Meditações Pascais – 16 de maio

Ele está no meio de nós

Padre Valter Maurício Goedert

Sábado | 16 de maio de 2020

O SERVO NÃO É MAIOR (Jo 15,21)

Nos Sinóticos e nas Cartas Paulinas, a realidade “mundo”, no sentido teológico, é o cenário do processo da salvação e, ao mesmo tempo, um dos protagonistas do drama, representando a humanidade decaída, alienada, hostil a Deus e a Jesus Cristo.

O mundo está em oposição a Deus; o espírito do mundo é contrário ao de Deus. A força e a nobreza deste mundo são loucura e fraqueza perante Deus (1Cor 1,20-28). O fundamento dessa oposição encontra-se no pecado; nele imerso, o mundo torna-se inimigo de Deus, embora Deus não seja inimigo do mundo. Pelo contrário: em Cristo, Deus reconcilia o mundo consigo. Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores. Enquanto o mundo não for redimido, os cristãos não podem identificar-se com ele.

No quarto evangelho, João torna ainda mais evidente essa oposição: Jesus vem ao mundo, está no mundo, mas o mundo não o reconhece (Jo 1,9-10). É a luz do mundo, embora não pertença ao mundo (Jo 8,23). Contudo, Deus ama o mundo e quer salvá-lo. Jesus é o Cordeiro que tira o pecado do mundo (Jo 1,29); torna-se vítima de expiação pelos pecados. Dá a vida pelo mundo (Jo 6,33).

Nesse contexto se situam as recomendações de Jesus aos discípulos: o mundo odeia os seguidores de Cristo, porque eles não são do mundo. O ódio do mundo em relação a Jesus se estende aos seus discípulos, pois o servo não é maior do que o seu senhor (Jo 15,21). O lamento e a tristeza dos que seguem Cristo serão motivo de alegria para o mundo; aí ocorrerão tentações e tribulações. Jesus, porém, vencerá o mal (Jo 16,33). Por eles Jesus ora ao Pai, uma vez que permanecem no mundo e precisam ser preservados do maligno, até que se cumpra a missão que lhes foi confiada (Jo 17,11-18).

O servo não é maior que o seu Senhor! Do Servo de Jahweh Isaías afirmou: Ele não quebrará a cana rachada, não apagará a chama bruxuleante (42,3); é a luz das nações (49,6); oferece o dorso aos que o ferem (50,6); carrega sobre si mesmo as enfermidades e as dores (53,4); maltratado, não abre a boca (53,7). Por meio dele, no entanto, o desígnio de Deus triunfa e o servo é restabelecido em sua honra (53,10-11).

A vitória sobre o mundo e sobre o pecado tem um preço: o sangue de Cristo. O merecimento é inteiramente dele, o vencedor da morte; nele, também nós somos vencedores, desde que tudo suportamos pelo seu nome. As tristezas do tempo presente se transformarão em alegria. Ao servo vencedor o Senhor dará do maná escondido (Ap 2,17). Será revestido de vestes brancas e seu nome jamais se apagará do livro da vida (Ap 3,5). Tornar-se-á coluna no templo de Deus (Ap 3,12) e se sentará no trono, recebendo a herança de um filho (Ap 21,7).

Como Paulo, o servo poderá elevar um hino ao amor de Deus: “Se Deus está conosco, quem estará contra nós?… É Deus quem justifica. Quem condenará?… Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada?… em tudo isso somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou” (Rm 8,31-37).

O CRISTO SENHOR

Tu que,
em todo tempo e em toda hora,
no céu e na terra,
és adorado e glorificado,
Cristo Deus;
tu que és misericordioso e benigno,
tu que amas os justos
e tens compaixão dos pecadores,
tu que chamas todos à salvação
com a promessa dos bens futuros.
Tu, ó Senhor,
acolhe as nossas orações
e dirige a nossa vida
segundo os teus mandamentos.
Santifica nossos corações,
purifica os nossos corpos,
retifica os nossos pensamentos,
e livra-nos de toda aflição,
mal e dor.
Defende-nos com os teus santos anjos,
a fim de que, guardados
e conduzidos pela sua proteção,
cheguemos à unidade da fé
e ao conhecimento de tua glória,
porque és bendito
nos séculos dos séculos.
Amém!

Basílio

Livro: Padre Valter Maurício Goedert – Ele está no meio de nós – Meditações Pascais

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