Claret Contigo

Claret Contigo – Meditação Diária

Todos os dias uma meditação sobre o nosso Padre Fundador

20 de dezembro de 2019

“Se alguma coisa lhes causar dor ou incômodo, sofram tudo com resignação pensando que esta é a vontade do Senhor. Se puderem dar alguma esmola, façam por amor de Deus, vendo no próximo e particularmente no pobre a imagem de Jesus. Não deixem passar o dia sem ler algo de algum livro bom e sem rezar o terço e sejam devotíssimos de Nossa Senhora e do Santíssimo Sacramento” (Carta à Sra. Alberta Fuster, 27 setembro 1866, em EC II, p. 1059).

VER JESUS NO POBRE

Claret exortava o povo a manter vivas duas atitudes que devem ser inseparáveis: uma vida interior, de fé renovada, com leituras úteis e devoções que manifestam interior e exteriormente a fé que se professa, a esperança e a caridade que dela brotam; e, em segundo lugar, renovar a consciência de que no irmão, em particular no pobre, está presente Deus (cf. Mt 25, 31-46).
Em nossos tempos, muito mais que no tempo em que viveu Claret (século XIX), a Igreja põe ênfase no descobrimento da Palavra de Deus, sua leitura e sua meditação mediante a Lectio Divina. Em sua recente Exortação Apostólica sobre a Palavra de Deus, Bento XVI, citando Orígenes, faz esta chamada ao crente: “Esforce-se na lectio com a intenção de crer e de agradar a Deus. Se durante a lectio se encontrar com uma porta fechada, bata e o porteiro abrirá, como disse Jesus. Praticando a lectio divina, procure com lealdade e confiança inquebrantável em Deus o sentido das divinas Escrituras” (VD 86).
As outras devoções de que fala Claret (ao Santíssimo Sacramento, a Maria, etc.) virão como reação e expressão espontânea; quer segundo os modos indicados por ele, quer em outras formas mais consonantes com a situação ou o gosto de cada um. E, em segundo lugar, se nos esforçarmos para manter a consciência da presença de Cristo em cada pessoa com quem nos encontramos, não só não acharemos dificuldade em escutá-la e fazer por ela o que pudermos, mas experimentaremos aquela frase do Senhor: “Há mais alegria em dar que em receber” (At 20,35).

Vivo com profundidade interior minha missão apostólica? Esforço-me para ver o Senhor em toda pessoa que Ele põe em contato comigo, sobretudo com os mais pobres e necessitados? Em meu cultivo espiritual, que lugar tem a leitura da Bíblia?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf.

Claret Contigo – Meditação Diária

Todos os dias uma meditação sobre o nosso Padre Fundador

19 de dezembro de 2019

“Quando às calúnias que fazem contra mim abundantemente, não me causam pena, mas uma alegria muito grande no Senhor…” (Carta a D. José Caixal, 10 de março de 1865, em EC II, p. 864)

ÍNTEGRO NA ADVERSIDADE

“Bem-aventurados quando vos injuriarem por causa de mim” (Mt 5, 11). É uma parte central do sermão da montanha. Quem decide tomar a sério a causa de Jesus e sua mensagem tem que contar com incompreensões, ridicularizações, calúnias pela imprensa. A palavra de Deus é aguda e cortante, como espada de dois gumes (cf. Hb 4,12); é normal que venha a ser incômoda e possa criar desânimo e desgosto em pessoas que vivem retamente.
Diante da mensagem incômoda, em vez de acolher o chamado de Deus para a correção, pode aparecer a reação do endurecimento e a resistência, ou inclusive da violência verbal ou física contra o mensageiro. Aconteceu com Jesus e a numerosos seguidores seus ao longo da história e continua acontecendo hoje a muitos arautos do Evangelho ou que o testemunham com suas vidas. Mas as autênticas testemunhas reagem inclusive com alegria, sem vacilar, nunca devolvendo agressividade ou represálias.
Humanamente falando, as calúnias acovardam, convidam a voltar atrás. Mas o seguidor entusiasta de Jesus experimenta a alegria de assemelhar-se mais ao seu Mestre e Senhor e se sente estimulado a intensificar seu testemunho.
O Padre Claret, no programa de vida para seus Missionários, lhes diz que o Filho do Imaculado Coração de Maria “se compraz nas calúnias e se alegra nos tormentos” (Aut 494). No seu tempo de confessor real choviam sobre ele calúnias de todo tipo; a elegância espiritual com que viveu esta desagradável situação nós podemos percebê-la lendo seu livro autobiográfico Consolo de uma alma caluniada (Barcelona, 1864).


