?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 20 de maio

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

20 de maio de 2020

“Os antigos hebreus tinham uma tradição que dizia: quando Deus criou todas as coisas, perguntou aos anjos o que lhes parecia e todos lhe responderam que tudo estava muito bem. No entanto, um dos mais sábios serafins, pedindo antes licença, disse: é preciso criar uma voz que se ouça por todos os quatro cantos da terra e que diga continuamente: Graças a Deus, Graças a Deus, Graças a Deus…” (Carta à V. M. Antônia París, 24 setembro de 1867, em EC II, p. 1203).

TUDO ESTÁ BEM FEITO

A gratidão é uma das maiores virtudes humanas e cristãs. Agradecer significa reconhecer que, se somos o que somos, o devemos a outros: a vida, a educação, a cultura, o testemunho cristão, etc. Ninguém, nem nada passou em vão por nossas vidas, embora o tenhamos esquecido, embora nunca tenhamos sabido reconhecer que tiveram e têm um papel importante em nós. Sem o favor de muitas pessoas, não seríamos o que somos.
Agradecer é sinal de humildade, é o reconhecimento de que somos limitados e precisamos de ajuda de outros. Dizia São Paulo: “O que é que você tem que não tenha recebido?” (1Cor 4,7). Agradecer produz otimismo, alegria, em nós e em quem nos tem feito o bem. É aprofundar, reforçar, fomentar o bem; reafirmar que o bom existe e por isso devemos cultivá-lo, dar-lhe vida, estimulá-lo.
Começar o dia e acabá-lo dando graças nos faz ver o positivo da vida, mesmo mantendo os pés no chão, no realismo das coisas limitadas. Dar graças pelo dom da vida, da fé, da vocação, do amor, do bem que pretendemos fazer durante o dia que temos na frente ou que fizemos ao longo do dia que está terminando. Dar graças, antecipadamente, por quem vamos encontrar ou devemos nos encontrar; pelo bem recebido e pelo que procuramos fazer.
Dar graças é valorizar e dispormo-nos em favor do bem. Porque cada pessoa é fome e pão: cada pessoa precisa das outras e pode doar-se às demais. Não há ninguém tão rico que não precise de algo, nem ninguém tão pobre que não pode dar algo. Dar graças, inclusive, porque caímos na conta do bem e, em consequência, dar graças porque somos capazes de dar graças.

Sou agradecido ou tendo a ver somente o negativo em mim mesmo, e nos demais? Minhas expressões de agradecimento são meras fórmulas de cortesia ou nascem do coração?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 19 de maio

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

19 de maio de 2020

“Quando precisar corrigir alguém, lance mão da doçura, que para isto é muito eficaz. É a doçura a grande servidora da caridade e sua companheira inseparável. A repreensão, considerada sua natureza, é amarga; mas, temperada com a doçura e cozida no fogo da caridade, é cordial, amável e deliciosa” (Carta ascética… ao presidente de um dos coros da Academia de São Miguel. Barcelona, 1862, p. 10).

CORRIGIR COM DOÇURA

Falar é normalmente um meio de expressar o que levamos dentro. Quando falamos nos abrimos e nos doamos. Cada palavra tem um efeito no ouvinte. As palavras de Jesus davam vida e saúde (cf. Mt 8, 9). Inversamente, segundo a carta de Tiago, há linguagem com efeitos daninhos; há línguas que matam (cf. St 3,8). Jesus falou da correção fraterna com a qual se pode salvar um irmão (cf. Mt 18,15). E a Ele confessou Pedro que em suas palavras encontrava vida eterna (cf. Jo 6,68).
O Padre Claret, desde adolescente, percebeu a necessidade de corrigir com doçura. Na fábrica de seus pais aprendeu “quanto convém tratar a todos com afabilidade e agrado, mesmo os mais rudes, e como é verdade que mais bom proveito se tira tratando os outros com doçura que usando palavras ásperas e raivosas” (Aut 34). Isto seria uma constante no ministério; “nada de terror, suavidade em tudo”, dizia Balmes comentando seu estilo de pregação; e o Claret mesmo crê na eficácia desta suavidade, a que ilustra com sua célebre comparação sobre o modo de cozinhar os caracóis (cf. Aut 471). E seus anos de auxiliar em Sallent lhe havia tocado receber “maldições e apelidos” contra ele e contra seu pai ancião; tentou “sofrer tudo com paciência sem queixar-se disto”. Denunciou com os termos devidos, sem perder nunca a compostura (cf. EC I, pp.77 y 80).
Amiúde perdemos a paciência e os nervos nos levam a falar demais. Também percebemos em nós a tendência de falar sobre os defeitos dos outros, esquecendo os próprios. Aqui podemos cair na hipocrisia. Quão distinta é a correção fraterna, a que vai acompanhada com carinho, humildade e delicadeza para que a sensibilidade do irmão não fique ferida! Somente esta costuma ter efeito positivo; ao praticá-la, imitamos Jesus, pois dizemos “palavras de vida”.

Existem âmbitos em que minha paciência se vê seriamente ameaçada? Há pessoas com as quais facilmente perco a paciência? Tomo as devidas precauções?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 18 de maio

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

18 de maio de 2020

“Como Jesus Cristo se serviu dos mesmos meios para fazer-nos o bem que Satanás empregou para fazer-nos o mal, instituiu o augusto sacramento sob as espécies de comida e nos diz realmente: comei e sereis como deuses. Sereis como eu, que sou Deus e homem” (Carta ascética… ao presidente de um dos coros da Academia de São Miguel. Barcelona, 1862, pp. 29-30)

ALIMENTO QUE DIVINIZA

Com certa flexibilidade na leitura e na interpretação da Palavra de Deus, o Padre Claret coloca nos lábios de Jesus esta bela expressão: “Comei e sereis como deuses. Sereis como eu, que sou Deus e homem”. Pareceria ousadia, pareceria exagero incrível. Mas é assim, com efeito. Isto tem sua explicação em outras palavras do Evangelho, precisamente no encontro de Jesus com Nicodemos, de noite e às escondidas, para não ser denunciado. Estas palavras são: “Tanto amou o mundo que deu seu Filho unigênito, para que todos os que creem n’Ele tenham a vida eterna” (Jo 3,16). Isto significa que “onde abundou o pecado sobreabundou a graça” (Rm 5,20). E isso significa, por sua vez, que o amor de Deus nos foi dado abundantemente pela efusão do Espírito Santo sobre nós.
Tudo isto se faz realidade em cada pessoa que acredita, na medida da sua aproximação da fonte de água viva, que é o sacramento no qual se concentra este amor de Deus que nos vai levando, pouco a pouco, às alturas da místicas: ali onde o crente se funde em um abraço de amor e ternura com o Deus uno e trino, que nos criou, redimiu e santificou, e continua fazendo este trabalho misterioso dia após dia, até a plena comunhão, sem sombras e sem ocaso, com nosso Deus e Senhor, que deu sua vida por nós.
Pergunte-se se tem você consciência da sua dignidade de cristão comprometido com Cristo e com o Evangelho; e se realmente vive “vida escondida com Cristo em Deus” (Col 3,3), crescendo dia a dia em fidelidade.

Pergunte-se, em sua oração, em suas relações familiares e de trabalho e em seu descanso, se vive sua identidade de cristão consagrado, se explicita sua fé, se mostra cheio de esperança e se pratica o mandamento do amor fraterno.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf.