Meditações Pascais – 30 de maio

Ele está no meio de nós

Padre Valter Maurício Goedert

POR QUE ESTAIS OLHANDO PARA O CÉU? (At 1,1)

Quando parte alguém que muito amamos, que condividiu nossa intimidade, experimentamos o vazio. Parece que ninguém mais será capaz de preencher o espaço. Nosso olhar se perde na distância, tentamos vislumbrar, ainda que confusamente, a imagem de quem muito amamos. A sensação de ausência nos deixa paralisados. O mundo continua sua trajetória; nós, porém, paramos no tempo.

Exatamente essa a experiência dos discípulos no momento da Ascensão. Foi necessário que anjos lhes recordassem o mandato de Jesus: “Serei minhas testemunhas” (At 1,8).

Leão Magno comenta: “Os santos apóstolos, apesar dos milagres contemplados e dos ensinamentos recebidos, ainda se atemorizavam perante as atrocidades da paixão do Senhor e hesitavam ante a notícia de sua ressurreição. Porém, com a ascensão do Senhor progrediram tanto que tudo quanto antes era motivo de temor, se converteu em motivo de alegria. Toda a contemplação do seu espírito se encontrava na divindade daquele que estava sentado à direita do Pai; agora, sem a presença visível de seu corpo, podiam compreender claramente, com os olhos do espírito, que aquele que, ao descer à terra, não tinha deixado o Pai, também não abandonou os discípulos ao subir ao céu” (Liturgia das Horas, 6ª feira da 6ª semana do tempo Pascal).

Os discípulos entenderam, afinal, que uma imensa missão os esperava. Pedro anuncia na manhã de Pentecostes: “Saiba, portanto, com certeza, toda a casa de Israel: Deus constituiu Senhor e Cristo, este Jesus a quem vós crucificastes” (At 2,36). Pedro e João respondem ao Sinédrio: “Julgai se é justo, aos olhos de Deus, obedecer mais a vós do que a Deus” (At 4,19). Paulo reconhece que se tornou ministro do evangelho pelo dom da graça de Deus (Ef 3,7); esquecendo-se do que ficou para trás, avança para o que está à frente: “Prossigo para o alvo, para o prêmio da vocação do alto, que vem de Deus em Cristo Jesus” (Fl 3,13). A Timóteo confessa: “Combati o bom combate, terminei minha carreira, guardei a fé” (2Tm 4,7).

Como a comunidade apostólica, a Igreja vive expectativa semelhante. A Igreja, lembra Santo Agostinho, conhece duas vidas que lhe foram anunciadas por Deus: uma é vivida na fé; outra, na visão. Uma, no tempo da caminhada; outra, na mansão eterna. Uma, no trabalho; outra, no descanso. Uma, no exílio; outra, na pátria. Uma, no esforço da atividade; outra, no prêmio da contemplação” (Liturgia das Horas, sábado da 6ª semana do tempo pascal).

Na Carta Apostólica “No início do Novo Milênio”, João Paulo II nos desafia a lançar as redes nas águas mais profundas, e aponta as grandes metas a serem alcançadas nesta nova evangelização: busca da santidade; vida de oração; renovação da vivência eucarística; redescoberta do sacramento da Reconciliação; primado da graça divina; escuta e anúncio da Palavra e testemunho de amor fraterno.

Entre a ação e a contemplação, as perseguições do mundo e as consolações de Deus. A Igreja, guiada pelo Espírito de Jesus Cristo, avança, peregrina, anunciando a cruz e a morte do Senhor até que ele venha. Jesus Cristo, ontem, hoje e sempre é o sentido último da evangelização da Igreja. Ele é o Esposo dileto, o único Amor da Igreja, esposa querida. No dia em que Jesus for também nosso único Amor, entenderemos a profundidade do testemunho de Paulo: “Para mim, viver é Cristo, e morrer, é lucro” (Fl 1,21).

ORAÇÃO DA ASCENSÃO

Pai celestial,
que ao elevar teu Filho Jesus
ao mais alto dos céus,
nos chamas à grande esperança
de participar de tua vida,
concede-nos
olhar com fé,
para além dos nossos horizontes.
Faz-nos, também,
dignos de testemunhar com fidelidade
teu amor pelos homens,
manifestado por Cristo,
enquanto compartilhou
de nossa vida neste mundo.

Livro: Padre Valter Maurício Goedert – Ele está no meio de nós – Meditações Pascais

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