Qual é sua reação se alguma vez experimenta rejeição ou ridicularização ou outra forma qualquer de marginalização por viver e testemunhar o evangelho?

Tradução: Padre Oswair Chiozini.

Claret Contigo – Meditação Diária

Todos os dias uma meditação sobre o nosso Padre Fundador

18 de dezembro de 2019

“A verdadeira vida, a que não tem fim, não se encontra senão em Deus, que é o ser vivo por excelência. Esta vida, que o Verbo recebeu do Pai em sua plenitude pela geração eterna, a comunicou à alma e ao corpo que uniu a si no seio da Virgem. E dando-nos por meio da comunhão sua humanidade, unida indissoluvelmente à sua divindade, impregna com sua vida divina todo nosso ser, deixa nele o germe e o prêmio da eternidade bem-aventurada” (Carta ascética… ao presidente de um dos coros da Academia de São Miguel. Barcelona 1862, p. 26).

IMPREGNADOS DO DIVINO

De novo diante de nossos olhos e em nosso coração o dom supremo da Eucaristia: o eixo da vida cristã. Este pão e este vinho consagrados são, na verdade, assim nos diz a fé, a força renovadora e a garantia da vida autêntica e para sempre. “Quem come minha carne e bebe meu sangue, diz Jesus, tem a vida eterna” (Jo 6, 55). Nosso Deus, em sua infinita sabedoria, inventou este sacramento, unindo indissoluvelmente na pessoa de Jesus a divindade com a humanidade no seio de Maria. O cristão que deseja unir-se intimamente com Deus Trino, já nesta vida, e procura levar uma vida santa, tem já aqui, no fundo do seu ser, o germe e o prêmio da plenitude final. Deus é amor amigo, próximo, forte, e fiel, que nos ama com carinho entranhável.

Encarnou-se no seio de Maria e nascendo no tempo, nos fez filhos do Pai e da Mãe, irmãos seus e templos vivos do seu Espírito. Depositou na Igreja, de forma definitiva, seu corpo sacramentado e, desde ele e com ele, nos alimenta a todo momento. O mesmo faz com seu sangue derramado na cruz para lavar os pecados. A Eucaristia nos impregna de divindade, nos faz divinos, nos faz catapulta já para a eterna glória.
Façamos não um ato de fé, mas muitos, e creiamos firmemente no tesouro escondido que é a Eucaristia; tesouro que levamos dentro e que se renova cada vez que comemos e bebemos na mesa do Senhor.


Somos divinos e a humanidade de Jesus e sua divindade nos vão levando pouco a pouco ao banquete perene da glória. Somos dignos desta felicidade? Nossos passos nos aproximam mais e mais do banquete do Reino?

Tradução: Padre Oswair Chiozini.

Claret Contigo – Meditação Diária

Todos os dias uma meditação sobre o nosso Padre Fundador

17 de dezembro de 2019

“Estou convencido, Senhor, que assim como à água do mar haveis dado o sal e o amargor para que se conserve pura, assim a mim me tendes concedido o sal do desgosto e a amargura dos incômodos na Corte para que me conserve limpo deste mundo. Obrigado e muitas graças vos dou, Senhor” (Aut 624).

