Meditações Pascais – 30 de abril

Ele está no meio de nós

Padre Valter Maurício Goedert

Quinta-feira | 30 de abril de 2020

ESTE É O SANGUE DA ALIANÇA (Mc 14,24)

O povo “eleito” não foi escolhido para ser predileto, exclusivo. Todos foram criados e são amados por Deus e, em Jesus Cristo, predestinados à salvação (Rm 8,28-30). Sem fidelidade à Aliança, nenhum culto e nenhuma pessoa agradam a Deus. Fidelidade comprovada na prática da justiça, em defesa da vida, a favor dos pequeninos. Do contrário, seria uma blasfêmia e não um culto.

A tradição bíblica conhece principalmente três espécies de sacrifício: o holocausto, o sacrifício de comunhão, e o sacrifício de expiação. O sacrifício de Cristo, singular e irrepetível, transcende todas as categorias sacrificais antigas, e realiza a plenitude espiritual dos sacrifícios judaicos. Cristo, por ter um sacerdócio superior, “veio como sumo sacerdote dos bens vindouros. Ele atravessou uma tenda maior e mais perfeita, que não é obra de mãos humanas, isto é, que não pertence a esta criação. Ele entrou uma vez por todas no santuário, não com sangue de bodes e de novilhos, mas com o próprio sangue, obtendo uma redenção eterna” (Hb 9,11-12).

Jesus veio para fazer a vontade do Pai, que não mais queria sacrifícios e oferendas. Toda a sua vida foi oferenda. Seu alimento foi fazer a vontade do Pai (Jo 8,29).

Celebramos o que vivemos. No ofertório da missa é também nossa vida que oferecemos com Cristo, por Cristo e em Cristo. Nada podemos acrescentar objetivamente ao sacrifício único e perfeito de Cristo que já mereceu tudo, e que é superabundante para todas as necessidades de salvação e de santificação do mundo. Nosso encontro com Deus numa celebração tem muito da qualidade de outros tantos encontros que temos com ele fora da igreja.

O sacrifício sacramental de que participamos tem como objetivo o sacrifício real de nós mesmos, e o sacrifício de Cristo torna-se pouco significativo para nós, quando não assumimos nele nossa vida concreta com os sofrimentos e as fadigas de cada dia, mas também com as alegrias, com as intenções e as orações que trazemos no coração. A celebração atinge sua verdadeira finalidade quando com toda a nossa vida nos fazemos uma só oferta, um só sacrifício com a oferta e o sacrifício de Cristo.

A eucaristia é fonte de graça e de santificação. Devemos, pois, celebrá-la tão frequentemente como vão crescendo nossa fé e nossa caridade, a fim de que possamos atingir a estatura de Cristo. Como cume e fonte da vida espiritual e da evangelização, a eucaristia deve ser celebrada para exprimir a nós e ao mundo o seu próprio mistério. Sendo atualização do sacrifício de Cristo, ela deve ser celebrada para favorecer nossa participação existencial nesse sacrifício. Como proclamação da palavra do Senhor, a eucaristia será celebrada para efetivar essa proclamação frente ao mundo e à comunidade cristã.

SANTA FESTA!

A Santa Festa alegres celebremos,
vibre o louvor em nossos corações;
termine o velho e tudo seja novo:
o coração, as vozes, as ações.

Da Última Ceia a noite recordamos,
em que Jesus se deu, Cordeiro e Pão;
conforme as leis entregues aos antigos,
Ele também se entrega a seus irmãos.

Aos fracos deu seu corpo em alimento,
aos tristes deu seu sangue por bebida.
Diz: “Recebei o cálice com vinho,
dele bebei, haurindo eterna vida”.

Instituído estava o sacrifício,
que aos seus ministros Cristo confiou.
Devem tomá-lo e dá-lo a seus irmãos,
seguindo assim as ordens do Senhor.

O Pão dos Anjos fez-se o pão dos homens,
o Pão dos Céus põe término às figuras.
Oh, maravilha: a Carne do Senhor
é dada a pobres, frágeis criaturas.

A vós, ó Uma e Trina divindade,
pedimos: vinde, ó Deus, nos visitai,
e pela santa estrada conduzi-nos
à nossa meta, à luz onde habitais! Amém.

Tomás de Aquino

Livro: Padre Valter Maurício Goedert – Ele está no meio de nós – Meditações Pascais

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