Televisão: prazer ou enganação?

É inegável que a maioria das pessoas possuem televisão em casa. A aquisição de tal bem está ligado ao entretenimento, lazer, informação, conhecimento. No entanto, a TV aberta se tornou objeto de manipulação e desserviço a população e seu potencial enganador vem adquirindo espaço cada vez mais.

Em qualquer canal, a grade de programação prioriza mais futilidades do que qualidade de vida, mais alienação do que valores essenciais à formação da consciência. São programas muito bem produzidos, com investimentos altíssimos, pessoas bonitas, cenários sedutores, tudo isso, para prender o telespectador e determinar-lhe a maneira de ser na sociedade.

Agregado a outros meios de comunicação, a TV através de seus conteúdos molda o caráter e reforça no indivíduo o sensacionalismo, o bem-estar passageiro e a mudança de comportamento. Tem destruído famílias, incentivado a prática de atitudes contrárias à essência da dignidade humana e incutido nas pessoas o que elas não são e nunca serão. Em troca de dinheiro e poder, a TV vende seu produto, sua ideologia e insere o homem na comunidade do vazio e das falsas aspirações.

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Infelizmente, são poucos os programas que contribuem para a consciência crítica, o reforço da cidadania e o compromisso social. A TV investe poderosamente no descartável, pois, o vulgar garante sua existência e forma consumidores compulsivos. A degradação está presente na música, nas novelas, nos reality shows, nas campanhas político partidárias, noticiários, no humor apelativo, etc. Isso gera nos consumidores uma cultura de intolerância, relativismo, individualismo, desigualdade e violência nas mais variadas formas. Buscar algo que de fato traga gosto e ajude na promoção dos valores cristãos e civis, tem sido como “encontrar uma agulha num palheiro”.

E o que fazer para mudar esta realidade? É preciso fazer escolhas e decidir-se por conteúdos que enriqueçam a personalidade e sejam duradouros. É necessário educar o cidadão não para “assistir TV” mas, para promover diante de qualquer programação um debate orientado pelo que de fato constrói uma sociedade melhor. Se não começarmos a filtrar tudo que entra em nossa casa por meio da TV e outros meios, seremos eternamente escravos de um vício que impede os neurônios de pensar e agir responsavelmente.

Não se pode compactuar e aplaudir o ridículo. Em instantes, uma vida aparentemente bem edificada pode ser destruída e o que parecia ser uma verdade, torna-se sofrimento. A mentira só tem força quando a fraqueza de espírito está enraizada.

Padre Nilton Cesar Boni, cmf
Missionário Claretiano

About Author

Padre Niton Cesar Boni

Missionário Filho do Imaculado Coração de Maria - Claretiano. Bacharel em Filosofia pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais/SP e Teologia pelo Studium Theologicum de Curitiba/PR. Pós-graduado em Espiritualidade pela FAVI. É vigário paroquial da Paróquia do Imaculado Coração de Maria e formador dos estudantes de teologia. | Contato: [email protected]

One Comment

  • Cora Chaves

    O senhor mostra muito bem que a escolha é nossa e assim o “poder” passa para nossas mãos. Ótimo texto, esclarecedor.

    • 17:19 - 06/02/2018

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