AVERSÃO AO SEU DESTINO NA CORTE

Este pensamento de Claret tem muita profundidade: reconhece em si um desgosto interior, um incômodo contínuo, uma tristeza no coração que o impede de viver com felicidade em um ambiente que outros pagariam por frequentar. A felicidade verdadeira não consiste na posse de títulos, comodidades, bens e pessoas, mas na simples e sadia vivência daquilo que nos faz filhos de Deus, irmãos uns dos outros e construtores de um mundo melhor.
Claret faz uso de imagens da natureza, acostumado como estava a falar com simplicidade ao povo simples, para explicar este sentimento de desgosto que experimentava continuamente nos âmbitos de palácio em que se situava sua missão que lhe haviam confiado; teve que manter-se neste ministério, não obstante ter expressado repetidas vezes seu desejo de deixá-lo. Às vezes se vê como um passarinho na gaiola, outras vezes como um cão atado a um poste (cf. Aut 165). O sal e o amargor da água marinha!
Mas estava consciente de que este sabor amargo que lhe produzia o ambiente de palácio era uma autêntica graça do Senhor; este amargor o preservava da contaminação à qual estava exposto continuamente. Claret, muito clarividente, agradecia tudo isto de coração ao Senhor.

Pensamos alguma vez que os dissabores que experimentamos em nosso viver cotidiano, neste ‘vale de lágrimas’, podem ser também uma graça de Deus? Não é certo que, com demasiada facilidade, tendemos a pensar que nossa situação é de sofrimento? Refletimos de vez em quando sobre o fato de que a maior parte da humanidade se encontra em condições piores, mais duras e dolorosas que as nossas, com muito menos recursos para enfrentar os problemas?

Tradução: Padre Oswair Chiozini.

Claret Contigo – Meditação Diária

Todos os dias uma meditação sobre nosso Padre Fundador

“Bem-aventurado quem ama com fervor a Deus e procura que Deus seja cada vez mais conhecido, amado, servido, louvado e glorificado agora e sempre” (L’egoismo vinto. Roma 1869, p. 67. Texto em castelhano em EE p. 422).

QUE DEUS SEJA CONHECIDO E AMADO

Por que o homem deve amar, servir e louvar a Deus? Claret faz esta pergunta. Em primeiro lugar, não só porque é infinitamente bom e amável, mas também porque lhe tem concedido muitos benefícios. Por isso deve você dar graças a Deus. Os cristãos sabem que o amor de Deus é a suma bondade do Senhor para com suas criaturas terrenas. Basta ler 1Jo 4,16: “Deus é amor”. Mas esta afirmação desperta numerosas perguntas em Claret: Deus, tão grande, tão perfeito, pode rebaixar-se a amar um homem pequeno e pecador? E se Deus se digna amar o homem, com que amor deverá o homem responder a este amor? Que relação existe entre o amor de Deus e o dos homens?
A Bíblia, que tão bem conhecia Claret, responde com clareza: Deus tomou a iniciativa de um diálogo de amor com os homens: “ele nos amou por primeiro” (Jo 4, 19). Em nome deste amor, os compromete e lhes ensina a amarem-se uns aos outros. Abraão, Moisés, Oséias, Jeremias, Ezequiel experimentaram o amor de Deus de forma privilegiada e exemplar. Deus ama seu povo como um amigo, como um pai, como um esposo, com um amor apaixonado e zeloso, embora às vezes seja correspondido com infidelidade. Com a vinda de Jesus, Deus se dá a conhecer em seu Filho.

Em Jesus Cristo Claret encontra a grande prova do amor de Deus, onde não há outro remédio senão corresponder, dando a vida como Ele a deu. Mas sem esquecer que o amor é cumprir a vontade de Deus. “Obedecer amando e amar obedecendo”, como dizia Claret. Nossa liberdade consiste em aceitar com satisfação o programa que Ele nos fez. O modelo da nossa liberdade é a dependência que Jesus tinha de seu Pai. Porque Deus é, ao mesmo tempo, rocha e casa. Um lugar estupendo para viver em paz e para convidar a outros a viverem em paz.

Tradução: Padre Oswair Chiozini.

