Claret Contigo

Claret Contigo – 15 de outubro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

15 de outubro de 2020

“Jesus montou num burrinho ao entrar triunfalmente em Jerusalém. Também eu me ofereço alegremente a Jesus a fim de que se valha de mim para entrar nas almas convertidas e nos povoados, triunfando dos inimigos: mundo, demônio e carne. Que fique bem claro: as honras e os louvores que me forem tributados não serão para mim, que sou o burrinho, mas para Jesus, cuja dignidade levo, ainda que indigno” (Aut 669)

HUMILDADE EVANGÉLICA

Este tipo de pensamento pode manter-nos sem grandes esforços na necessária humildade. Sofremos um grande engano quando subimos para olhar os outros embaixo, crendo nos louvores ou reconhecimentos que nos tributam, sem passar pelo crivo da humildade. É sábio e prudente saber quanto pesamos na balança da opinião social, mas é insensato crer tudo o que nos dizem quando nos elogiam. Muitas vezes se cumpre o velho refrão: “Não por você mas pelo pão move o rabo o cão”!

O Papa Pio XII por ocasião da canonização de Santo Antônio Maria Claret (7 de maio de 1950) afirmou: “Pôde ser humilde de origem e glorioso aos olhos do mundo. De aparência modesta, mas grande a ponto de impor respeito inclusive aos grandes da terra”. Com efeito, Claret foi elevado a uma posição diríamos ‘social’ que muitos eclesiásticos considerariam como um privilégio: junto aos grandes da terra, próximo a Reis de nações, com enorme influência na nomeação de bispos, gerenciando grandes instituições (como o Escorial). Mas ele não via tudo isso assim. Não procurou, recusou. Reiteradas vezes tentou sacudir de cima de si tão pesados cargos.

Ele estava consciente de não ser senão um instrumento nas mãos de Deus. Empregava a imagem do ‘burrinho’, evocando a entrada de Jesus em Jerusalém, aclamado triunfalmente quando se aproximava sua humilhação mais estrepitosa: sua morte na cruz. Claret, com frequência aclamado pelas multidões, com frequência também caluniado e perseguido, mantinha um espírito humilde. Os louvores os atribuía a Jesus, a quem levava em sua itinerância missionária. As fortes contrariedades as assumia pacientemente, identificado com Cristo.

Você busca protagonismo ou é instrumento de Deus para as atividades que faz e em contato com o povo, na família, etc.?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 14 de outubro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

14 de outubro de 2020

“Ocupar-me-ei com os louvores de Deus, de Maria Santíssima e dos Santos, como são orações e devoções e procurarei exortar o próximo na virtude” (Explicação da Paloma [=Resumo dos principais documentos…]. Barcelona 1848; p. 24).

ORAÇÃO CONSTANTE

Mais de um século nos separa de Claret. Parece incrível que ele percebesse com tanta perspicácia os ritmos de vida de hoje. Daí seu empenho em dar à luz material para ser entregue aos cristãos, sobretudo, aos leigos, que os ajudassem a voltarem à vida normal depois de experiências intensas como exercícios espirituais. Como manter no frenesi da vida de cada dia os bons propósitos destes tempos mais dedicados ao encontro com o Pai?

Hoje enviamos mensagens breves por internet em suas formas, cada dia, mais sofisticadas. Os gênios da publicidade buscam expressões que impactem e se gravem bem. Claret une suas mensagens a um desenho para facilitar sua compreensão e os ordena de modo que para cada um sigam dois ou três conselhos práticos. Como se fosse pouco, propõe ele ideias breves às quais voltar duas ou três vezes ao dia e coloca exemplos para que saibamos organizar-nos.

