Claret Contigo

Claret Contigo – 28 de janeiro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

28 de janeiro de 2020

“Quando batizei a infanta Conceição me deviam presentear-me com alguma coisa, como é costume; pois eu lhe pedi e supliquei (à rainha) que não me desse coisa alguma, e, para não entristecer-me não me deu nada. E minha satisfação será, quando me retirar do Palácio, poder dizer que nada tenho da sua Majestade, nem um alfinete” (Aut 634)

O VALOR DA GRATUIDADE

Quando Jesus envia seus apóstolos a pregar o Evangelho, recorda-lhes que o receberam gratuitamente e que devem dá-lo gratuitamente (cf. Mt 10,8). Paulo manifestou em várias ocasiões que sua maior honra era anunciar gratuitamente o evangelho (cf. 1Co 9,18). Em um mundo em que tudo parece ser feito por interesse econômico, Claret age também de maneira desinteressada desde os primeiros dias da sua pregação missionária, procurando duas coisas ao mesmo tempo: não ser um peso para os demais e ser um sinal do amor gratuito com que Deus ama a todos.
Impressiona ver que ao longo da sua vida administrou enormes quantidades de dinheiro. Mas sempre em benefício dos demais, em projetos sociais, humanitários, evangelizadores, de formação; nunca em benefício próprio. Deste modo, os que o conheciam e tratavam alguma coisa com ele podiam entender que seu interesse não era pessoal ou egoísta, mas que estava totalmente a serviço do Reino de Deus.
Impressiona ver na Igreja a quantidade de pessoas que servem gratuitamente aos demais, atendendo enfermos ou necessitados, em projetos sociais ou de educação de base, de acolhida de imigrantes, ou em dedicação direta à evangelização, na catequese ou em outros serviços apostólicos. Outros criam organizações não governamentais de promoção humana e social.
Este é o sinal da nossa grande riqueza: a capacidade de doarmo-nos e de servirmos gratuitamente aos demais. E este é também um dos melhores testemunhos que podemos oferecer atualmente: mostrar com nosso agir que a felicidade e a vida plena se recebem gratuitamente quando somos capazes de doarmo-nos aos demais por pura graça. Oxalá toda a Igreja pudesse dar este testemunho, agindo com um estilo de vida e estruturas exemplarmente simples!

Até onde chega minha generosidade na hora de agir a favor dos demais? Qual é a recompensa que espero quando sirvo a meus irmãos?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 27 de janeiro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

27 de janeiro de 2020

“Você não pode fazer ideia de quanto trabalha o inferno contra mim: calúnias, as mais atrozes, palavras, obras, ameaças de morte; lança mãos de tudo para ver como me desprestigiar e me assustar; mas, com a ajuda de Deus, não faço caso” (Carta ao Pe. Xifré, 15.1.64, em EC II, p 747)

NÃO NOS VENÇA A FORÇA DO MAL

A vida missionária do Padre Claret é de inspiração bíblica. Seu grande modelo é o mesmo Jesus Cristo que reúne os Apóstolos para fazer uma comunidade com vocação evangelizadora. E se inspira também na palavra, vida e atividades do Apóstolo Paulo. Tanto a Jesus como a Paulo não faltaram dificuldades, oposição à mensagem e inclusive ataques pessoais. Algo semelhante aconteceu ao missionário Claret nas diferentes etapas da sua vida.
Claret denomina “inferno” o conjunto de obstáculos que encontra em sua ação evangelizadora. Mas talvez no modo de situar-se diante deste “inferno” residia uma das melhores oportunidades para evangelizar. Não se anuncia a Boa Nova só com palavras; é fundamental o testemunho de vida pessoal e coletivo. E Claret soube disto desde seus primeiros passos como evangelizador.
Não se luta contra o mal usando suas mesmas armas, mas com a força do bem (cf. Rm 12,21), do perdão e da misericórdia. Não se acaba com os inimigos procurando sua destruição, mas procurando que o amor e a fraternidade sejam mais fortes que o ódio. E não usando uma linguagem ou um estilo de vida agressivo, mas com o estilo de Jesus, que “expõe” e “propõe” com firmeza e mansidão ao mesmo tempo.
Claret diz que consegue vencer o mal “com a ajuda de Deus”. Este é o caminho adequado. Recebemos a vocação de viver como filhos e filhas do nosso Pai celestial, que faz sair o sol sobre os maus e sobre os bons e faz chover sua graça e sua bondade sobre justos e injustos (cf. Mt 5,45). E se confiou a nós a tarefa de sermos testemunhas da luz inclusive em momentos em que parece que a obscuridade poderia apagá-la por completo (cf. Jo 3,19).

