Claret Contigo

Claret Contigo – Meditação Diária

Todos os dias uma meditação sobre nosso Padre Fundador

10 de dezembro de 2019

“…o que mais me movia e me excitava era a leitura da Santa Bíblia, à qual sempre tive muita afeição” (Aut 113).

EFICÁCIA DA PALAVRA DE DEUS

Se esta declaração de Claret a fosse avaliada conforme o uso atual da Bíblia na Igreja, poderia parecer que sua afeição pela leitura da Bíblia fosse boa, mas não extraordinária, já que em nossos dias têm crescido muito a afeição pela leitura da Bíblia e meditação sobre a Palavra. Mas na Igreja católica do tempo de Claret, a Bíblia não era muito apreciada, nem lida com assiduidade, nem sequer pela maior parte dos sacerdotes e religiosos. Claret teve sorte de ser acostumado desde jovem à leitura da Bíblia; teve a sorte, em seus anos de seminário em Vic, de ter como bispo D. Corcuera, que constantemente animava os futuros sacerdotes a alimentarem sua espiritualidade com a Palavra de Deus.
Claret habituou-se a ler cada dia dois capítulos da Escritura e quatro na quaresma, aproveitando os melhores comentários de que dispunha em seu tempo. Este costume o formou e o fez apóstolo da Bíblia e foi extraordinária e muito fecunda esta dedicação de Claret, quando na Igreja se padecia de escassez mortal de Bíblia, de Palavra de Deus. Ele inculcou esta leitura cotidiana em seus seminaristas de Cuba e do Escorial e em seus Missionários; ele mesmo editou uma Bíblia, muito barata e com algumas indicações práticas para sua melhor compreensão.
Há cinquenta anos, a partir da Constituição Dei Verbum, do Concílio Vaticano II, que se ativaram muito as ciências bíblicas em nossa Igreja, e as iniciativas pastorais da leitura da Bíblia se multiplicaram de tal forma nas comunidades cristãs, que hoje está ao alcance de todos nós o gosto pela Bíblia.


Neste clima de tão fácil acesso à Bíblia, o extraordinário gosto de Claret nos interpela a cada um de nós com esta pergunta: O que é para você a Bíblia e o que deveria ser na sua vida cotidiana?

Tradução: Padre Oswair Chiozini.

Claret Contigo – Meditação Diária

Todos os dias uma meditação sobre o nosso Padre Fundador

09 de dezembro de 2019

[A um Filho do Imaculado Coração de Maria] “nada o detém; alegra-se nas privações; enfrenta os trabalhos; abraça os sacrifícios; compraz-se nas calúnias e se alegra nos tormentos…” (Aut 494).

FORTALEZA DO MISSIONÁRIO

Parece que o Padre Claret nos desenha um perfil do missionário, ou do Filho do Imaculado Coração de Maria, muito pouco atrativo, pelo menos para a sensibilidade atual. Parece que está sempre enfrentando situações negativas, que precisam de muito esforço, privação, trabalho, sacrifício, calúnias, tormentos… E, como se fosse pouco, o Padre Claret quer que tudo isso se enfrente com alegria. Não parece masoquismo?
Certamente existe neste perfil muito de autobiográfico: o Padre Claret teve que enfrentar situações muito difíceis e dolorosas: perseguições, calúnias, difamações, atentados, etc. Portanto, tudo isto não se entende se não penetrarmos na motivação de fundo, que é a que dá autêntico sentido a estes sacrifícios.
Um cristão não busca o sofrimento em si mesmo, mas o assume como consequência de uma entrega amorosa, sem reservas. Não é o sofrimento que salva, é o amor; Santo Agostinho dizia que “o mártir não o faz mártir a pena, mas a causa”. Quem muito ama, está disposto a aguentar o que for pela pessoa amada. Assim se expressa o Padre Claret no capítulo da Autobiografia dedicado ao amor como a virtude mais necessária ao missionário: “Oh! irmão meu! Eu o amo e em prova do amor que lhe tenho farei e sofrerei por você todas as penas e trabalhos, até a morte se for necessário”. (Aut 448).
O que Claret deixa bem claro é que a vida do missionário e da testemunha é tudo, menos aborrecimento ou rotina sem vida, mas está orientada a causas grandes e apaixonantes.