Este pensamento se inclui no que ele chama ‘exame particular do amor de Deus’; como ter presente este amor durante todo o dia? Claret propõe três chaves: o que se diz, o que se faz, o que se sofre. Convida a fugir de toda palavra que possa ofender a Deus ou ao próximo e a ter sempre presente alguma oração breve, ‘jaculatória’, que nos mantenha em diálogo constante com o Senhor. A estas orações e louvores se refere o texto. Como o corpo, comenta ele, também a alma precisa respirar; é preciso repartir estas orações durante o dia: ao iniciar a jornada, ao concluí-la, ao deslocar-se, ao sentar-se para comer, ao iniciar ou acabar o serviço. Aos homens e mulheres do século XXI fará bem deixar nosso espírito respirar como o de Claret.

Existe algo disso em sua vida? Tem algum hábito que lhe permita sentir perto de Deus durante o dia? Faz algo para que Ele possa falar-lhe?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 13 de outubro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

13 de outubro de 2020

“A ignorância em matéria de Religião é hoje em dia grande, quase geral; e o pior é que são muitíssimos os que se deleitam com ela. Preferem as trevas à luz; mais querem os vícios que as virtudes e usufruem os deleites grosseiros que estão à vista, não fazem caso nem querem fazer das alegrias do céu que o Senhor lhes tem prometido e preparado se acreditam e agem como Ele manda” (O trem. Barcelona 1857, p. 79).

A SEDUÇÃO DO MAL

Continue cantando, embora sem o êxito de outros tempos. Nem sua vida parece ter seguido de perto os princípios da justiça e da igualdade que outrora defendia com voz forte, mas aí está sua canção: “deixa-me em paz, não quero salvar-me, no inferno não estarei tão mal assim”. Suas palavras soavam e soam fortes.

O que diria Claret hoje, se já em seu tempo se escandalizava com a ignorância em matéria religiosa. Uma ignorância em que, como ele mesmo insinua, há muita irresponsabilidade e deliberação. Mas também é verdade e o Concílio Vaticano II recordou expressa e solenemente, que esta ignorância e este desapego têm algo a ver com a incoerência e o mal exemplo dos batizados.

A evolução de muitas sociedades foi permitindo que cada um possa escolher com quem fazer o caminho da vida. Chegamos à conclusão de que há companhias que sobram. Outras, no entanto, nos atraem intensamente. Recordamos amiúde que Jesus nos convidou a sermos simples como as pombas, mas esquecemos talvez de que nos exortou também a cultivar a astúcia das serpentes. Uma frase dita por Claret no século XIX soa muito atual no XXI: “o sacerdote que trabalha sem mansidão serve ao diabo e não a Jesus Cristo. Não poucas vezes o mau gênio ou a ira ou a falta de mansidão se encobrem com a máscara do zelo” (Aut 376). Alguém veio a dizer depois: “a letra com sangue entra, mas não do que aprende, mas do que ensina”.

Aí fica a mensagem. Ajudemos o povo a ser responsável pelos seus atos, a assumir as consequências de dizer sim ou não à Palavra de Deus e às cruzes de seus irmãos; mas aguentemos também a nossa vela: para com Deus, coração de filho; para conosco mesmos, coração de juiz; para com o próximo, coração de mãe.

Que reação provoca em você a opção de tantas pessoas pela descrença, pelo desinteresse pelo religioso? Que oferece você a quem não partilha nossa fé?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf.

Claret Contigo – 12 de outubro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

12 de outubro de 2020

“Eis aqui a última e principal qualidade que deve ter para ser um bom missionário: ser devoto de Maria e amar muito a Deus” (Carta ao Missionário Teófilo, em Sermões de Missão. Barcelona 1858, vol. I, p. 26).

OS DOIS GRANDES AMORES

Quando Claret pregava missões nas Ilhas Canárias, lamentava-se da deficiente formação dos sacerdotes daquelas ilhas: era de orientação jansenista. Este foi um desvio muito estendido nos séculos XVII e XVIII, que no campo da espiritualidade levou o povo a um rigorismo moral e a um lamentável esquecimento da ternura de Deus Pai. Diante disto um grande papel teve a devoção aos Corações de Jesus e de Maria.