Qual é minha atitude diante dos obstáculos que me impedem viver segundo minhas convicções de crente? De onde tiro as forças para vencer estas dificuldades?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 26 de janeiro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

26 de janeiro de 2020

“Devo ser como uma vela que arde, consome a cera e ilumina até morrer. Os membros se unem à cabeça, o ferro ao ímã e eu a Jesus desejo unir-me no Sacramento e no céu” (Propósitos do ano 1870; em AEC p. 730).

VIVO EU, MAS NÃO EU

O Padre Claret enfatiza a importância do sacrifício de si mesmo para permanecer sempre unido a Jesus. Para explicá-lo faz uso do símbolo bem conhecido da vela acesa. Você sabe certamente que é regra comum na vida espiritual ir pouco a pouco morrendo para si mesmo.
Desde o plano meramente natural, todo ser humano é movido pelas tendências e desejos do seu “ego”, esta região cega que precisa ser controlada pela mente e pela vontade. Todas as religiões reconhecem que o “ego” e Deus não podem conviver. Quem quiser crescer em sua união com Deus precisará liberar-se progressivamente do seu “ego”. É o que quis ensinar Jesus com a expressão “negue-se a si mesmo” (Mc 8,34). O “ego” não tem impressa a imagem de Deus. É talvez o que às vezes São Paulo designa com a palavra “carne”, que não concorda com o plano de Deus, “nem sequer pode” (Rm 8,7). O “ego” é um ídolo que quer ocupar o lugar de Deus.
Em vez, viver segundo Deus é o caminho da auto realização, já que é retomar o “eu” originário, criado por Deus à sua imagem. Na medida em que experimentamos mais a Deus o “ego” se dilui e desaparece como a cera da vela; vamos chegando ao “já não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim” (Gal 2,20). A cera começa a diminuir à medida que a vela arde. Do mesmo modo, à medida que a presença de Deus vai ocupando o nosso espaço, o “ego” vai sendo mandado para fora.

O autoconvencimento joga um papel essencial neste processo: rompe a couraça do “ego” e o deixa desprotegido. Por isso Jesus convida a carregar a cruz. Por onde começar? Tudo começa com o desejo de estar unido a Jesus. Claret fala da sua sede insaciável de fusão com Jesus no Santíssimo Sacramento e no céu. Sede e desejo são a porta para esta comunhão com Ele. E é a chave da porta à felicidade. Parece ser alguma coisa sem sentido? Talvez pense assim. Mas a realidade é que nosso ser interior está constituído de tal modo que lhe é natural querer unir-se ao divino. Quiçá tenha falhado várias vezes em escutar suas silenciosas instigações a caminhar para esta felicidade. Mas pode começar outra vez agora!

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 25 de janeiro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

25 de janeiro de 2020

“Procurei sempre conservar um bom humor e equilíbrio, sem deixar-me dominar pela tristeza e pela demasiada alegria, lembrando-me sempre de Jesus, de Maria e São José, que também tiveram suas penas” (Propósitos do ano 1850; em AEC p 663).

