Meditações Pascais – 23 de abril

Ele está no meio de nós

Padre Valter Maurício Goedert

DISSO SOMOS TESTEMUNHAS (At 3,15)

O evangelho de João confirma incansavelmente que Jesus é o enviado do Pai para dar testemunho do Pai. “Não venho por mim mesmo, mas foi ele que me enviou” (Jo 8,42). Jesus tem um testemunho maior que o de João, pois o Pai, que o enviou, dá testemunho dele (Jo 5,36-37). O Paráclito, o Espírito da verdade, dará igualmente testemunho de Jesus, através da pregação e da vida dos seus discípulos (Jo 15,26-27).

Em seu livro “Teologia da Revelação”, René Larourelle põe em evidência a situação única e privilegiada de Jesus como revelador do Pai: ele é, ao mesmo tempo, o Deus que fala e o Deus do qual se fala; a testemunha e o objeto do testemunho. O Deus verdadeiro que ele ensina é o Deus por ele anunciado e nele reconhecido. Jesus é a verdade que liberta da mentira, o amor que livra da solidão do egoísmo, o caminho que revela a vida e o caminho da vida. De agora em diante, todo conhecimento do verdadeiro Deus e toda salvação nos chega mediante Cristo. Sinal indicativo que é verdadeiramente o que pretende ser: Deus entre os homens. E seu testemunho é verídico. Por sua atitude de Filho faz sempre a vontade do Pai e se torna modelo de toda atitude filial (cf. Teologia da Revelação, ed. Paulinas, 1972, pp. 483-485).

Os discípulos, em continuidade ao ensinamento de Jesus, dão testemunho de que o Pai o ressuscitou dos mortos, e de que constituiu seu Filho como Salvador do mundo. João faz questão de acentuar que se trata não de uma idéia, mas de uma experiência de vida: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e o que nossas mãos apalparam do Verbo da vida – porque a vida se manifestou – nós o vimos e lhe damos testemunho e vos anunciamos esta vida eterna” (1Jo 1,1-2).

Jesus envia seus discípulos como testemunhas de tudo o que eles viram e ouviram. Os discípulos não se constituíram a si mesmos como testemunhas; foram enviados como tais. O chamado a ser testemunha é uma verdadeira vocação! Dirigindo-se aos religiosos, Hipólito Martinez tira conclusões dessa missão, afirmações que podem ser feitas, guardadas as devidas proporções, de todos os cristãos: “Quem não for capaz de um testemunho autêntico e expressivo, quem trouxer apenas uma mensagem monótona e ineficaz, deixe a vida religiosa, e volte para trás… O religioso foi criado pela mente de Cristo para ser o seu melhor e mais acessível evangelho ambulante: o evangelho dos humildes e dos ignorantes, daqueles que não sabem, ou não querem ler” (cf. Testemunhos e Sinais, EP 1970, pp. 26 e 41).

O cristianismo é fundamentalmente uma profissão de fé em Jesus ressuscitado e em sua mensagem. A Confirmação constitui o sinal sacramental desse testemunho. Os mártires da Igreja primitiva e os de hoje confirmam que aceitar Jesus é dispor-se a dar a vida por ele. A celebração da Páscoa deve reacender esse compromisso em cada um de nós, em todos os momentos da vida, em todas as situações do mundo em que vivemos. O mandato de Jesus continua: “Vós sois testemunhas disso” (Lc 24,48)!

DOXOLOGIA PASCAL

Ó Páscoa,
grande e santo mistério,
que purifica todo o universo.
Desejo falar-te
como se tivesses alma.
Ó Verbo de Deus,
Luz e Vida,
Sabedoria e Poder!
Eu te saúdo com teus múltiplos nomes:
Preclaro rebento,
aragem e imagem do Espírito!
Ó Palavra de Deus,
ser visível que tudo assumes
e tudo governas com teu poder!
Digna-te escutar minhas palavras:
elas não são o início,
mas, com certeza,
o complemento de minha oferta.

Gregório de Nissa

Livro: Padre Valter Maurício Goedert – Ele está no meio de nós – Meditações Pascais.

About Author

Paróquia Imaculado Coração de Maria

[email protected] Avenida Getúlio Vargas, 1193 - Rebouças - Curitiba/PR (41) 3224.9574 - Secretaria Paroquial