Meditações Pascais – 13 de maio

Ele está no meio de nós

Padre Valter Maurício Goedert

Quarta-feira | 13 de maio de 2020

SEM MIM, NADA PODEIS FAZER! (Jo 15,5)

O documento conciliar Gaudium et Spes não hesita em afirmar que as atividades humanas e todo o esforço científico correspondem ao plano de Deus. O progresso obtido pelo talento e pela energia dos homens constitui sinal da magnitude de Deus, e fruto do seu inefável desígnio (n. 34). Este desenvolvimento, continua o Concílio, vale mais que as riquezas materiais e pode contribuir para a promoção humana; mas, por si só, não realiza satisfatoriamente a humanidade (n. 35). Há, pois, justa autonomia das realidades terrestres, no sentido de que as coisas criadas e as sociedades gozam de leis e valores próprios. Essa autonomia, no entanto, não significa negação da referência absoluta ao Deus criador e provedor dessas mesmas realidades (n. 36).

O reconhecimento da autonomia das realidades e atividades humanas não justifica, pois, atitude de auto-suficiência. O ser humano não é onipotente, como evidenciam as diferentes situações litigiosas que atingem diariamente cada pessoa e a sociedade como um todo há uma distância entre o que desejamos realizar e aquilo que realmente conseguimos produzir. Os progressos da humanidade nem sempre são tão animadores!

Nesse contexto se insere a afirmação de Jesus: “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5)! O que causa perplexidade é “nada” podeis fazer! Parece entrar em contradição com o que acabamos de citar. O ser humano não deixa de ser criatura, embora criado à imagem e semelhança de Deus. Ele, e somente ele, é o Senhor da vida! Podemos reproduzir, aperfeiçoar, administrar os mecanismos da vida; não somos o princípio da vida. Já na origem de toda a atividade humana se encontra o poder criador de Deus. Tudo o que realizamos, nós o fazemos porque nos foi dado participar da ação criadora de Deus. Sem ele, nada podemos.

Mergulhada no pecado, a sociedade humana precisa, ainda mais, do auxílio divino. A graça não constitui mera energia; é o próprio Deus. Deus não concede favores como realidade independente dele. Juan Luis Segundo afirma: “Se Deus nos dá seu presente, e este presente não é nada menos do que a sua própria vida, ele é, em sua própria ação, o imprevisível, o juvenil, o excessivo, o cheio de graça” (Graça e Condição humana. São Paulo : Loyola, 1977, p. 12).

Deus, porém, não costuma agir sozinho: somos chamados a participar do desenvolvimento de sua obra. O fundamento de nossa ação é sempre Cristo. Sobre ele, pedra angular, toda a história da humanidade se edifica. Nessa construção somos cooperadores de Deus para escolher o material: ouro, prata, madeira, pedras preciosas, feno, ou palha (1Cor 3,9-15).

O primado da graça em nada exclui, portanto, nossa colaboração; ao contrário: a exige. Sem Ele nada podemos. Como em Maria, também em nós o Senhor faz maravilhas, porque seu braço é poderoso! Tudo podemos naquele que é nossa força! Transformamo-nos em co-criadores com Deus! Com ele, por ele e nele levamos ao complemento sua obra.

Como o salmista, contemplamos o poder de Deus: “Quando vejo o céu, obra de teus dedos, a lua e as estrelas que fixaste, que é um mortal, para dele te lembrares… Tu o fizeste pouco menos do que um deus, coroando-o de glória e beleza para que domine as obras de tuas mãos; sob seus pés tudo colocaste” (Sl 8,4-7).

ORAÇÃO DA PÁSCOA

Senhor Jesus Cristo,
Filho de Deus,
que consagraste tua ressurreição
como o dia da nova criação,
pela vitória sobre a morte,
concede que também nós
ressurjamos do sepulcro dos vícios
e cheguemos a ti,
luz verdadeira,
princípio da nossa ressurreição.
Como em ti
a morte não tem mais poder,
pela força de tua ressurreição,
possamos celebrar com alegria,
te pedimos,
a libertação dos pecados.

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