Claret Contigo – Meditação Diária

Todos os dias uma meditação sobre o nosso Padre Fundador

15 de dezembro de 2019

“Para os pobres comprei uma fazenda na cidade de Porto Príncipe. O plano desta obra era recolher meninos e meninas, porque muitos deles se perdem pelas ruas pedindo esmola. E aí receberiam comida, veste e aprenderiam a Religião, a ler e escrever, etc., e depois aprenderiam uma arte ou ofício, o que quisessem”. (Aut 563-564)

SOLIDARIEDADE COM OS POBRES

Dizem que é um axioma chinês: “aos empobrecidos é mais importante ensiná-los a pescar que dar-lhes um peixe”. A caridade cristã, a solidariedade humana, a bondade natural de quem partilha do que é seu não devem jamais gerar dependência. Para que seja verdadeira e útil, a caridade deve ajudar a criar liberdade, a buscar oportunidades, a oferecer propostas que melhorem a qualidade de vida.
O Arcebispo de Santiago de Cuba sabia muito bem o que significava o ditado chinês. Com a bondade e o bom senso que o caracterizava e como entendido na indústria dos teares, onde trabalhou em sua juventude, não quis conformar-se com o anúncio da Palavra de Deus. Esta era o motor que o levava a evangelizar e também a empreender obras sociais que servissem para a promoção das classes menos favorecidas. Em Cuba, naquele tempo, a maioria do povo se encontrava em situação deplorável, sem formação básica, sem preparação profissional, sem quase nada…
O Arcebispo colocou mãos a obra. Montou oficinas de aprendizagem nos cárceres para que os presos saíssem, um dia, reabilitados e levassem uma vida digna; iniciou uma escola agrícola, tanto para rapazes como para moças, onde aprendiam as técnicas da agricultura e ele mesmo escreveu um método. O que os enviados pela política não tinham feito, ele o fez como enviado de Deus. Distribuiu abundantemente o pão da Palavra e o pão da promoção humana. Graças às suas iniciativas, muitas crianças e jovens cubanos aprenderam a “pescar”, encontraram saída para suas vidas.

Sabe qual é a diferença que existe entre a solidariedade e a esmola?

Tradução: Padre Oswair Chiozini.

Claret Contigo – Meditação Diária

Todos os dias uma meditação sobre o nosso Padre Fundador

14 de dezembro de 2019

“Assim como devemos fazer tudo para a maior glória de Deus, segundo a expressão de São Paulo, é lógico que a oração deve ser contínua; e assim é, diz Santo Agostinho, se nossas obras estão sempre animadas pelo desejo da fé, da esperança e da caridade. Semelhante desejo fomenta no coração jaculatórias e a retidão de intenção em todas as boas obras que se fazem” (L’egoismo vinto. Roma 1869, p. 73. Texto castelhano se encontra em EE p. 426).

ORAÇÃO CONTÍNUA

A oração deve ser contínua. Isaque, o Sírio, monge nestoriano do século VII, dizia: “o ápice de toda ascese é a oração que não termina nunca”. Na oração contínua é o Espírito que ora em nós. Não importa se estamos dormindo ou acordados. Não importa se como ou bebo, se descanso ou trabalho. Alguns conseguem isto invocando frequentemente o nome de Jesus. Para Claret é viver na presença de Deus continuamente.
Quantas vezes se deve orar? Jesus responde: Sempre. Se a oração é amar, não podemos deixar de orar. Não é questão de cálculo, nem menos ainda de esmola. Não se pode estar continuamente dizendo orações, mas se pode estar continuamente orando. Como também se pode estar continuamente amando. Isto sabem muito bem as pessoas que se amam. Sempre se sentem unidas, embora à distância. Bento XVI com frequência adverte que se deveria considerar trabalho apostólico o tempo dedicado à oração. Portanto, não importa se há muito que fazer. Como diria Madre Teresa de Calcutá: “Se tiver muito que fazer, remos mais”.