Claret, talvez predisposto para ser “naturalmente muito compassivo” (Aut 9), entendeu que Deus é como o pai do filho pródigo, que organiza uma festa para o filho rebelde que regressa. Ao redor de 1847, parece que conheceu os Anais da Arquiconfraria do Coração de Maria que funcionava na igreja parisina de Nossa Senhora das Vitórias, onde veneravam Maria especialmente como “refúgio dos pecadores”. Isto deu um novo matiz à espiritualidade e à técnica apostólica de Claret: Maria “refúgio”. Perceberá nela um fiel reflexo da ternura de Deus. Ele não foi um daqueles pregadores que atribuíam a Deus a justiça e a Maria a compaixão. Seu Deus era o pai compassivo. Mas nem por isto privava de espaço Maria: via-a como modelo, como mestra, como “mediadora”; era o “pescoço” entre Cristo Cabeça e a Igreja Corpo.

A devoção a Maria era entrega, era amor. “Ministro de Maria” (Aut 270). E a relação com Deus era também de amor. Esta é uma das palavras que com mais frequência aparecem nos escritos de Claret. É ilustrativa a história que conta de São João de Ávila. Um jovem sacerdote lhe perguntou que devia fazer para ser um bom pregador, ao que o santo respondeu laconicamente: “amar muito” (Aut 440).

Claret quer que Teófilo seja um bom missionário e sabe que a condição elementar para isto é que leve fogo interior, que Deus e Maria signifiquem muito para ele, que a causa de Deus ‘o inflame’. A palavra da testemunha não pode ser fria ou ‘neutra’, mas palavra de fogo.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 11 de outubro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

11 de outubro de 2020

“Ao iniciar os meus estudos em Vic, sucedia-me algo parecido com o que se passa numa forja, na qual o ferreiro coloca na fornalha uma barra de ferro e quando ela está em brasa retira-a, coloca-a em cima da bigorna e começa a dar golpes com o malho. O ajudante faz o mesmo e os dois vão alternando compassadamente marteladas e vão moldando o ferro até que adquira a forma desejada pelo ferreiro. Vós, meu Senhor e meu mestre, pusestes meu coração na forja dos exercícios espirituais e dos sacramentos, e assim, aquecendo meu coração no fogo de vosso amor e no de Maria santíssima, começastes a dar golpes de humilhações, alternando com meus próprios golpes, desferidos através do exame particular que eu fazia sobre tão necessária virtude” (Aut 342)

DEIXAR QUE DEUS NOS FAÇA

O símbolo que mais aparece na pregação e nos escritos de Claret é o do fogo. Usa para falar de Deus, do Espírito Santo, do Coração de Maria. Para descobrir seu processo pessoal de transformação interior se serve de um símbolo muito familiar no mundo rural: a forja. Embora longe do nosso mundo tecnológico, continua sendo compreensível porque se baseia nos quatro elementos presentes em toda cultura: a terra, o fogo, o ar e a água. Claret se vê a si mesmo como uma barra de ferro que quer se transformar em flecha, conforme havia lido no profeta Isaías: “Fez de mim uma flecha aguda, me escondeu em sua aljava” (49,2). O que faz o ferreiro? Em primeiro lugar, coloca a barra de ferro no fogo da forja até que se torne incandescente. Depois, coloca-a sobre a bigorna e, lentamente e com precisão de artista, vai dando golpes com o martelo até conseguir dar a forma desejada. Finalmente, quando a barra de ferro se converte em flecha, coloca-a na água para que adquira a têmpera justa.

Com grande simplicidade, Claret aplica esta bela alegoria à sua transformação pela graça do Pai. Para converter-se em flecha missionária, Deus o coloca primeiro na experiência do fogo do seu amor através dos exercícios espirituais e sacramentos. Aquecido, iluminado e temperado pelo fogo do amor de Deus, vive um lento processo de configuração com Cristo na bigorna da vida cotidiana. As marteladas significam as virtudes e os meios ascéticos que o ajudam a adquirir a “forma de Cristo”. Convertido em flecha aguda, é introduzido na água do Espírito Santo para ser lançado como mensageiro do evangelho aos pobres.