Até onde está disposto a chegar nosso amor para com Deus e para com o próximo?

Tradução: Padre Oswair Chiozini.

Claret Contigo – Meditação Diária

Todos os dias uma meditação sobre o nosso Padre Fundador

08 de dezembro de 2019

“Você sabe, meu amigo, que Maria Santíssima é obra de Deus e é a mais perfeita que saiu de suas mãos, depois da Humanidade de Jesus Cristo. Nela brilham, de um modo muito especial, a Onipotência, a Sabedoria e a Bondade do mesmo Deus. É próprio de Deus dar a graça a cada criatura segundo o objetivo a que a destina e como Deus destinou Maria para ser Mãe, Filha e Esposa do mesmo Deus e Mãe do homem, daqui se conclui que Coração lhe daria e com que graças o adornaria!” (Carta a um devoto do Coração de Maria, em EC II, p. 1498).

MARIA, OBRA DE DEUS

Os especialistas em teologia espiritual nos dizem que podem existir qualidades ou talentos ocultos e assim permanecerão se não houver intervenção da Graça. Sem dúvida nenhuma, o amor de Deus que encheu Maria com sua Graça fez com que a perfeição que aninhava dentro dela viesse à tona. Mas também saiu abundantemente o sentimento de pequenez e por isso ficou perturbada ao ser chamada pelo Anjo: “cheia de Graça”.
A criatura mais perfeita, como diz Claret, que saiu das mãos de Deus precisou do ânimo que o Arcanjo enviado lhe oferece ao comunicar-lhe a missão que vai ser a Ela encomendada. Direi com palavras do Papa Bento XVI do dia 18 de dezembro de 2005: “Não temas, Maria, lhe diz o Anjo. Realmente, havia motivo para temer, porque levar agora o peso do mundo sobre si, ser a mãe do Rei universal, ser a mãe do Filho de Deus, constituía um grande peso, um peso muito superior às forças do ser humano. Mas o Anjo lhe diz: ‘Não temas. Sim, tu levas Deus, mas Deus te leva. Não temas’”.
Mas agora gostaria de contemplar este Coração e estas graças que Deus derramou na humilde Nazarena. E acontece a mim o que aconteceu com o menino que, quando viu no cinema o grande mar, lhe veio uma grande vontade de vê-lo realmente. E começou a insistir com os pais, que estavam no interior, que o levassem a ver o mar. Os pais lhe prometeram a viagem desejada. Prepararam tudo nos mínimos detalhes. Chegaram de noite ao hotel e logo foram a dormir, para ver o mar com a aurora. Não foi preciso chamar o menino duas vezes e saíram a ver o mar no momento em que o sol aparecia ao fundo e seus raios se refletiam sobre a superfície azul. Dobraram a esquina e, diante dos olhos, o mar! O menino ficou sem respiro e, afinal, exclamou: papai, mamãe. Ajudem-me a olhar!
É meu clamor ao tentar contemplar Maria. Grito ao Espírito Santo: Ajuda-me a olhar!

Tradução: Padre Oswair Chiozini.

Claret Contigo – Meditação Diária

Todos os dias uma meditação sobre nosso Padre Fundador

07 de dezembro de 2019

“A Santíssima Virgem Maria serviu-se do burrinho quando foi a Belém para dar à luz o seu Filho Jesus e quando foi para o Egito, fugindo de Herodes. Eu também me ofereço a Maria Santíssima para levar com gosto e alegria sua devoção e pregar sobre suas grandezas, suas alegrias e suas dores e ainda meditarei de dia e de noite sobre os santos e adoráveis mistérios”. (Aut 668,3).

