Meditações Pascais – 25 de maio

Ele está no meio de nós

Padre Valter Maurício Goedert

Segunda-feira | 25 de maio de 2020

NÃO SE PERTURBE O VOSSO CORAÇÃO! (Jo 14,1)

Uma partida inesperada é sempre triste. Não é fácil separar-se de quem muito se ama! A convivência com Jesus criara laços profundos de amor entre ele e os discípulos: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu Senhor faz; mas eu vos chamo de amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu vos dei a conhecer” (Jo 15,15).

Os discípulos tinham razões de sobra para se encherem de tristeza: tristeza que, dentro em breve, se transformaria em saudade. Como não permanecer, pois, olhando para o céu para gozar o maior tempo possível da presença do Mestre! É verdade, prometera que não os deixaria órfãos (Jo 14,18); ao contrário, experimentariam sempre sua paz. Ainda mais: o Paráclito viria até nós para nos confortar. Rogaria ao Pai para que eles fossem guardados em seu nome, consumados na unidade, preservados do mal, plenificados de alegria em sua missão pelo mundo (Jo 17,9-19).

No entanto, é preciso acreditar em Jesus, mesmo quando invisível. Se ele não partisse, como nos poderia preparar um lugar para nos levar consigo? Como enviaria do Pai o Paráclito que ficaria conosco para sempre? É preciso crer, abrir os olhos para o invisível, converter-se definitivamente ao Senhor, começar a ver com a fé: “Ainda um pouco e o mundo não mais me verá, mas vós me vereis, porque eu vivo e vós vivereis” (Jo 14,19).

Não são poucos os momentos da vida em que experimentamos as “ausências” de Deus! Sentimos no dia-a-dia a veracidade das palavras de Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo: chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará” (Jo 16,20). Como o salmista suspiramos: “Das profundezas clamo a ti, Senhor; Senhor, ouvi o meu grito” (Sl 129,1)! Rezamos com Michel Quoist, em seus “Poemas para rezar”: “Estou só. Só. E lá fora há festa! Sim, podes falar, Senhor, estou ouvindo do fundo do coração! Já conheço, porém, tua canção, aquela repetida pelos padres: não estás sozinho, estou contigo! Sim, estás comigo, sem mãos, porém, sem lábios, sem olhar e sem palavras. Mas eu não sou um anjo, pois que tu me fizeste corpo”.

Jesus prevenira: “Eu vo-lo disse agora, antes de acontecer, para que, quando acontecer, creiais” (Jo 14,29). Vivemos à luz da fé. Como no Tabor, Jesus pode ser momentaneamente encoberto, mas continua presente. Agora nós o vemos como num espelho, de maneira confusa, na esperança, ou melhor, na certeza de que o veremos, um dia, face a face. O que importa não é continuar olhando para o céu, acompanhando sua partida; acolhamos seu retorno. “Homens da Galiléia, por que estais aí a olhar para o céu? Este Jesus, que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu” (At 1,11).

É preciso olhar para a terra, para as pessoas com quem compartilhamos a esperança em Cristo, com todos os que não o reconhecem como “a luz verdadeira que ilumina todo homem” (Jo 1,9). É necessário estar atentos ao que ocorre ao nosso redor, a fim de acolher Cristo que retorna cada dia, e se faz presente na comunidade eclesial, nas pessoas que praticam o bem, a justiça, a misericórdia e o amor. Presente até mesmo naqueles que não conseguem ou não querem semear o bem. Presente no irmão faminto, sedento, desprovido de bens materiais e dos direitos fundamentais da pessoa humana, peregrino em busca de acolhida. Presente nos encarcerados física e espiritualmente, nos presos a seus leitos de sofrimento, ou marginalizados pela miséria, pelo ódio, pelo desafeto, pela falta de amor e de esperança.

Não! Não precisamos olhar para o céu para ver Jesus; ele está no meio de nós! Fiquemos atentos à exortação de João Batista: “No meio de vós está alguém que não conheceis” (Jo 1,26)! Enquanto o procuramos no céu, podemos perdê-lo de vista no irmão!

Jesus Cristo está vivo! Ressuscitou verdadeiramente! Não temos motivos para tristezas; partiu, mas permanece entre nós. O Espírito Santo nos conduz na vivência de Jesus ressuscitado, e nos dará a certeza de que também a nossa tristeza se transformará em alegria.

CONFIANÇA NO SENHOR

Todo dia te bendirei e louvarei o teu nome
nos séculos, e nos séculos dos séculos.
Digna-te, Senhor, conservar-nos sem pecado neste dia.
Bendito és tu, Senhor, Deus dos nossos pais,
louvado e glorificado seja o teu nome nos séculos. Amém.
Venha sobre nós, ó Senhor, a tua misericórdia,
como temos esperado em ti.
Bendito és tu, ó Senhor, ensina-nos os teus juízos.
Senhor, tu te tornaste o nosso refúgio de geração em geração.
Eu disse: Senhor, tem piedade de mim,
cura a minha alma, porque pequei contra ti.
Senhor, eu me refugiei junto de ti:
ensina-me a fazer a tua vontade, porque tu és o meu Deus.
Na verdade, está junto a ti a fonte da vida
e na tua luz veremos a luz.
Estende a tua misericórdia sobre aqueles que te conhecem.
Santo Deus, Santo forte, Santo imortal, tem piedade de nós.

Liturgia Grega

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