O BOM HUMOR

Houve Santos que ficaram na memória coletiva como mestres do bom humor. Entre eles se costuma dar particular relevo a São Felipe Neri, santo florentino do século XVI, que iniciou em Roma os chamados Oratórios. Eram espaços de encontro onde se orava e se partilhava a Palavra de Deus com simplicidade e acompanhada com cantos, onde reinava o bom humor e onde eram acolhidos os mais pobres e humildes.
Três séculos mais tarde, nos Oratórios de São Felipe Neri de Barcelona e Vic, o jovem Claret encontrou conselheiros que o ajudaram em seu discernimento vocacional. Deles pode aprender que o bom humor, a alegria e a doçura, são fruto da paz do coração (cf. Aut 386). Esta atitude o acompanharia e o confortaria em momentos duros da sua missão, como por exemplo, no atentado que sofreu anos depois em Holguín (cf. Aut 577-578).
O bom humor não nasce da superficialidade, insensibilidade ou cinismo frente as dificuldades próprias ou alheias. Brota do equilíbrio interior. Aproxima-nos da objetividade das coisas e da tomada de decisões mais pertinentes em cada momento. Surge daquela paz profunda que não é só uma saudação como a que o Senhor ressuscitado empregou aproximando-se de seus discípulos, mas também o dom com que ele os enriqueceu e nos enriquece a nós para a convivência e diante da missão (cf Jo 20,19-26).
Produto do bom humor é o sentido positivo de nossas palavras, a serenidade do nosso olhar que, com um leve sorriso, alivia, desde a solidariedade, os momentos difíceis de nossos irmãos. Bons instrumentos para a construção do Reino.

Levando em consideração a experiência de Claret, podemos perguntar-nos sobre nosso equilíbrio entre a tristeza e a demasiada alegria. Nosso humor cotidiano tem excessos de pessimismo e tristeza ou de ruidosa alegria? Não nos esqueçamos dos modelos evangélicos que Claret sempre teve presentes.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 24 de janeiro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

24 de janeiro de 2020

“Jesus é o caminho que devemos seguir, a verdade que devemos crer e a vida que devemos viver. Esta é a doutrina pregada pelos Apóstolos e Padres da Igreja e que pregaram e pregarão todos os ministros da Palavra de Deus” (L’egoismo vinto, Roma 1869, p. 47; em EE p. 406).

CAMINHO, VERDADE E VIDA

Para Claret Jesus é, simplesmente, tudo (Aut 755). Não é para ele um personagem do passado, mas o amigo entranhável, o companheiro permanente de caminhada, e o Senhor a cujo serviço consagrou a vida. Conhecer sua “santíssima vontade” e cumpri-la eram sua loucura (Aut 445 y 754). Seguindo os passos de Jesus, o único Mestre, Claret consagrou todas suas energias na procura da maior glória de Deus, prescindindo de qualquer valor terreno transitório (cf. Aut 199). Quando recebia algum elogio sobre sua pregação ou pelas longas horas de confessionário, ele preferia mudar de conversa e dar glória a Deus, único a quem a glória pertence (cf. Is 42, 8). Claret cultivou com especial esmero a virtude da humildade (Aut 34).
Em situação de perseguição quase constante, Claret se propôs configurar-se com o Jesus manso e humilde (cf. Mt 11, 29). Na imitação de tal mestre, se propôs igualmente não queixar-se nunca do sofrimento que as perseguições lhe causavam (cf. Aut 650), mas suportá-las em silêncio e pela salvação de seus mesmos perseguidores.
O estilo itinerante de Jesus foi adoptado por Claret como forma de vida: “O que mais e mais me moveu sempre foi contemplar Jesus Cristo como ia de um povoado a outro, pregando por todas as partes” (Aut 221). Claret foi pobre e itinerante não só em sentido físico ou material, mas em flexibilidade e desapego a tal ponto de deixar lugares, estilos e práticas, sempre com um olhar universal. A caridade apostólica, dizia, “me impele, me interpela, me faz correr de um povoado a outro” (Aut 212). Nem o escravizou a própria segurança, mas fez suas as palavras de Paulo: “nenhuma destas coisas temo, nem aprecio mais minha vida que minha alma, sempre que desta forma exerça o ministério que recebi de pregar o santo Evangelho” (Aut 201).