CONSAGRAÇÃO MISSIONÁRIA A MARIA

Em Maria temos um modelo de missionária. Maria era jovem, era pobre e era uma mulher de um povoado perdido da Palestina. Era o protótipo dos excluídos e marginalizados; e, no entanto, justamente a ela lhe enviou Deus seu Anjo para dizer-lhe: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lc 1,28). Foi escolhida por Deus para ser a mãe de Jesus. E desde então, com seu ‘Sim’ confiante ao Pai, se converteu na primeira missionária que fez possível que Jesus se encarnasse em nosso mundo e assim despois fosse anunciado a muitas pessoas, por todos os rincões da terra.
Sua missão começou a partir do momento da Anunciação. Colocou-se em caminho e em atitude de serviço atendendo sua prima Isabel e proclamando que a misericórdia do Senhor chega a seus fieis de geração em geração (cf Lc 1,50). E assim foram outros momentos de sua vida: viajando a Belém, fugindo para o Egito, no silêncio de Nazaré, andando de aldeia em aldeia com Jesus, acompanhando e ajudando também aos discípulos, etc. Mas também esteve presente na dor da crucifixão do seu Filho, participou da alegria da sua Ressurreição e acompanhou os discípulos reunidos em seu nome.
Maria seguiu e anunciou a Jesus e acompanhou os discípulos desde sua simplicidade, sua valentia e sua fé. Por isso, Maria continuou estando presente na vida dos discípulos, na vida da Igreja, ao longo dos tempos. A devoção a Maria se estendeu por muitos povos. Ela é tida como mãe, mulher crente, protetora.
Sua imagem entranhável e próxima chega ao coração de cada homem e de cada mulher porque sabem que levar Maria em sua vida é aprender a confiar, como ela, que viveu como mulher simples e sempre concentrada em Deus, entregue à causa de Jesus. O povo tem a certeza de que Maria é o caminho seguro para chegar a Deus.

Que importância dou eu a Maria em minha vida? Vivo o espírito missionário em minha própria terra, na sociedade e nas circunstâncias onde me encontro hoje?

Tradução: Padre Oswair Chiozini.

Claret Contigo – Meditação Diária

Todos os dias uma meditação sobre o nosso Padre Fundador

06 de dezembro de 2019

“Ofereçam com frequência ao eterno Pai o preciosíssimo sangue do seu divino Filho Jesus Cristo, quem, para salvar-nos, quis derramar todo o seu sangue na cruz até a última gota.” (Breve nota sobre as Instruções da Arquiconfraria do Santíssimo e Imaculado Coração de Maria. Barcelona 1847, p. 122)

SALVOS PELO SANGUE DE CRISTO

A Eucaristia é o mistério de entrega mais radical e total que podemos imaginar. Há Eucaristia porque Cristo quis entregar-se, totalmente, por nós. Não imaginemos este mistério salvador desde uma perspectiva física, como se quanto mais sangrenta fosse a entrega, mais garantida ficaria a redenção. Não é assim. A redenção em Cristo é como o amor: sem limites, sem medidas, sem fronteiras. Os seres humanos vão crescendo, aprendendo a dar-nos, ‘ensaiando’ generosidade até que, pouco a pouco, vai fazendo-se carne da nossa carne.
Mas não é assim em Deus, para quem não existem tempos, nem lugares, nem divisões. Em Deus está como um todo nosso passado, nosso presente e nosso futuro. Toda a eternidade. Seu amor é amor total; sem barreiras, sem graus. De uma vez para sempre. Até o extremo. Biblicamente, para um hebreu, o sangue simboliza a vida, a força, o dinamismo. Se nos esgotamos, morremos; vamos ficando pouco a pouco pálidos, sem força. Se alguma vez comprovou em um enfermo os efeitos de uma transfusão, pode entender bem do que falamos. Receber sangue é receber a vida. Assim com Cristo: deu seu sangue até a última gota, porque nada de sua vida se reservou para si.
Mas, a entrega de Cristo, e cada Eucaristia, seria em vão se não existisse uma comunidade que a acolhesse e a fizesse realidade atual: “fazei isto em minha memória”. Desde então até hoje, continuamos escutando este convite em nosso coração: “fazei isto em minha memória”. Todos os cristãos são povo sacerdotal pelo Batismo e, em Cristo, é chamado a oferecer-se ao Pai com Ele, com sua vida e sua morte, com seu sangue.
Como vivo eu a Eucaristia? Em que medida afeta minha entrega e minha disponibilidade radical à entrega de Cristo que celebramos e revivemos?

