Meditações Pascais – 22 de abril

Ele está no meio de nós

Padre Valter Maurício Goedert

Quarta-feira | 22 de abril de 2020

PREFERIR AS TREVAS À LUZ (Jo 3,19)

Jahweh é o Criador. Seu mandamento, princípio da verdadeira visão. A luz do semblante de Jahweh transmite benevolência, esperança, libertação e salvação. No Novo Testamento a luz é reflexo da divindade, que brilha quer na libertação de Pedro (At 12,7), quer na conversão de Paulo (At 9,3). O anjo de Deus é o anjo da luz. Deus mesmo habita em luz inacessível (1Tm 6,16). Deus é luz, que se personaliza em Jesus, luz do mundo, que se fez carne e habitou entre nós, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas obras eram más.

Todos os que seguem Jesus são chamados filhos de Deus, filhos da luz e se identificam com o próprio Cristo. Mediante sua participação na vida de Deus, o cristão, por meio de Jesus, se transforma, ele próprio, em fonte de luz: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,14).

As trevas, por sua vez, fazem parte do caos. Deus aí não está presente, mas faz nascer a luz. Estão relacionadas a catástrofes como as pragas do Egito. Para os maus, a vinda de Jahweh, no julgamento final, será escuridão (Am 5,18ss). Trevas são ainda sinônimo de derrota, prisão, opressão e sepultura.

Jesus vem como luz para as nações; aqueles que o seguem não andam nas trevas, mas têm a vida (Jo 8,12). Deus é luz, afirma João; nele não há trevas (lJo 1,5). Os pecadores, por sua vez, irão participar da luz. Maldade e trevas andam juntas.

Paulo convida os cristãos, que outrora eram trevas, a se tornarem luz no Senhor (Ef 5,8). Por isso, não devem participar das obras más, mas andar como filhos da luz, na justiça e na verdade, procurando discernir o que é agradável ao Senhor.

Caminhar nas trevas é, ainda, entregar-se ao individualismo, fugindo às responsabilidades comunitárias, isolando-se das pessoas, à procura de soluções simplistas e cheios de egoísmo, sem se preocupar com a construção de um mundo mais solidário. Pernanece nas trevas quem se entrega ao consumismo, esquecendo-se dos irmãos, prisioneiros da miséria e das próprias desgraças. Elas dominam, quando se manipula o poder e as influências, visando a aprofundar as diferenças de classes, raças e culturas. Lá onde a concentração das riquezas impede as nações menos desenvolvidas de crescer com dignidade e de participar com igualdade de condições das riquezas produzidas e dos bens de consumo, aí elas continuam a reinar.

Pelo contrário, a luz cria fraternidade, respeito aos direitos das pessoas e dos povos, convida à partilha dos bens, da ciência, da técnica, do desenvolvimento político, cultural e econômico, ao empenho por desenvolver ações concretas e eficazes a serviço da convivência pacífica e harmoniosa dos povos. Transforma o exercício do poder em atitudes de serviço. Torna as pessoas e as comunidades co-responsáveis pela integração das nações. A luz abre caminho para a fraternidade universal, para a civilização do amor.

Celebrar a Páscoa é decidir-se pela vida, pela luz, pela renovação das estruturas de pecado, que cobrem de trevas a humanidade. Significa abandonar a falsidade do “homem velho”, purificar-se do “velho fermento”, tornar-se filho da luz. Páscoa é novo dia, nova criação, nova oportunidade de abraçar a vida, deixando para trás o sepulcro fechado, frio e escuro. Celebrar a Páscoa é compartilhar com Cristo, por Cristo e em Cristo a vitória sobre o pecado, inaugurando já aqui na terra o dia eterno, onde Deus é tudo em todos.

CRISTO LUZ!

Escuta-nos, Senhor nosso Deus,
luz inextinguível,
luz da única luz!
Luz que iluminas tudo o que criaste.
Luz dos anjos e dos arcanjos,
de todos os bens espirituais,
de todos os santos.
Sejamos archotes de tua presença,
junto de ti,
iluminados por ti.
Brilhem pela verdade
e andem na caridade.
Brilhem, não se obscureçam,
ardam, não se consumam.
Tu que és a luz,
bendize esta luz,
o que levamos nas mãos
tu o criaste e no-lo deste.
Por esta luz
dispersamos as trevas da noite.
Afasta as trevas do coração.
Que sejamos tua morada,
iluminada por ti, em ti.
Que brilhemos sem sombra alguma
e sempre te veneremos.
Preserva em nós a luz da fé
e da caridade.

Liturgia Hispânica

Livro: Padre Valter Maurício Goedert – Ele está no meio de nós – Meditações Pascais

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