Meditações Pascais – 21 de abril

Ele está no meio de nós

Padre Valter Maurício Goedert

Terça-feira | 21 de abril de 2020

A FAMÍLIA TRINITÁRIA

O mistério da Santíssima Trindade não é, somente, uma verdade de fé; é, sobretudo, uma experiência de amor. O conhecimento de Deus se torna fonte de vida e de salvação quando nos impele a amá-lo sobre todas as coisas. Deus será, então, a razão de ser do nosso existir.
A sequência do Ano Litúrgico proporciona um aprofundamento do mistério de Deus Trindade a partir das celebrações dos ciclos do Natal, Páscoa-Pentecostes.
A liturgia do Advento-Natal nos introduz no mistério do Pai que, quando chegou a plenitude dos tempos enviou seu Filho, nascido de uma mulher. Isaías profetizara: “Nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho” (Is 9,5). O Pai eterno, que desde toda a eternidade gerou sua Palavra, imagem de Deus invisível, primogênito de toda criatura… nele aprouve fazer habitar toda a plenitude. Com Paulo, toda a Igreja bendiz o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que testemunhou: “Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” (Hb 1,5). Por isso, nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo (1Jo 1,3).
Essa divina paternidade é confirmada por Jesus Cristo: “O Filho, por si mesmo, nada pode fazer, mas só aquilo que vê o Pai fazer; tudo o que este faz, o Filho o faz igualmente” (Jo 5,19). Jesus realiza as obras que o Pai o encarregou de executar e que dão testemunho de que foi enviado pelo Pai. Ele vem em nome do Pai, para fazer sua vontade, cumprir sua obra. O Pai, que é verdadeiro, está com seu Filho, e para ele atrairá todos os homens (Jo 6,44).
Por isso, a Igreja convida os fiéis na celebração do Natal do Senhor: “Cantai ao Senhor Deus um canto novo… dia após dia anunciai sua salvação… o céu rejubile e exulte a terra… porque vem para julgar a terra inteira e governar o mundo com justiça. A graça de Deus se manifestou, trazendo a salvação para todos os homens. O anjo poderá dizer: “Eis que vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2,10-11).
Todos os dias podemos experimentar a paternidade divina, não apenas em nosso relacionamento com Deus, mas também gerando boas obras, produzindo frutos, permanecendo ligados a Deus por meio de Jesus Cristo.
A celebração da Quaresma-Páscoa, por sua vez, nos convida ao seguimento do Filho pela conversão e pelo acolhimento do Evangelho, a fazer, como ele, a vontade do Pai. Cumprir essa vontade é sua comida, sua decisão última, e condição absolutamente necessária para entrar no Reino dos céus, e para fazer parte de sua família.
Ao realizar a vontade do Pai, Jesus experimenta momentos de alegria e de exultação, de emoção, de candura, de acolhimento, de enfrentamento, exatamente como deveria acontecer com os seus discípulos. Paulo nos anima a buscar a vontade de Deus em Cristo. João afirma que permanece eternamente quem faz a vontade de Deus (1Jo 2,17). O autor da carta aos Hebreus admoesta: “É de perseverança que tendes necessidade para cumprirdes a vontade de Deus, e alcançardes o que ele prometeu” (Hb 10,36).
A liturgia da Quaresma nos oferece oportunidade para experimentarmos o que significa filiação divina: fazer a vontade do Pai, acolher seu plano de amor nas diversas circunstâncias e lugares em busca da transformação das estruturas de pecado, visando à construção da civilização do amor.
As celebrações do tempo pascal nos introduzem no amor e na missão do Espírito Santo. Presente na história desde a criação, ele foi derramado pelo Pai e passou a habitar em nosso meio como num templo. Ezequiel anunciara: “Porei no vosso íntimo o meu Espírito” (Ez 36,27).
O Espírito que desceu sobre Jesus no Jordão também será derramado sobre os seus discípulos e a todos plenificará. Ele será o penhor dado por Jesus, a fim de que produzamos frutos de alegria, amor e paz e possamos ter acesso ao Pai. O Espírito nos assiste em nossas fraquezas e intercede por nós; ensinará todas as coisas, conduzirá à verdade plena, será nosso Consolador, fortalecerá nosso testemunho e nos levará à contemplação e à adoração de Deus (Fl 3,3).
É preciso, pois, não entristecer o Espírito de Deus, não apagar sua chama de amor e ouvi-lo com atenção, uma vez que nele se encontra a plena liberdade (2Cor 3,17). Fazer experiência do Espírito Santo é ser fonte irradiadora de amor e de comunhão. Santo Irineu insiste: “Temos necessidade deste orvalho da graça de Deus para darmos fruto e não sermos lançados ao fogo, e para que também tenhamos um Defensor, onde temos um acusador… Tendo, assim, recebido pelo Espírito Santo a imagem e a inscrição do Pai e do Filho, façamos frutificar os dons que nos foram confiados, e os restituamos, multiplicados, ao Senhor” (Liturgia das Horas, domingo de Pentecostes).
Viver a vida da Família Trinitária é verdadeiramente o valor supremo e único fim definitivo da humanidade. Bendito seja Deus-Pai, bendito Deus-Filho, bendito Deus-Espírito Santo! Ao nosso Deus Trindade toda honra e toda glória, agora e para sempre! Amém.

A VÓS, Ó DEUS!

A vós, ó Deus, nosso louvor!
Nós vos aclamamos: sois o Senhor!
A vós, Pai eterno,
o hino do universo.
Diante de vós prosternam-se os arcanjos,
os anjos e os espíritos celestiais;
eles vos dão graças,
vos adoram e cantam:
Santo, santo, santo, é o Senhor,
Deus do universo;
o céu e a terra estão cheios de vossa glória!
É a vós que os apóstolos glorificam,
a vós que os profetas proclamam,
de quem os mártires dão testemunho.
É a vós que, pelo mundo inteiro,
a Igreja anuncia e reconhece.
Deus, nós vos adoramos;
Pai infinitamente santo, Filho eterno e bem-amado,
Espírito de poder e de paz!

Livro: Padre Valter Maurício Goedert – Ele está no meio de nós – Meditações Pascais

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