Meditações Pascais – 25 de abril

Ele está no meio de nós

Padre Valter Maurício Goedert

FAZEI ISTO EM MINHA MEMÓRIA! (Lc 22,19)

Ao partir do pão, os discípulos de Emaús descobriram em definitivo o que já haviam percebido ao longo do caminho, enquanto ele lhes explicava as Escrituras: Jesus ressuscitou; está vivo entre nós!

Cada vez que partimos o pão, como o Senhor nos mandou, ele se faz presente entre nós, ressuscitado, com toda a sua divina energia, com seu Espírito Santo, como prometeu. Ao partir do pão, nossa fé vê mais longe, para além dos meros símbolos humanos, para além das aparências: é o Senhor! Depois disso, o Ressuscitado pode desaparecer, porque sua presença visível já cumpriu sua missão: despertou a fé na sua ressurreição.

Para que nossa fé jamais esmoreça precisamos partir o pão com frequência, diariamente até, em nossa caminhada rumo a Emaús. Sempre seremos um tanto insensatos e lentos de coração para crer em tudo o que os profetas nos anunciaram (Lc 24,25). Sempre de novo teremos dificuldades em entender que, a exemplo de Cristo, também nós, discípulos seus, precisamos passar por semelhantes sofrimentos para entrar na glória.

Partir o pão, celebrar a eucaristia, além de ser um privilégio do qual jamais devemos abrir mão, constitui uma necessidade permanente, uma vez que nosso caminho para Emaús continua cheio de insídias, dúvidas, transtornos, desânimos e momentos de fraqueza. Nossa fé pode fraquejar, nossa esperança esmorecer, nossa caridade arrefecer.

Precisamos permanentemente celebrar a eucaristia para que nunca duvidemos da presença ressuscitada de Jesus e de sua atuação entre nós. Precisamos celebrar a eucaristia para ter a coragem de retornar a Jerusalém, voltar à missão, e anunciar que ele está vivo. A memória que se celebra na missa não é só a da ceia, mas a de toda a vida de Jesus e do significado de sua missão salvadora. Celebramos o seu projeto de vida plena. Fazer memória é também sentir-se parte de uma história. Quem perde a memória perde a identidade.

A eucaristia é, ao mesmo tempo, ponto de chegada da fé no Ressuscitado, celebração de sua presença salvífica, e ponto de partida para nova missão. A “sístole” e a “diástole” do coração redentor de Cristo, do coração redimido do cristão. Juntamente com o pão e o vinho, trazemos para a eucaristia a vida dos homens e das mulheres de todo o mundo, de todos os tempos, o próprio mundo em processo de redenção, para serem transformados e plenificados na oferta de Jesus. O “corpo dado” e o “sangue derramado” do Senhor vão levando à consumação a “Nova e Eterna Aliança” em cada um de nós e no mundo, até que Cristo seja tudo em todos (1Cor 15,28).

EU VOS ADORO

Eu vos adoro, ó Divindade escondida,
Que debaixo desses símbolos, viveis em segredo,
Meu coração todo se vos sujeita,
E contemplando-vos, todo desfalece.

Vista, gosto, tato, aqui muito se enganam;
Mas a fé, pelo que ouvi, me dá plena certeza.
Creio no que disse o Filho de Deus,
Nada mais verdade que a palavra da Verdade!

Na cruz estava só oculta a Divindade,
Mas aqui também o está a Humanidade,
Uma e outra coisa creio e confesso,
Pedindo o que pedia o ladrão penitente.

Como Tomé, não quero ver as chagas;
Confesso-vos, porém, como meu Deus!
Fazei que mais e mais eu em vós creia,
Que em vós espere, e que vos ame.

Memorial da morte do Senhor,
Pão vivo, que ao homem dais a vida,
Concedei à minha alma que em vós viva,
E sempre saboreie as vossas doçuras.

Bondoso Pelicano, Senhor Jesus,
Purificai-me da impureza com esse sangue
De que uma gota só pode salvar
Todo o universo de seus crimes.

Jesus, a quem contemplo agora sob véus,
Fazei-me o que desejo com ardor:
Que vos vá ver a rosto descoberto,
No gozo feliz da vossa eterna glória. Assim seja!

Tomás de Aquino

Livro: Padre Valter Maurício Goedert – Ele está no meio de nós – Meditações Pascais.

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