Também a nós é aplicável a alegoria da frágua. Para sermos testemunhas convincentes, precisamos da experiência do fogo, isto é, da experiência do amor de Deus e da bigorna, isto é, do processo de configuração com Jesus Cristo.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 10 de outubro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

10 de outubro de 2020

“Nunca cobrei um centavo como propriedade do que mandei imprimir; ao contrário, dei gratuitamente milhares e milhares de exemplares e ainda hoje em dia estou distribuindo e darei até a morte” (Aut 328).

FORÇA PERSUASIVA DA GRATUIDADE

Em uma sociedade mercantilista como a nossa, a gratidão, mais que um valor, é uma atitude com suspeitas. Quando tudo se compra e se vende, não se entende que alguém queira oferecer algo grátis, se não busca algum outro tipo de compensação. E, no entanto, a lógica da evangelização se rege por outro critério: “o que receberam grátis, devem dar grátis” (Mt 10,8).

O melhor da vida, a mesma vida, a liberdade, a alegria, a amizade, a fé, não se pode comprar. Tudo o que de melhor recebemos, recebemos grátis, isto é, como graça. Para que seja eficaz se deve dar do mesmo modo como tenhamos recebido: grátis. Claret compreendeu muito bem as palavras de Jesus e procurou aplicá-las ao seu modo de evangelizar; e, mais concretamente, à impressão e difusão de livros. Sobretudo, compreendeu que em sua vida deviam estar presentes as orientações de Jesus, que ensinou que “há mais felicidade em dar que em receber” (At 20,35) e “sendo rico se fez pobre para que nós nos enriquecêssemos com sua pobreza” (2Cor 8,9).

Claret diminuiu seu salário de Arcebispo de Cuba para que seus sacerdotes fossem mais bem pagos. Posteriormente, como Presidente do Escorial, fez uma administração admirável e deu bom salário a seus colaboradores naquela grande empresa. Mas não se concedeu nada a si mesmo.

Provavelmente hoje seja difícil aplicar este critério de gratuidade à produção de bens materiais, dado o tipo de sociedade em que vivemos. Mas sempre é aplicável àqueles bens que são os mais necessários para viver: a aceitação dos demais, a entrega, a beleza, etc. O evangelizador de hoje teria que ser um perito nestas experiências de graça, que são como oásis em meio ao deserto da produtividade. Não há nada menos produtivo, mas mais necessário, que um abraço ou uma palavra de apoio. E, desde logo, não há nada mais gratuito e mais transformante que a fé.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 09 de outubro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

09 de outubro de 2020

“Como comecei as missões no ano de 1840, em que nos achávamos em guerra civil entre Realistas e Constitucionalistas, ia com muito cuidado para não dizer alguma palavra sobre política, a favor ou contra algum dos partidos” (Aut 291).

ENTREGUE A TODOS

Claret foi acusado de ser o político da aparente ‘não-política’. Esteve muito consciente da situação que lhe tocou viver. Dava valor ao serviço que os políticos devem prestar para o bem comum. Mas o fato de ter-se sentido, em seus anos de pregador popular pela Catalunha, “espiado” por uns partidos e por outros, criou nele uma aversão quase visceral a tudo o que cheirasse a política. Seus escritos nos deixam a impressão de que sua época mais feliz foi o ano e meio passado em Canárias, muito provavelmente por não ter encontrado ali lutas partidárias.

Desde seus diversos cargos (Arcebispo de Santiago de Cuba e Confessor da Rainha Isabel II), às vezes colaborou com eles e influiu quanto pode para que os valores do evangelho inspirassem a convivência social, mas, por instinto e por sentido pastoral, manteve-se distante da luta entre partidos e pediu a seus missionários que seguissem esta mesma linha de conduta.