Tradução: Padre Oswair Chiozini.

Claret Contigo – Meditação Diária

Todos os dias uma meditação sobre o nosso Padre Fundador

05 de dezembro de 2019

“[A pessoa que comunga] será como uma árvore plantada perto da água corrente, dará fruto no tempo certo. Poderá dizer com o Apóstolo: ‘Vivo eu, mas não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim’. Como a árvore enxertada, que se pudesse falar, nos diria: ‘vivo eu, porque no tronco sou o mesmo que antes; mas já não sou eu que produzo fruto, pois em mim vive um enxerto, o broto que foi colocado vive em mim e o fruto que dou não é conforme a árvore velha, mas conforme o novo enxerto.” (Carta Ascética…ao presidente de um dos coros da Academia de São Miguel. Barcelona 1862, p.34).

ARDER DE AMOR PARA DAR VIDA

É importante constatar a insistência na fecundidade da intimidade com Jesus, recebido no Sacramento do seu Corpo e Sangue. Esta fecundidade não pode esgotar-se na relação íntima comungante-Comungado, como um dourado círculo fechado. Trata-se, pelo contrário, de uma dinâmica, de modo que, quanto mais se intensifica a relação interpessoal, tanto é maior a força que faz sair de si para concentrar-se no terceiro ou terceiros de nossas relações sociais. De tal maneira nos transformamos totalmente em Cristo. Sob os efeitos do sacramento, somos novas pessoas, criaturas concentradas em um amor que deve fazê-las ser, em cada instante de suas vidas, pacientes, bondosas, carentes de inveja, de orgulho e de jactância; pessoas que encontram sua alegria na verdade, que tudo desculpam, creem, esperam e suportam (cf. 1Cor 13,4-8).
Esta é a força transformante da Eucaristia. O alimento do Corpo e Sangue de Cristo age de tal forma em nós que nos assimila totalmente, embora não aniquile nossa liberdade pessoal. Está sempre em nossas mãos abrir-nos ou fechar-nos ao dom da vida de Jesus, dom que é fruto também da sua liberdade para dá-la e para recuperá-la de novo (cf. Jo 10,17-18).
No lar, no trabalho, em todas as nossas atividades, devemos transpirar a vida de Cristo. Estamos chamados a difundir sua presença salvadora no mundo. A Eucaristia deve ser como um rio que fecunda nossa vida, mantém alegre nosso amor, abrindo-nos sempre à novidade da vida, à transformação do nosso homem velho, carregado de imperfeições, no homem novo da vida nova em Cristo.


Que ações concretas fazer ao meu redor vital com as quais expresse meu amor generoso aos mais necessitados?

Tradução: Padre Oswair Chiozini.

Claret Contigo – Meditação Diária

Todos os dias uma meditação sobre o nosso padre Fundador

“Outro dos motivos que me impelem a pregar e confessar é o desejo que tenho de fazer feliz o meu próximo.” (Aut 213).

CRIAR UM MUNDO FELIZ

Tenho encontrado uma infinidade de pessoas e lhes tenho perguntado sobre o objetivo da sua vida, me respondem sempre de forma automática: “eu, o que mais desejo e procuro nesta vida, é ser feliz”. E o repetem fazendo uma solene pausa, que procuram impregnar de autenticidade e transparência e que as faz crer que sua pretensão aponta ao mais nobre dos fins imagináveis.
Claret nunca pertenceu a este grupo de pessoas que se dedicam somente a serem felizes. Viu que este era um caminho errado, embora fosse tão sedutor. As pessoas conquistam a felicidade somente quando amam. E amar é buscar o bem da outra pessoa acima do próprio. Quando alguém entende isto e o pratica, entra no portal de um caminho reto e seguro que o leva à sua plenitude, embora lhe sobrevenham dores e contradições pelo caminho.
“Fazer feliz o meu próximo” repete para si mesmo Claret como um eco constante. Nesta empresa encontrava uma das motivações mais poderosas do seu agir missionário. Foi feliz fazendo felizes os outros. Curioso paradoxo, onde usa o verbo “fazer”. Este verbo, ativo sem dobras, implica aplicar-se à ação concreta, dedicar-se ao outro, realizar algo pelos demais, com ou sem sentimentos. Nos lábios de Claret é um verbo solitário que não precisa de outros como ‘sentir’, ‘receber’, ‘cobrar’ e parecidos.
Ruminando palavras como estas, você é convidado também a olhar ao seu redor e deter-se nas pessoas com as quais normalmente convive. Pergunte o que tem que fazer para ser feliz. Sem dúvida cairá na conta de que com minúsculas ações, ao seu alcance, pode conseguir arrancar um sorriso em seu rosto e um pouco de paz na sua alma.
Amigo leitor, onde você procura a felicidade? Busca deveras ou simplesmente a confunde com a aborrecida comodidade?

