Meditações Pascais – 28 de abril

Meditações Pascais – 28 de abril

Ele está no meio de nós

Padre Valter Maurício Goedert

Terça-feira | 28 de abril de 2020

EU SOU O PÃO DA VIDA! (Jo 6,48)

A eucaristia tem como base uma ação humana: a refeição. É preciso, pois, refletir sobre o significado da refeição no contexto antropológico.

O alimento faz parte de uma necessidade vital de cada um de nós. Além de saciar a fome, a refeição constitui a humanização da necessidade de comer. A refeição não é apenas algo útil, mas algo agradável; indica amizade, convivência, comunhão, festa, encontro, alegria. Por isso é normalmente feita em comum. A refeição, portanto, possui também um valor simbólico.

No Antigo Testamento, todo esse simbolismo humano da refeição se enriquece de novos valores pelo fato de os grandes acontecimentos da história da salvação serem celebrados com grandes banquetes. O Cristo, por sua vez, dá um sentido e um conteúdo novos ao simbolismo do banquete humano e religioso. Durante sua vida pública, como também após sua ressurreição, Jesus tomou refeições que tinham como finalidade não apenas saciar a fome, mas sobretudo celebrar a alegria da salvação.

A eucaristia constitui a celebração da alegria redentora de Jesus ressuscitado; é descobri-lo sempre de novo presente entre nós nos alimentando em nossa caminhada terrena: “Eu sou o pão da vida. Vossos pais no deserto comeram o maná e morreram. Este pão é o que desce do céu para que não pereça quem dele comer. Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente” (Jo 6,48-51).

A dimensão convivial é, sem dúvida, o aspecto mais determinante do memorial eucarístico; expressa o efeito primordial e mais fundamental da ação salvífica divina, que é a convocação em Cristo dos homens novos para a única grande família de que Deus é Pai, em que Cristo é o primogênito de muitos irmãos.

A Igreja, portanto, pode cantar: “Ó sagrado banquete, em que de Cristo nos alimentamos. Celebra-se a memória da sua paixão, o espírito é repleto de graça, e nos é dado o penhor da glória futura”.

VAMOS TODOS LOUVAR JUNTOS!

Vamos todos louvar juntos
o mistério do amor,
pois o preço deste mundo
foi o sangue redentor,
recebido de Maria,
que nos deu o Salvador.

Veio ao mundo por Maria,
foi por nós que ele nasceu.
Ensinou sua doutrina,
com os homens conviveu.
No final de sua vida,
um presente ele nos deu.

Observando a Lei mosaica,
se reuniu com os irmãos.
Era noite. Despedida.
Numa ceia: refeição.
Deu-se aos doze em alimento,
pela sua própria mão.

A Palavra do Deus vivo
transformou o vinho e o pão
no seu sangue e no seu corpo
para a nossa salvação.
O milagre nós não vemos,
basta a fé no coração.

Tomás de Aquino

Livro: Padre Valter Maurício Goedert – Ele está no meio de nós – Meditações Pascais