O verdadeiro problema é não sentir a necessidade de dialogar com Deus. Para Claret o grande exemplo é Jesus e sua necessidade de dialogar com seu Pai. Um diálogo que nunca se interrompeu e que terminou na Cruz, em meio ao abandono mais absoluto. Em umas Máximas Espirituais que publicou para jovens em 1857, comenta Claret: “A oração mental vem a ser como um forno onde se acende e se conserva o fogo do amor de Deus… No fogo que arde na meditação é onde se tira toda escória, se derretem e fundem os homens, e se amoldam à imagem de Jesus, se enchem do Espírito Santo e começam a falar, como os que se acharam no Cenáculo”.

Tradução: Padre Oswair Chiozini.

Claret Contigo – Meditação Diária

Evangelho do dia comentado

13 de dezembro de 2019

“Preguei exercícios espirituais ao clero, aos cônegos, aos párocos, etc., cujos exercícios se repetiram todos os anos em que estivemos em Cuba” (Aut 512).

ANIMAÇÃO DOS PASTORES

Talvez você não esteja familiarizado com as palavras deste testemunho que Claret nos oferece em sua Autobiografia. Os exercícios espirituais (retiro prolongado) são jornadas de silêncio, reflexão e oração que algumas pessoas fazem periodicamente; para isso é necessária uma dedicação intensa para revisar e programar a própria espiritualidade. São ocasiões excepcionais para examinar as próprias atitudes, escutar com o coração e deixar-se que o Espírito fale, para recuperar aquela paz de espírito que com o corre-corre da vida pode deteriorar-se e que somente a paz faz possível viver e trabalhar com sentido e esperança.
O silêncio é um elemento necessário na vida de todas as pessoas. Não se pode escutar sem criar um espaço interior de silêncio que permita que as palavras ressoem na mente e no coração de quem escuta. E menos ainda poderemos escutar a voz de Deus se não estivemos em silêncio. Assim nos ensinaram os grandes mestres em todas as culturas e tradições religiosas.
Vivemos em um mundo que foge do silêncio. Muitos sons, ruídos, palavras bombardeiam nossos ouvidos e nossas mentes cada instante. Custa ao homem de hoje criar aqueles espaços de silêncio que lhe permitiriam escutar a voz do seu próprio coração e captar o sentido das palavras que os outros lhe dirigem.
É difícil escutar a palavra que o Espírito de Deus sussurra ao ouvido quando o volume de mil alto-falantes ao nosso redor está ao máximo. O Padre Claret foi muito fiel na prática dos exercícios espirituais, estes 10 dias de silêncio e oração que programava cada ano. Convidou a todos a praticá-los e publicou vários livros que pudessem ajudar nesta prática.


Todos nós precisamos criar espaço de silêncio em nossa vida. É para poder escutar mais e melhor as chamadas. Com isto a vida cotidiana adquire densidade e profundidade. A voz dos demais e a de Deus, nestes espaços de silêncio, permitirão que desfrutemos de uma solidão habitada, de um amor feito de presença.

Tradução: Padre Oswair Chiozini.

Claret Contigo – Meditação Diária

Todos os dias uma meditação sobre o nosso Padre Fundador

12 de dezembro de 2019

“O verdadeiro servo de Deus raramente se queixa de seus padecimentos e menos ainda deseja que outros se compadeçam e se lamentem de seus trabalhos. Todas suas penas desaparecem quando as compara com as de Jesus, assim como desaparecem as estrelas à vista do sol” (Carta ascética… ao presidente de um dos coros da Academia de São Miguel. Barcelona 1862, p. 18).

