Meditações Pascais – 14 de maio

Ele está no meio de nós

Padre Valter Maurício Goedert

Quinta-feira | 14 de maio de 2020

BASTA-TE A MINHA GRAÇA (2Cor 12,9)

Ao descrever o impasse em que o mundo moderno se encontra, o Concílio Vaticano II constata que o homem está dividido em si mesmo, numa luta dramática entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas. Ainda mais: sente-se incapaz, por si mesmo, de vencer eficazmente os ataques do mal (GS 13). Em sua auto-suficiência, o homem moderno defende total autonomia e independência de Deus; considera-se o único artífice de sua própria história (GS 20).

Essa tendência, alimentada por um materialismo utilitarista do progresso, da ciência e da técnica sobre os princípios éticos, como ainda pela inversão de valores no que diz respeito à dignidade e aos direitos humanos, dá a impressão enganosa de que bastam os esforços meramente humanos, a firmeza de vontade, o pensamento positivo e o ideal da prosperidade para resolver todos os problemas da humanidade, sem que haja necessidade de Deus.

A realidade, no entanto, mostra a debilidade dessas teorias. O mundo se encontra dividido, em guerras sem fim, incapaz de fazer respeitar os direitos fundamentais das pessoas e dos povos, dominado pelo ódio fratricida, escravizado a um capitalismo e a um consumismo destruidores. O “deus-homem” se mostra absolutamente impotente em relação aos seus próprios problemas.

Ao afirmar: “Sem mim nada podeis fazer”, Jesus não deseja subestimar ou diminuir a necessidade da colaboração humana; diz, apenas, que a salvação é gratuidade. Nada podemos sem ele; com ele podemos tudo. Embora o nosso “tudo” seja infinitamente pequeno ante o “tudo” de Deus, é o que podemos oferecer! Como o óbolo da viúva, insignificante aos olhos de todos, menos aos olhos de Jesus, superou imensamente as grandes quantias de dinheiro depositadas pelos ricos (Mc 12,42), assim também a boa vontade e a colaboração são importantes para que o Senhor realize em nós o seu “tudo”: a salvação!

Ao dizer a Paulo “basta-te a minha graça”, o Senhor não o dispensou das preocupações, fadigas e perseguições em favor do anúncio do Evangelho (2Cor 11,22-33).

Celebrar a Páscoa é reafirmar a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte. É testemunhar que o amor tudo pode, porque Deus é amor, e quem permanece no amor, permanece nele. Através do seu Espírito, o Ressuscitado fará coisas ainda maiores, que ele próprio fez, enquanto viveu aqui na terra. Podemos, então, cantar com os redimidos do Apocalipse:

SENHOR, SALVA-NOS!

Ó unigênito Filho e Verbo de Deus,
que embora sendo imortal,
aceitaste para a nossa salvação
encarnar-te no seio da Santa Mãe de Deus
e sempre virgem Maria:
tu, que sem mudança, te fizeste homem
e foste crucificado, ó Cristo Deus,
com a tua morte pisando sobre a morte;
tu, que és um da Trindade santa,
glorificado com o Pai e com o Espírito Santo,
salva-nos!

Liturgia de João Crisóstomo

Livro: Padre Valter Maurício Goedert – Ele está no meio de nós – Meditações Pascais

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