Meditações Pascais – 02 de maio
- By: Paróquia Imaculado Coração de Maria
- Posted on: 02/05/2020
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Ele está no meio de nós
Padre Valter Maurício Goedert
Sábado | 02 de maio de 2020
LAVAR OS PÉS UNS AOS OUTROS (Jo 13,14)
O Novo Testamento não desenvolve sistematicamente a dimensão social da eucaristia, mas oferece dados importantes de uma “concentração simbólica” da mensagem e da vida de Jesus em relação ao compromisso fraterno da eucaristia. A unidade do sacrifício e da vida traz consigo também a unidade das pessoas em Cristo. Não podemos incorporar-nos nele pela eucaristia, sem nos incorporarmos também entre nós.
O lava-pés deixa claro que a última Ceia e, por conseguinte, a eucaristia, são memoriais de uma diaconia que deverá se transformar em serviço fraterno. Vivemos numa comunidade onde partimos o pão e lavamos os pés uns dos outros. Somos todos, ao mesmo tempo, servidores e necessitados do serviço dos irmãos. Ninguém está tão acima que não precise dos outros; ninguém se encontra tão depauperado que nada possa oferecer. A eucaristia constitui o ponto de encontro e a fonte alimentadora desses serviços mútuos.
Ela está intimamente ligada às necessidades e aos problemas da comunidade. Não se pode celebrá-la, comer o pão do Senhor dignamente, quando se comeu injustamente o ágape, isto é, quando não se partilhou solidariamente a vida. A comunhão no Corpo e no Sangue do Senhor exige a comunhão com os irmãos. O conflito de Corinto não foi tanto de caráter teológico, senão social, uma vez que a ceia do Senhor se tinha transformado em lugar de desunião e contendas, e não de comunhão fraterna (1Cor 11,17-22).
A fração do pão engloba, simultaneamente, comunhão dos bens espirituais e materiais; acolhimento de Cristo e dos irmãos. Inácio de Antioquia afirma que os que não celebram com autenticidade de vida o ágape eucarístico não sentem a exigência de atender aos pobres e aos necessitados (Ep. Esmirnienses, 2-7,1).
João Crisóstomo é ainda mais veemente: “Nenhum pobre esteja triste por causa de sua pobreza, porque esta festa é espiritual; nenhum rico se glorie de sua riqueza, pois em nada pode contribuir com seu dinheiro para a alegria desta solenidade. Nas festas profanas, onde tudo é abundância de vinho, mesas fartas, guloseimas, risos e toda classe de luxo satânico, com razão se vê o pobre de cabeça baixa e o rico sobranceiro… Mas aqui nada disso acontece: a mesa é do rico e do pobre… Tais são os dons do Senhor: não se reparte e não se comunica segundo as dignidades e as honras, mas segundo o fervor do espírito… Na Igreja não existe diferença entre o escravo e o livre; só é escravo, segundo a Escritura, quem está sujeito ao pecado; quem é livre o é porque foi libertado pela graça divina” (De Res. Christi, hom 2,3).
João Crisóstomo afirma, ainda, que nossa oferenda pode estar viciada em sua origem, se não provier de um trabalho justo e digno: “Deus não necessita de cálices de ouro, mas de almas de ouro… De que valem os mantos bordados de ouro postos sobre a mesa (o altar), se o Cristo, no pobre, não tem com que se vestir. Tu te preocupas em enriquecer o pavimento e as paredes, enquanto o Cristo, nos pobres, está preso e acorrentado, e tu sequer o olhas…” (in Mth. hom 50,3-4). A verdadeira oferta está na prática da caridade e da justiça: “Tu que honras o altar sobre o qual está o Corpo de Cristo, ultrajas e desprezas, depois, em sua pobreza, aquele que também é corpo de Cristo. Este altar (Cristo no irmão) tu podes encontrar em todas as partes, em todas as ruas, em todas as praças, e sobre ele oferecer, a todo momento, um verdadeiro sacrifício…” (Ep 1Cor, hom 11,19p).
ORAÇÃO DA GENEROSIDADE
Senhor,
ensina-me a ser generoso,
a dar sem calcular,
a trabalhar
sem importar-me com a recompensa,
a entregar-me aos outros
sem esperar o seu “muito obrigado”,
a servir sempre os meus irmãos,
a fazer a caridade do sorriso,
quando não tiver outra coisa a dar,
a doar-me em tudo e cada vez mais
àquele que de mim precisar,
a só esperar em ti
a minha recompensa,
e, mesmo que esta não existisse,
a fazer tudo isso
simplesmente porque essa é a tua vontade.
Amém!
Livro: Padre Valter Maurício Goedert – Ele está no meio de nós – Meditações Pascais
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