Em que se traduz em sua vida cotidiana o fato de ser seguidor de Jesus? Que traços da sua existência lhe são mais atraentes e tenta encarnar em fidelidade à sua vocação cristã?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 23 de janeiro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

23 de janeiro de 2020

“O amor de Deus e o egoísmo são dois amores contrários que se repelem mutuamente; são como a água e o fogo. A água suja do balde do ferreiro consegue apagar o ferro incandescente. Assim o egoísmo pode apagar o amor divino” (Texto inédito. Mss. Claret, vol. XIII, p. 697).

AMORES INCOMPATÍVEIS

O amor de Deus não é uma ideia, mas uma experiência. O Padre Claret foi um experimentado neste amor, que ele compara ao fogo. Para ele o fogo do amor é também símbolo da vida: o amor cria e chega à entrega pelos outros. Para Jesus, “não há amor maior que dar a vida pelos amigos” (Jo 15,13); e Paulo vê a razão de ser “impelido” pelo amor de Cristo (cf 2Cor 5,14) em que ele morreu não pelos justos mas pelos pecadores (cf. Rm 5,8s). O profeta compara o amor de Deus com o de uma mãe amorosa e incapaz de esquecer seus filhos (cf. Is 49, 15).
A experiência do amor de Deus se vive na história pessoal de cada um. Mas, podemos dizer que Deus ama alguém que está passando por desgraças, falta de saúde, apertos econômicos, perseguição, inclusive pela fé no Evangelho? O Deus amor não é sempre o Deus compassivo ou permissivo; nem um pai humano é assim. Precisamos de uma aprendizagem para viver com maturidade e plenitude os momentos obscuros que a vida vai encontrando. Neste sentido, viver o amor de Deus implica viver a confiança, embora sem experimentar a ação imediata e vivificante da providência. A presença da adversidade não deve apagar o fogo do amor.
A experiência do amor de Deus leva consigo um chamamento à escuta dos sussurros do silêncio de Deus, um silêncio que não deve ser confundido com ausência, mas que projeta sobre nós a luz suave, a que nos permite caminhar com idealismo para a última etapa do nosso peregrinar. Esperar no amor de Cristo, o das chagas glorificadas depois da entrega por nós, proporciona o ideal indispensável para sorrir também nos momentos duros da vida.

O que lhe diz a expressão de 1Jo 4,8: “Deus é amor”? Titubeia sua fé neste amor quando não percebe sua intervenção, como um “super homem”, diante da menor adversidade? Mostra seu amor a Jesus na aceitação paciente do sofrimento?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 22 de janeiro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

22 de janeiro de 2020

“Oh! Meu Deus! Eu não quero nada deste mundo; não quero mais que vossa divina graça, vosso santo amor e a glória do céu” (Aut 636).

META FINAL

Nós nos tornamos míopes, com a vista cansada e curta. Conforme avança a vida, perdemos de vista o horizonte, nos adaptamos ao pequeno. Conforme vamos perdendo as forças, os sonhos e a vontade de abrir caminhos novos vão se embora; custa-nos levantar o olhar e, ainda mais, o voo; custam-nos as mudanças e nos vamos conformando com voos curtos. Muitas vezes nos resignamos a ser aves de quintal, embora chamados a sermos aves de altura. Pode ser que tenhamos permanecido olhando para trás, afogados pelas lembranças e nos entretemos com as coisas pequenas daqui de baixo.
Hoje Claret nos convida a pensar no céu e a fazê-lo com frequência. Como bom missionário, sabe que se deve propor a meta para levantar o ânimo, para que ninguém durma e fique pelo caminho. Devemos falar do céu, para não perdermos de vista o horizonte e estarmos conscientes do desenvolvimento da vida e da história.
Pensar no céu não é falar de um lugar. É colocar o olhar na meta da vida em plenitude, do amor, do banquete de todos, da cidade nova, do Reino totalmente realizado.
Falar do novo céu nos coloca a caminho, em êxodo. Convida-nos a deixarmos as escravidões que nos ligam e enrolam, propondo-nos pequenos céus, para caminhar, com a liberdade dos filhos de Deus, para “um novo céu e uma nova terra onde habite a justiça” (2Pd 3,13).
Falar do céu é não perder a inquietação nem o gosto pela utopia do outro mundo possível; antes, é não conformamo-nos com qualquer ópio, embora tenha forma de religião.
E quando deixarmos de falar do novo céu, aparecerão muitas ofertas novas de pequenos céus, mais próximos, mais a meu gosto, mas sem dúvida mais passageiros, descartáveis, realmente pseudos céus.