Isto não significa, naturalmente, que devemos permanecer à margem dos projetos e decisões que guiam a convivência social. Mas, salvo quando estão em jogo valores fundamentais, o evangelizador deve limitar-se a propor os valores do evangelho sem inclinar-se a opções políticas concretas, quase sempre discutíveis, que poriam em perigo sua liberdade e, sobretudo, a necessária atenção aos que mantém posturas diferentes. Compromisso claro com os valores essenciais (como por exemplo, sua denúncia da escravidão em Cuba), prudência e inclusive distância crítica diante das diferentes mediações políticas constituem a ‘política’ de Claret, que pode iluminar também nossa maneira atual de comportamento diante do panorama social.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 08 de outubro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

08 de outubro de 2020

“Quando saí daquelas ilhas (Canárias), o Senhor Bispo quis dar-me um chapéu novo e um capote novo, mas eu não quis; somente levei cinco rasgões que me fez em meu capote velho o povo que sempre estava ao meu redor quando ia de um povoado a outro” (Aut 486).

DESPRENDIMENTO E APOTEOSE

O Padre Claret teve grande sensibilidade estética; não foi em vão que estudou desenho e arte têxtil. Ele mesmo desenhou seu escudo de Arcebispo, o da Academia de São Miguel, muitas das gravuras do seu Catecismo explicado. Da sua juventude em Barcelona, escreveu anos mais tarde: “gostava de vestir-me bem, não diria com luxo, mas com bastante elegância” (Aut 72). Naqueles tempos, fugindo de uma mulher sedutora, saiu da casa tão rapidamente que esqueceu o chapéu; momento vergonhoso do qual nunca se esqueceu. De Jesus pobre repara que morreu “sem chapéu e sem gorro” (Aut 429).

Mas a imitação de Cristo pobre e a preocupação por economizar para auxiliar os pobres foram em Claret mais fortes que sua sensibilidade estética. Em sua consagração episcopal não usou mitra nova, mas lhe impuseram uma do defunto bispo Corcuera, a quem muito admirava. Com relação aos preparativos da viagem a Cuba, o mesmo bispo de Vic lhe aconselhou: “Escreva ao Núncio e ao Ministro de Graça e Justiça acentuando sua extrema pobreza e a absoluta falta de dinheiro para cobrir os gastos correspondentes à viagem e pedindo que sejam adiantados estes recursos” (Epist. Passivo I, p. 77).

O que aconteceu em Canárias se repetiu em Cuba. Ao ser chamado como confessor real (março de 1857), desejou partir para Madri imediatamente; somente a pedido dos seus amigos mais próximos se deteve quatro dias mais enquanto o alfaiate lhe fazia uns hábitos novos e dignos para apresentar-se nos espaços reais e ministeriais. Para Claret uma batina surrada era um troféu: assemelhava-se a Cristo pobre e se lembrava do carinho e do contato com seus evangelizados.

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo – 07 de outubro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

07 de outubro de 2020 – Nossa Senhora do Rosário

“Honremos (…) Maria Santíssima, nossa terna Mãe; imitemos suas virtudes, tributemos-lhe continuamente nossos obséquios, recebamos em honra sua com frequência os santos sacramentos e não nos esqueçamos de que o Rosário é uma das devoções de que mais gosta” (Carta Ascética… ao presidente de um dos coros da Academia de São Miguel. Barcelona 1862, p. 45).

MARIA, OUVINTE E ORANTE

O Rosário, tão vivamente recomendado por Claret como efetiva devoção mariana dentro do apostolado, ficou, para muitos cristãos, relegado ao esquecimento. Talvez, por isso, o Magistério da Igreja o revalorizou em vários documentos recentes.

É evidente que a Igreja não pode esquecer a Mãe do seu Senhor. Nem deve ser exaltada a tal ponto de colocá-la quase no mesmo nível do seu Filho. Sempre subordinada a Ele, Maria tem seu lugar na missão salvadora do Filho: sua função de mediação materna.