Tradução: Padre Oswair Chiozini.

Claret Contigo – Meditação Diária

Todos os dias uma meditação sobre o nosso Padre Fundador

03 de dezembro de 2019

“Arda em seu coração o zelo pela salvação das almas, este zelo será fruto e prova do amor de Deus na sua.” (Avisos a um sacerdote que acaba de fazer os exercícios de Santo Inácio. Vic 1844, p. 9).

Zelo Apostólico

“Onde está o teu tesouro, lá também está teu coração” (Mt 6,21). Esta frase recolhe o motivo e a intenção do nosso ser e do nosso fazer na vida. O coração é sinal de amor. Por amor nos atrevemos até a arriscar a própria vida pelo que queremos viver e fazer. A paixão nasce do coração. O que nos apaixona nos faz consumar as forças da vida. A vocação à qual fomos chamados como discípulos e testemunhas de Jesus Cristo nos compromete desde o coração a apaixonarmo-nos por Deus na paixão por nossos irmãos, especialmente os mais necessitados.

Na pregação pública de Jesus e em sua ‘educação especial’ aos seguidores mais próximos (cf. Jo 13-16), o amor ao próximo é o tema recorrente. Relembra uma e outra vez o mandamento principal da antiga lei: “amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito e de todas as tuas forças. Eis aqui o segundo: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12, 30-31; cf. Lv 19,18). E insiste em que a característica de seus discípulos consistirá no amor mútuo, um amor que deve chegar até a dar a vida pelo outro (cf. Jo 15,12-13).

Claret, em sua oração pessoal, pedia com grande desejo este amor, com o qual demonstra que já o possuía, mas queria que fosse mais forte. Uma imagem especialmente do gosto de Claret foi a da frágua. Já não existem mais ferrarias como antigamente, mas a imagem nos é inteligível. O ferro, em si mesmo frio e duro, colocado no fogo se faz mole e moldável e abrasador como o fogo; não se pode nem tocar. Quando alcança este estado quase líquido é maleável, se pode dar a forma que se desejar; e isto o faz o ferreiro na base de marteladas sabiamente dirigidas.

O que é que move minha vida e meu compromisso missionário? Que busco com minha ação ou meu trabalho apostólico?

Tradução: Padre Oswair Chiozini.

Claret Contigo – Meditação Diária

Todos os dias uma meditação sobre o nosso Padre Fundador

02 de dezembro de 2019

“Quantas graças você deve dar a Deus por sua vocação! Tenho certeza de que me dirá: eu o faço; e eu me atrevo a dizer-lhe ainda que é pouco o que faz e digo isso para o seu bem e peço a Deus que o conserve em sua companhia e que lhe dê sempre um coração humilde e obediente.” (Carta ao Pe. João N. Lobo, 12.7.57, em EC I, p.1376).