Estamos recebendo ofertas de pequenos e imediatos céus? Com que atitude espero novo Céu e nova terra?

Pai nosso, que estais nos céus, não nos deixeis cair na tentação de conformarmo-nos com pequenos e artificiais céus.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 21 de janeiro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

21 de janeiro de 2020

“Com muitíssima frequência, desde pequeno, acompanhado de minha irmã Rosa, que era muito devota, ia visitar um Santuário de Nossa Senhora chamado Fusimanha, distante uma légua da minha casa. Não posso explicar a devoção que sentia em dito Santuário… esta devota imagem de Fusimanha a visitei sempre que pude, não só quando pequeno, mas também quando estudante, sacerdote e arcebispo, antes de ir à minha diocese” (Aut 49)

SACRAMENTALIDADE DO LUGAR

Há presenças, podem ser lugares, pessoas, que sempre nos acompanham na mochila da vida por todas as partes e às quais, sempre que possível, retornamos fisicamente ou com a memória ou lembrança. Nossa vida foi sendo atada ou deixando atar-se a estas presenças amáveis, amigas, boas, belas, em uma palavra, benévolas e benfazejas. E tudo isto faz parte da nossa memória agradecida. Graças a todas elas, que fazem parte para sempre da bagagem ou do disco rígido de nossas vidas, somos o que somos, tenhamos feito o caminho da vida até o dia de hoje.
Talvez nem sempre estejamos conscientes da nossa dívida, por assim dizer, para com estas presenças. Mas, agora que você começa a pensar, todas estas presenças, acho que sim, despertam seu amor, fervor, veneração que não pode nem tem razão para dissimular. E por todas estas presenças, algumas mais remotas, outras mais próximas, nos sentimos de certo modo devedores. É certo que neste tipo de coisas intermedeia muito a experiência vital de cada pessoa, suas saudades, nostalgias, recordações. E, por isso também, tudo isto pode dar mais sentido em determinadas situações de distância ou separação.

Entre todas estas presenças parece que há uma presença que se destaca de um modo especial, com um contorno particular. Refiro-me à presença da mãe, isto é, daquela que nos gerou, nos deu à luz, nos acompanhou muito de perto, de tantas e tantas maneiras, em infinitas horas e cuja presença, com o passar do tempo, foi fazendo-se mais discreta, mas não menos sentida, conforme fomos crescendo, fazendo-nos adultos, tomando outros rumos e horizontes. Mas, por muito que tenhamos crescido, continuamos sendo filhos dela. Para ela, embora sendo adultos, sempre somos “seus filhos”. Lembra-se da herança de Jesus na cruz? Mãe, aí tens teu filho. Filho, aí tens tua mãe. E desde aquele momento, o discípulo a acolheu em sua casa.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 20 de janeiro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

20 de janeiro de 2020

“Maria tinha que ser a Mãe do mesmo Deus. É um princípio de filosofia que entre a forma e as disposições da matéria deve ter certa proporção: a dignidade de Mãe de Deus é aqui como a forma e o Coração de Maria é a matéria que deve receber esta forma. Oh!, que cúmulo de graças, virtudes e outras disposições se concentram naquele santíssimo e puríssimo Coração” (Carta do P. Claret a um devoto do Imaculado Coração de Maria, em EC, II, p. 1499).