LEVAR A CRUZ COM ALEGRIA

Ninguém, em são juízo, se alegra ao ser maltratado e humilhado; somente o masoquista encontra nisto prazer. Mas, tendemos a mostrar o que fazemos, para provocar admiração ou gratidão; sabemos que nos esforçamos em nosso trabalho, em nossa família, sabemos o que cada dia devemos suportar pelos demais. No entanto, nos lamentamos por não sermos suficientemente reconhecidos. Nossos trabalhos e nossos sofrimentos são como nossos troféus.
Por outro lado, uma mãe dissimula seus esforços em favor dos filhos, do marido, para não fazê-los sofrer; dá importância ao que faz porque considera ser natural qualquer trabalho por eles. Tudo é fruto do amor. Quando se ama, se aceitam renúncias e sacrifícios que sejam necessários. Em troca, a menor contrariedade se converte em uma montanha se tiver que enfrentá-la por algum desconhecido ou não querido. O egoísmo é forte e somente se pode vencer pelo amor, não olhando a si mesmo, mas fixando-se na pessoa que está sofrendo.
Frequentemente nossas lamentações tornam-se ridículas quando olhamos situações de tantas pessoas que sofrem, que carecem do necessário. E, se nos confrontamos com Jesus, somente podemos reagir como diz Gabriela Mistral: “Nesta tarde, Cristo do Calvário, venho rogar-te por minha carne enferma, mas, ao ver-te, meus olhos vão e vem do teu corpo ao meu corpo com vergonha. Como explicar-te minha solidão, quando na cruz levantado e sozinho estás? Como explicar-te que não tenho amor, quando tens atravessado o coração? E somente peço não pedir-te nada, estar aqui, junto à tua imagem morta, ir aprendendo que a dor é somente a chave santa da tua santa porta. Amém”.


Diante de uma pessoa necessitada, quando você tem que fazer algum pequeno sacrifício para quem lhe pede seu serviço ou sua ajuda, pensa, sobretudo, em você mesmo, ou no muito ou pouco que pode fazer para remediar sua necessidade ou seu problema?

Tradução: Padre Oswair Chiozini.

Claret Contigo – Meditação Diária

Todos os dias uma meditação sobre o nosso Padre Fundador

11 de dezembro de 2019

“Quem é paciente sofre, cala ou fala com doçura e oferece tudo a Deus, à imitação de Jesus, como assim sofriam seus discípulos e as multidões; mas quem não tem a virtude se desculpa dizendo que é para não perder tempo; e não é verdade, é por falta de paciência, pois muitas vezes a mesma pessoa passa seu tempo em coisas que na presença de Deus valem muitíssimo menos que o que vale sofrer pelo nosso próximo” (Carta ascética… ao presidente de um dos coros da Academia de São Miguel. Barcelona 1862, p.9).

ENTREGA AOS DEMAIS

O tempo, hoje em dia, parece um bem escasso. Todos nós estamos muito ocupados, estressados por causa de tudo o que devemos fazer. Uns se esforçam ao máximo para manter da própria família, outros procuram melhorar seu status de vida; há quem considere fundamental a responsabilidade no próprio trabalho, para outros está em jogo a competição para sobreviver embora seja esmagado pelos outros…
Todos nós temos a experiência de que há coisas que não se fazem espontaneamente, nem de bom grado; há outras, em vez, que nos parecem mais atrativas, mais satisfatórias. Deixamos facilmente o que nos pedem um esforço ou uma renúncia maior, embora seja muito importante, e encontramos desculpas, ou assumimos uma tarefa absolutamente não transcendente ou inútil para justificarmo-nos. “Não tenho tempo” é a desculpa mais frequente para não fazer o que nos pedem. Sabemos, pelo contrário, que, quando há algo que realmente nos interessa ou desejamos com todas as nossas forças, encontramos tempo, energias e todos os recursos que sejam necessários para alcançarmos o que nos interessa.
O que acontece na vida ordinária aparece também na vida cristã. Facilmente deixamos para outro momento, que em geral não chega nunca, ou adiamos indefinidamente um serviço incômodo ao irmão, dedicar um tempo para rezar, ler e meditar a Palavra de Deus ou a participação da missa dominical. Sempre temos ‘coisas’ mais importantes que fazer.
Na medida em que nos enganamos, escondendo-nos por trás destas desculpas (estou já ocupado, estou cansado ou não tenho tempo) nos distanciamos da possibilidade de estabelecer nossas verdadeiras prioridades e de ordenar nossa vida segundo as mesmas.


Não é mais sincero reconhecer que não tenho vontade ou não quero? Não é mais eficaz para enfrentar a realidade?

Tradução: Padre Oswair Chiozini.