AGRADECIMENTO PELA VOCAÇÃO

“Vocação”, palavra quase em desuso em nosso vocabulário. Falamos mais de auto realização, isto é, cada um deve fazer-se a si mesmo, como bem entender. Mas falar de vocação é falar de algo entre dois: alguém que chama e alguém que responde. E na busca de quem chama não se deve olhar para fora, mas para o próprio coração. Para isso é necessário conhecer-se a si mesmo: Quem sou eu? De onde venho? Para onde vou? São perguntas que cedo ou tarde devemos fazer-nos e responder se queremos ser felizes. Mas, por onde começar? Pistas, receitas não existem. Começar tentando adquirir certas capacidades:

  • Entrar dentro do próprio mistério e descobrir tudo o que levamos dentro, o que vivemos, sentimos… Talvez nos descubramos habitados…
  • Observação e reflexão. Observe-se a si mesmo: como você fala, como se comporta diante das pessoas, das circunstâncias e como reage. Pergunte-se muitas vezes: o que acontece dentro de você? Escute seu coração, seus sentimentos e dê a eles nomes: alegria, tristeza, desânimo, euforia e procure os porquês. Perceber como estamos é o primeiro passo para ser ‘donos’ de nossos sentimentos.
  • Expresse o que você sente, diante de você mesmo e diante de alguém que pode fazer de espelho. Escute os demais. O que lhe dizem com sinceridade e abertamente e aquilo que lhe dizem com seus gestos, reações, críticas. Os demais percebem aquilo que a nós nos escapa, não vemos.
  • Surpreenda-se. Você tem possibilidades que não imagina. Olhe-se com um olhar de Jesus, que sempre liberta, levanta, impele, anima, talvez o descubra como projeto inacabado, como um sonho de Deus. Então poderá dizer a Ele com plena confiança: Senhor, que quer de mim? Isto é o que Claret queria dizer ao Pe. Lobo, seu antigo colaborador em Cuba e agora noviço jesuíta.

Tradução: Padre Oswair Chiozini.

Claret Contigo – Meditação Diária

Todos os dias uma meditação sobre o nosso Padre Fundador

01 de dezembro de 2019

“O Coração de Maria foi o órgão de todas as virtudes em grau heroico e particularmente na caridade para com Deus e para com os homens.” (Carta a um devoto do Coração de Maria, em EC II, p. 1500)

CORAÇÃO DE MARIA, FONTE DE CARIDADE

A liturgia nos ajuda a viver os mistérios da vida de Jesus. Desde o advento até pentecostes vão passando diante dos olhos do discípulo os momentos fortes da vida do Senhor Jesus. E durante o tempo chamado ‘ordinário’ meditamos sobre os valores da mensagem evangélica. Em sua carta apostólica Rosarium Virginis Mariae, nº 10, São João Paulo II nos indica o melhor método para conseguir, como Maria, as virtudes que devem fazer arder nosso coração. “A contemplação de Cristo tem em Maria seu modelo insuperável. O rosto do Filho lhe pertence de um modo especial. Os olhos do seu Coração se concentram de algum modo n’Ele, já na Anunciação. Desde então seu olhar, sempre cheio de adoração e assombro, não se separará nunca mais d’Ele”. Este olhar, explica São João Paulo II, umas vezes será de admiração, outras de questionamento, outras ainda profundamente penetrantes. Chegará também a vez do olhar doloroso, e depois virá o radiante e terminará com o ardoroso, pela efusão do Espírito em Pentecostes.
É evidente que Claret contempla o Coração de Maria para imitar e configurar seu coração com o da sua Mãe e Madrinha. E sente que não é só uma maternidade que acoberta e protege o filho, como a mãe canguru, em sua bolsa protetora. Maria forma para ser capaz de enfrentar o risco. Lança seu filho à aventura arriscada de anunciar a Boa Nova. E, para isso, entendeu que deve viver heroicamente o amor a Deus e ao próximo. Por isso, em sua Autobiografia, Claret dirá aos seus Missionários: “A virtude mais necessária é o amor. Deve amar a Deus, a Jesus Cristo, a Maria e ao próximo. Se não tiver amor, todos os seus belos talentos serão inúteis; mas, se tiver grande amor, com os talentos naturais terá tudo” (Aut 438).
O Coração de Maria, com seu fogo de caridade, é a frágua onde devemos colocar o ferro frio e talvez até com ferrugem, nós que queremos ser autênticas testemunhas do Evangelho.

Tradução: Padre Oswair Chiozini