MARIA MÃE DE DEUS

Sem dúvida, estas exclamações da alma de Claret diante de tantas virtudes e graças são um forte convite a contemplar Maria. Ao olhá-la, diz Bento XVI em sua alocução de 8 de dezembro de 2005: “Aviva-se em nós, seus filhos, a aspiração à beleza, à bondade e à pureza de coração. Sua candura celestial nos atrai para Deus ajudando-nos a superar a tentação de uma vida medíocre”.
Acontece que muitos de nós somos de tão baixa estatura que não conseguimos ver, como Zaqueu. A solução para poder olhar e perceber a Virgem Maria com olhos assombrados está em aproveitarmos os ombros dos santos, como já no século XII o expressava Bernardo de Claraval: “Somos anões ao lado de gigantes e se conseguirmos ver mais longe não é porque nossa vista seja mais aguda, mas porque eles nos levantam sobre sua estatura gigantesca”.
Também podemos subir sobre os ombros da liturgia da Igreja, para obter horizontes que não vemos por nossa baixa estatura espiritual. No prefácio da missa do Coração de Maria, somos convidados a dar solenemente graças a Deus “porque destes à Virgem Mãe um coração sábio e dócil, disposto sempre a agradar-vos, um coração novo e humilde, para gravar nele a lei da Nova Aliança, um coração simples e limpo que a fez digna de conceber virginalmente vosso Filho, um coração firme e disposto para suportar a espada da dor e esperar, cheia de fé, a ressurreição do seu Filho”. Aqui temos um belo panorama para contemplar e uma forte motivação para desejar ardentemente ter um coração parecido.
Subamos também sobre os ombros dos poetas: “Era Ela / e ninguém sabia / mas, quando passava / as árvores se ajoelhavam /. Aninhava em seus olhos a Ave Maria / e em sua cabeleira se trançavam as ladainhas” (Geraldo Diego).

Você pensou alguma vez criar suas próprias ladainhas?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 19 de janeiro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

19 de janeiro de 2020

“Daqui a um mês eu ficarei sem auxiliar. Como vejo que os Irmãos desejam muito que venha um Sacerdote da Congregação e eu também desejo como eles, peço-lhe que, com o parecer dos Consultores, me envie um Sacerdote da Congregação, e serei grato e os Irmãos também” (Carta ao Pe. José Xifré, 19 outubro de 1866, em EC II, p. 1066).

VIVER EM FAMÍLIA

No século XIX todo bispo tinha sempre consigo um sacerdote, que era quem o ajudava a celebrar a Eucaristia no complicado ritual de então, e costumava fazer de secretário, etc; em seus primeiros anos de Madri, Claret teve como secretários sacerdotes diocesanos. Mas seu desejo era viver com seus Missionários. Desde 1866 estão com seu querido Fundador dois Irmãos Claretianos não sacerdotes; e, ao perder seu auxiliar diocesano, Claret quer que o substitua também um sacerdote da sua Congregação. É normal, pois como aceitou ser Arcebispo por força nunca teria desejado ir embora de Vic, da comunidade dos Missionários.
O “lugar natural” de Claret teria sido a “casa missão”, o grupo que Deus lhe havia dado para colocar em andamento a Congregação de Filhos do Imaculado Coração de Maria naquele longínquo 16 de julho de 1849. Em nosso texto Claret mostra uma grande predileção por estes Irmãos seus, juntamente com um grande respeito a quem os governa; ele, o Fundador, se submete contente ao que decida o Superior Geral.
Este sentido de pertença nunca lhe impediu valorizar e amar as coisas dos outros. Antes, Claret foi homem de muitas pertenças, umas por afinidade carismática, outras por compromissos pastorais ou outros motivos práticos; umas mais permanentes, outras mais passageiras. Quando, em 1868, saiu da Espanha desterrado, a Congregação de Missionários era seu único ponto de referência.

Assim como em uma família cada membro deve manter-se aberto e acolhedor dos demais, igualmente deve comportar-se com a “família” espiritual que Deus nos tem dado: os irmãos ou irmãs de carisma. Às vezes, em nossos tempos, tanto em nível de família humana, como de vida religiosa ou congregacional, há quem mantenha uma relação mais profunda e sentida com uma realidade exterior, chame-se movimento religioso, grupo cultural, que com o grupo vocacional a que foi chamado.

Sinto e cultivo meu relacionamento humano e espiritual, antes de tudo, com os irmãos que Deus me tem dado? Ou, antes, vivo desenraizado ou desinteressado a este respeito?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf