Meditações Pascais – 08 de maio

Ele está no meio de nós

Padre Valter Maurício Goedert

Sexta-feira | 08 de maio de 2020

O SEGUIMENTO DE JESUS (Mt 9,9)

A vocação de Mateus, o cobrador de impostos, ilumina, de certo modo, a trajetória de toda vocação cristã. Tudo começa com o desafio de encontrar Jesus, deixar-se olhar e amar por ele, acolher sua mensagem, atender seu chamado, abandonar a rotina e o comodismo das conquistas do passado, tornar-se seu discípulo e viver com ele e por ele.

É preciso vencer a mediocridade de quem tudo cobra de todos para tudo oferecer sem nada esperar em troca. Ir além do mero cumprimento do dever, a fim de descobrir a felicidade de se entregar sem medidas pela causa do Reino. Dispor-se a deixar as seguranças meramente humanas para lançar-se na aventura da fé. Abandonar as águas rasas e tranqüilas da enseada para enfrentar ondas gigantescas em águas mais profundas.

Seguir Jesus não significa apenas assimilar conceitos, itens de sua mensagem, ou, até mesmo, escrevê-los, como Mateus; mais do que anunciar o que Jesus falou é preciso viver como ele viveu. Como João, proclamar o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e o que nossas mãos apalparam, o Verbo da vida (1Jo 1,1-4). Ele deverá estar no centro de nosso testemunho.

Acompanhar Jesus é deixar para trás nosso passado, não para esquecê-lo simplesmente, mas para retomá-lo em maior plenitude. Isso reclama de nós a decisão de partir não em busca da solidão do individualismo religioso, mas em vista de novo relacionamento com os irmãos, a partir de nova e definitiva convivência com Deus. Inclui a prática da solidariedade, particularmente para com os mais necessitados.

Aceitar o convite de Jesus implica passar noites em oração com ele, aprender com o Mestre atitudes fundamentais do agir cristão, quer na intimidade do Tabor, quer no dia-a-dia da planície, ou ainda nos confrontos em Jerusalém para intuir, com a força do Espírito, a razão última de se fazer a vontade do Pai.

Ir atrás de Jesus é estar disposto a dar a própria vida, derramar o sangue, se esse for o preço da entrega. Sempre, no entanto, em qualquer circunstância, oferecer a vida para que outros a tenham em abundância.

Decidir-se por Jesus é optar por fazer parte dos alicerces de sua Igreja, quais pedras vivas constituídas em um edifício espiritual, não para enfeitar o frontispício do templo do Senhor, mas para servir de apoio no serviço humilde de um alicerce, permitindo que subam os que desejam construir suas vidas sobre a rocha, que é Jesus Cristo.

O seguimento de Jesus inclui, finalmente, a participação nas núpcias do Cordeiro, a fim de se inserir definitivamente nos doze alicerces da muralha da Jerusalém Celeste e para sempre deixar-se iluminar pela glória de Deus e por sua lâmpada, o Cordeiro (Ap 21,23).

Por tudo isso, a vocação é festa, alegria, convite para o banquete das núpcias. É preciso participar. Vale a pena convidar os amigos e todos os que anseiam por vida plena, a fim de aprender do Mestre, que deseja a misericórdia e não o sacrifício, o que significa: “Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores” (Mt 9,13).

ORAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO

Ó Espírito Santo,
dai-me um coração grande,
aberto à vossa silenciosa
e forte palavra inspiradora,
fechado a todas as ambições mesquinhas,
alheio a qualquer desprezível competição humana,
compenetrado do sentido da santa Igreja!
Um coração grande,
desejoso de tornar-se semelhante
ao Coração do Senhor Jesus!
Um coração grande e forte
para amar a todos,
para servir a todos,
para sofrer por todos!
Um coração grande e forte
para superar todas as provações,
todo tédio, todo cansaço,
toda desilusão, toda ofensa!
Um coração grande e forte,
constante até o sacrifício,
quando for necessário!
Um coração cuja felicidade
é palpitar com o coração de Cristo
e cumprir humilde, fiel e virilmente
a vontade do Pai!

Papa Paulo VI

Livro: Padre Valter Maurício Goedert – Ele está no meio de nós – Meditações Pascais

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