Ela é, ainda, modelo para o povo fiel enquanto acolhedora da Palavra. Neste contexto recupera o significado do Rosário, oração evangélica baseada no mistério da Encarnação redentora e qualificada por Pio XII como “compêndio de todo o Evangelho”. O Rosário é uma oração-meditação dos mistérios da vida do Filho sob a guia daquela que esteve unida a Ele de Belém ao Calvário, acontecimentos que conservava e meditava em seu Coração (cf. Lc 2,19 y 51): “a alegria dos tempos messiânicos, a dor salvífica de Cristo e a glória do Ressuscitado que inunda a Igreja” (Paulo VI, e 1974, em sua Encíclica Marialis cultus nº 49).

Os Papas, diz Paulo VI, “recomendaram muitas vezes a oração frequente do Rosário, favoreceram sua difusão, ilustrando sua natureza, reconheceram-no como instrumento para desenvolver uma oração contemplativa, de louvor e de súplica ao mesmo tempo, recordando sua conatural eficácia para promover a vida cristã e o empenho apostólico” (Marialis cultus nº 42). Claret o tem como meio de identificação com Cristo em seu serviço ao mundo. Contemplar o rosto de Cristo e contemplá-lo com Maria, foi o programa que João Paulo II indicou a toda a Igreja no início do terceiro milênio, convidando-a a enfrentar com entusiasmo a nova evangelização.

Como apóstolo, o que admiro mais em Maria e o que é para mim mais necessário? Por que?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf

Claret Contigo 06 de outubro

Todos os dias uma meditação sobre as palavras do nosso Padre Fundador

06 de outubro de 2020 – Consagração Episcopal

“No dia 6 de outubro de 1850, dia de São Bruno, fundador dos cartuxos, a cuja Ordem tinha desejado pertencer (…), foi minha consagração episcopal, juntamente com a de D. Jaime Soler, bispo de Teruel, na Catedral de Vic. Foi consagrante o Sr. Bispo daquela Diocese, o Exmo. Sr. D. Luciano Casadevall” (Aut 499)

AUTÊNTICA SUCESSÃO APOSTÓLICA

Para Claret a mitra lhe chegou de rebote; haviam tentado nomear outro, mas este outro não aceitou. E chegou também a contratempo, pois acabava de fundar a Congregação de Missionários e não muito antes da Livraria Religiosa e ambas precisavam dele para orientar os primeiros passos. Por isso tardou dois meses para aceitar; finalmente o fez por obediência diante das palavras taxativas do seu bispo: “fará resistência à vontade de Deus se sua decisão for negativa, por isso, lhe mando que aceite” (Epist.Passivo I, p. 75).

Durante os meses de discernimento, muitos compreenderam as objeções de Claret, a principal das quais era sua vocação missionária; para começar, ele achava que lhe desviavam o caminho e foi preciso trabalhar para persuadi-lo. Em uma curiosa carta anônima, que alguns consideram apócrifa, de setembro de 1849, se diz: “o senhor pensa que Cuba é um bispado e, no entanto, não passa de uma missão; por isso mandamos para lá um missionário. Resigne-se, pois, a deixar seu chapéu de missionário, ao qual tem muito carinho; já sabe perfeitamente que não é tão estreita uma mitra para não caber nela a cabeça de um santo” (Epist. Passivo I, p. 73).

Claret sabia que um bispo é antes de tudo um sucessor dos Apóstolos, que foram seguidores e imitadores de Jesus e, logo, grandes missionários. E assim quis organizar-se ele. Antes de tudo procurou uma equipe de sacerdotes e leigos, 13 pessoas em tudo, com as quais fazer certa vida de comunidade e partilhar a ação evangelizadora. Não descuidando os deveres administrativos ou de governo, colocou o acento na pregação, na catequese, na atenção direta àqueles fiéis, privados de pastor por 14 anos. Em seis anos, ele fez quatro visitas ‘missionárias’ naquela imensa diocese, hoje dividida em 5.

A criatividade de Claret soube recuperar o sentido originário do episcopado, dar vida a algo que estava enferrujado e envelhecido. Sabemos nós aproveitar as estruturas eclesiais, atualizá-las, para que sejam autênticas plataformas de evangelização?

Tradução: Padre Oswair Chiozini,cmf